A religião é um fenômeno universal entre a humanidade. Sendo assim, ela é importante para cada sociedade e se apresenta de formas diversas. Além de organizar a vida social, as religiões oferecem uma forma de pensar o mundo e de transmitir esses conhecimentos para outras gerações.
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Desse modo, a religião, assim como a própria cultura, é diversa e ocorre dentro da lógica de seu contexto social e histórico. Atualmente, torna-se cada vez mais importante entender a pluralidade religiosa. Saiba mais sobre o assunto abaixo.
O que é religião
É comum considerarmos a religião como sinônimo de coisas sobrenaturais, divinas, mágicas, irracionais ou transcendentais. No entanto, é necessário ser mais específico para tentar definir o que é religião.
A religião é um fenômeno social. Para Durkheim, todas as religiões são compostas de um sistema de crenças que separa as coisas que são sagradas daquelas que são profanas. A partir dessas crenças, são organizados também rituais que são transmitidos às outras pessoas.
Portanto, sociologicamente, religião não é necessariamente ligada ao sobrenatural ou o irracional. Ao contrário, as religiões são racionais, organizam a vida humana e exercem uma moralidade. Nessa perspectiva, ela é um fenômeno que é necessariamente coletivo e integrado a toda a sociedade.
Como surgiu a religião
Em essência, como qualquer outra instituição social, não é possível determinar quando surgiu a religião. Sendo um fenômeno social, não se sabe exatamente quando a humanidade passou a dividir o seu mundo entre o profano e o sagrado, desenvolveu rituais e transmitiu seus conhecimentos para outras gerações.
Entretanto, o que se sabe é que a religiosidade está presente em todas as sociedades humanas e é parte do desenvolvimento de suas culturas. Dessa forma, não existem religiões falsas; todas são verdadeiras a seu modo, organizando a vida social.
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Apesar de não ser possível determinar a origem da religião como fenômeno, algumas religiões mais recentes podem ser melhor datadas. Por exemplo, sabe-se que a umbanda surgiu no Brasil a partir do hibridismo entre o catolicismo e do candomblé, de matriz africana.
As 10 principais religiões no mundo
Algumas religiões cresceram bastante no contexto global. Assim, a seguir, será apresentada uma lista com as religiões com o maior número de adeptos no mundo, em ordem decrescente. Os números são aproximados. É importante salientar que elas são as “principais” no sentido da quantidade de “seguidores”, mas não são mais importantes ou melhores que as demais.
- Cristianismo: se baseia nos ensinamentos de Jesus de Nazaré como o messias enviado ao mundo por Deus. Ele era um judeu nascido na Palestina, sob o governo romano.
- Islamismo: seu fundamento é a palavra do Profeta Muhammad, de Mecca, Arábia Saudita. Seu Deus é o mesmo do judaísmo e do cristianismo, e o objetivo é obter a entrada ao Paraíso após a morte.
- Hinduísmo: é desenvolvida há mais de 1.500 anos a.C., na Índia. Suas doutrinas incluem a reencarnação e seus ritos abarcam, por exemplo, a meditação e o yoga.
- Budismo: também indiana, é baseada nas ideias de Siddharta Gautama (o Buda). Assim, ela prega a tentativa de encerrar o ciclo da reencarnação para obter o nirvana.
- Religião chinesa: é uma religião popular e nativa da China. Ela busca uma vida boa e uma pós-morte pacífica, trabalhando com ideias do yin e yang e a presença de deidades e seres mitológicos.
- Espiritismo: é uma religião que surgiu no século XIX, e hoje, muito popular no Brasil. Ela acredita na reencarnação dos seres humanos, como uma forma de evolução do espírito.
- Sikhismo: uma religião de origem indiana, foi fundada por Guru Nanak. O seu único Deus é Ik Onkar, com quem o indivíduo deve alinhar sua vida, e tornar-se um ‘soldado santo.’
- Taoísmo: apesar de a Religião Chinesa conter seus elementos, é mais específica e se baseia nos ensinamentos de Lao-Tzu. Ela busca a harmonia e a longevidade, usando técnicas como a acupuntura para isso.
- Judaísmo: é a religião de Abraão e dos hebreus. Seu único Deus é Yahweh (YHVH) e suas doutrinas estão na Bíblia hebraica. Há um maior foco na vida presente do que em uma possível seguinte.
- Candomblé: uma das religiões de matriz africana mais praticadas no mundo. Religião monoteísta que acredita na vida após a morte e na existência da alma.
Uma vez que a religião é um fenômeno social, é importante também pensar nas razões históricas, culturais e políticas que permitiram o crescimento dessas religiões. Além disso, devemos considerar que as práticas religiosas nunca são exatamente as mesmas em todos os lugares – cada povo pode transformá-las e reinventá-las.
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Religião no Brasil
O Brasil é um país que congrega muitas tradições culturais. Apesar disso, há ainda muitos preconceitos em relação a algumas religiões – principalmente as de matriz africana. Veja a seguir algumas das várias religiões que estão presentes no Brasil:
- Umbanda: é uma religião brasileira, formada a partir do hibridismo entre o catolicismo e o candomblé. Além disso, existem elementos de origem indígena na umbanda. Assim, ela é uma tradição que surge a partir da capacidade de transformação cultural e resistência, principalmente da população negra no Brasil.
- Cristianismo: é importante considerar que há diversas variantes do cristianismo, como o catolicismo e o protestantismo. Ambos são fenômenos bastante específicos atualmente. No Brasil, o catolicismo popular até subverte condutas cristãs europeias e os protestantes ou evangélicos têm crescido entre muitos grupos.
- Candomblé: é uma religião de matriz africana que foi reprimida pela Igreja Católica no período colonial e escravocrata no Brasil. Atualmente, o candomblé retoma a sua importância também para o movimento negro, como uma reivindicação da ancestralidade.
- Espiritismo: é uma série de doutrinas e filosofias que foi organizada e codificada por Allan Kardec. No Brasil, essa religião toma um corpo mais forte. Assim, ela também tem relações com figuras do cristianismo como a de Deus, que é um ser único. É pregada a evolução espiritual dos seres humanos.
Desse modo, é importante ressaltar que não é o isolamento das religiões que as torna diversas. Ao contrário, a relação e o contato entre elas é um contexto para diferenciação. Portanto, apesar de o cristianismo ter sido utilizado no projeto de colonização do Brasil, as pessoas são capazes de se reinventar e transformar seu modo de organizar a vida. Assim, a diversidade é necessária de ser compreendida quanto o assunto é a religião.
Referências
As formas elementares da vida religiosa: o sistema totêmico na Austrália – Émile Durkheim;
Religion Facts;
O livro das religiões – Victor Hellern; Henry Notaker; Jostein Gaarder.
Por Mateus Oka
Mestre em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Cientista social pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Realiza pesquisas na área da antropologia da ciência.
Oka, Mateus. Religião. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/sociologia/religiao. Acesso em: 21 de November de 2024.
1. [UNESP]
Leia o texto sobre a tragédia de Realengo.
É possível que a vida escolar de Wellington, o assassino de Realengo, tenha sido um suplício. Mas a simples vingança pelo bullying sofrido não basta para explicar seu ato. Eis um modelo um pouco mais plausível.
A matança, neste caso, é uma maneira de suprimir os objetos de desejo, cuja existência ameaça o ideal de pureza do jovem. Para transformar os fracassos amorosos em glória, o fanatismo religioso é o cúmplice perfeito. Você acha que seu desejo volta e insiste? Nada disso, é o demônio que continua trabalhando para sujar sua pureza.
Graças ao fanatismo, em vez de sofrer com a frustração de meus desejos, oponho-me a eles como se fossem tentações externas. As meninas me dão um certo frio na barriga? Nenhum problema, preciso apenas evitar sua sedução – quem sabe, silenciá-las.
Fanático (e sempre perigoso) é aquele que, para reprimir suas dúvidas e seus próprios desejos impuros, sai caçando os impuros e os infiéis mundo afora. Há uma lição na história de Realengo – e não é sobre prevenção psiquiátrica nem sobre segurança nas escolas. É uma lição sobre os riscos do aparente consolo que é oferecido pelo fanatismo moral ou religioso. Dito brutalmente, na carta sinistra de Wellington, eu leio isto: minha fé me autorizou a matar meninas (e a me matar) para evitar a frustrante infâmia de pensamentos e atos impuros.
(Contardo Calligaris. Folha de S.Paulo, 14.04.2011. Adaptado.)
De acordo com o autor,
a) para se evitar tragédias como a ocorrida em Realengo, é necessário investir em prevenção psiquiátrica e segurança pública.
b) o fato ocorrido em Realengo pode ser explicado pela desorientação espiritual de uma pessoa afastada da religião.
c) a ação praticada pelo atirador pode ser adequadamente explicada como possessão demoníaca.
d) o caso de Realengo ilustra o papel do fanatismo religioso no mascaramento de desejos reprimidos.
e) ideais de pureza moral são altamente positivos no processo educativo.
Resposta: d
Justificativa: para o autor do texto, o fanatismo religioso é o fator que promove e justifica, na cabeça dos fanáticos, pôr em prática determinadas violências.
2. [UNICENTRO]
Sobre as religiões brasileiras, assinale a alternativa incorreta.
a) A sociedade brasileira vivencia a presença de inúmeras manifestações religiosas, o que a caracteriza como uma sociedade que possui um sincretismo religioso
b) Existem no Brasil diversas manifestações religiosas, aquelas chamadas de orientais como o budismo e as africanas como o candomblé.
c) Embora atualmente existam um número crescente de igrejas evangélicas e outras denominações religiosas, o Brasil ainda é considerado um país de origem católica.
d) Existe no Brasil pessoa que se declaram agnósticas e ateias, ou seja, que não possuem nenhum tipo de religião e nem acreditam em Deus.
e) Manifestações religiosas como o candomblé e a umbanda sempre foram aceitas no país e seus praticantes nunca foram alvos de preconceitos e discriminação.
Resposta: e
Justificativa: as religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, não foram sempre respeitadas no Brasil. Nesse caso, há uma relação com o racismo estrutural e institucional e a própria história de colonização do Brasil.