Polissemia

Neste tópico, você aprenderá o que é polissemia e poderá ampliar os seus conhecimentos estudando vários exemplos e fazendo as atividades propostas.

O que é polissemia? Polissemia e ambiguidade são a mesma coisa? Como saber que a palavra é polissêmica? Se todas essas dúvidas são também dúvidas suas, confira o conteúdo deste tópico! Nele, você encontrará a definição de polissemia, além de exemplos e exercícios resolvidos. Acompanhe:

Publicidade

O que é polissemia

A polissemia é uma condição essencial para o estabelecimento da eficiência de uma determinada língua. Isso porque, se não fosse possível atribuir diversos sentidos a uma palavra, isso corresponderia a uma tremenda sobrecarga na memória do falante. Para cada tema concebível sobre o qual se quisesse falar, seria necessário possuir termos separados. Assim, pode-se dizer que a polissemia é um fator fundamental para a economia e a flexibilidade da língua.

Relacionadas

Metonímia
A metonímia faz parte de uma das figuras de linguagem conhecida por substituir uma palavra ou expressão por outra, ambas com o mesmo sentido.
Figuras de linguagem
Conhecer as diversas estratégias para a construção dos textos pode proporcionar uma maior expressividade na interpretação do leitor.
Aliteração
Neste tópico, você aprenderá o que é aliteração, como identificá-la e poderá conferir alguns exemplos do uso desse recurso linguístico em canções e em poemas.

Uma palavra é considerada polissêmica quando apresenta vários significados, sendo possível estabelecer uma relação entre esses vários significados. Alguns estudiosos da língua defendem que é possível discernir esses sentidos por meio da consideração do contexto.

A polissemia afeta praticamente todas as palavras da língua, pois resulta de mecanismos naturais e inconscientes de atribuição de significado, os quais facilitam a comunicação entre os falantes de uma mesma língua e reduzem o esforço de memorização do léxico. De acordo com estudiosos da língua, uma grande parte dos casos de polissemia pode ser explicada por mecanismos de metáfora e de metonímia.

Não custa lembrar que metáfora é a designação de um objeto ou qualidade mediante uma palavra que designa outro objeto ou qualidade que tem com o primeiro uma relação de semelhança (por exemplo: “ele tem uma vontade de ferro”, para designar uma vontade forte, como o ferro).

Já a metonímia é uma figura de retórica que consiste no uso de uma palavra fora do seu contexto semântico normal, por ter uma significação que tenha relação objetiva, de contiguidade, material ou conceitual com o conteúdo (ou o referente) ocasionalmente pensado (por exemplo, autor por obra: “ela adora Portinari” [ela adora a obra de Portinari]).

Publicidade

Polissemia e ambiguidade

A polissemia não pode ser confundida com a ambiguidade. Um termo polissêmico – mesmo tendo mais de um sentido – será entendido pelo conjunto dos falantes de uma língua em um determinado contexto. Assim, só haverá ambiguidade em uma situação “sem contexto” ou em uma oração construída inadequadamente, que gere um duplo sentido para um enunciado. Por exemplo: “O cachorro do João é meu amigo”.

Importa ainda lembrar que a ambiguidade, quando usada conscientemente, pode ser considerada uma figura de linguagem.

Exemplos de polissemias

A seguir, confira alguns exemplos de palavras polissêmicas comuns no uso cotidiano da língua:

Publicidade

Estrela

Na primeira sentença, estrela é a luminosa esfera de plasma celeste; na sentença 2, o contexto é figurado; na última sentença, estrela é usada em sentido metafórico.

  • Viam-se muitas estrelas, no céu, esta noite.
  • A Rita é a estrela da companhia.
  • Minha filha é a estrela que me guia pela escuridão.

Cabeça

Na primeira sentença, cabeça significa uma das divisões do corpo. Na sentença 2, a palavra está em um contexto figurado em que significa liderança. Na última sentença, constitui-se uma metonímia para centro do intelecto, inteligência.

  • Ela tem o chapéu na cabeça.
  • Ela vinha à cabeça do grupo que entrou na sala.
  • Ela é muito inteligente, é a cabeça do grupo.

Boca

Na primeira sentença, boca refere-se ao primeiro órgão do sistema digestório. Na sentença 2, tem sentido figurado, de boa oportunidade. Na última, é uma metonímia para crianças ou ainda pessoas para alimentar.

  • Não suporto ficar com a boca aberta no consultório do dentista.
  • Não podia perder aquela boca.
  • Tenho 5 bocas para alimentar em casa.

Porco

Na primeira sentença, porco tem o sentido denotativo e refere-se ao animal. Na sentença 2, tem um sentido figurado, que significa um serviço malfeito. Na última, também assume um sentido metafórico, representando alguém que está sujo.

  • Não me agrada ir ao sítio ver os porcos de minha avó.
  • Teremos de contratar outro pedreiro, depois de o último ter feito um serviço porco.
  • Como você está porco, meu filho! Vá já para o banho!

Cruz

Na primeira sentença, refere-se ao objeto de suplício da história bíblica. Na segunda, tem sentido figurado, que representa os sofrimentos. Na última, refere-se ao Cristianismo para os religiosos e, portanto, tem sentido metonímico.

  • Jesus foi pregado na cruz até morrer.
  • Os problemas de família são a minha cruz.
  • O triunfo glorioso da Cruz.

Como você viu, a polissemia representa a multiplicidade de sentidos de uma palavra. Para aprender mais, assista aos vídeos indicados a seguir!

Vídeos para compreender melhor a polissemia

Nos vídeos a seguir, os professores ensinam, de modo didático, a origem do termo polissemia e explicam esse conceito por meio de exemplos e atividades. Confira:

Polissemia: origem e exemplos

Neste vídeo, o professor Laércio explica a origem da palavra polissemia e o que é a polissemia por meio de exemplos. Acompanhe todos os detalhes!

Exemplos e atividades para entender a polissemia

Neste vídeo, o professor Dionísio explica o que é polissemia de forma muito didática, utilizando exemplos. Depois, o professor propõe que você exercite seus conhecimentos em algumas atividades. Imperdível!

Polissemia na prática: treinando com a professora Paula

Neste vídeo, a professora Paula Madeira explica o que é polissemia do modo bastante detalhado. Depois disso, ela expõe alguns exemplos para que você possa entender, de forma prática, o que são palavras polissêmicas. Por fim, ela propõe um exercício com base em uma tirinha do Quino! Demais, não é? Assista agora!

Dúvidas esclarecidas? Se você curtiu este tópico, com certeza, também gostará de aprender mais sobre metáfora. Bons estudos!

Referências

Homonímia e polissemia: contributos para a delimitação dos conceitos (2000) – Margarita Correia

Beatriz Yoshida Protazio
Por Beatriz Yoshida Protazio

O bom e velho Guimarães Rosa definiu bem: “Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita”. Doutoranda em Letras (PLE/UEM).

Como referenciar este conteúdo

Yoshida Protazio, Beatriz. Polissemia. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/portugues/polissemia. Acesso em: 22 de November de 2024.

Exercícios resolvidos

1. [UFAL]

velar³. v. (Etm. do latim: vigilare). 1. v.t.d. e v.i. Manter-se acordado; não dormir; ficar ao pé de algo ou de alguém: velava as noites em sofrimento; velava o filho morto; 2. v.t.d. e v.t.i. Proteger; oferecer proteção a: velava a reputação da filha; o prefeito vela pela cidade. 3. v.t.d. Vigiar; manter-se de vigia: os soldados velavam o quartel.

As acepções da forma verbal “velar” no verbete caracterizam o que é chamado precisamente de

a) homonímia, diferentes palavras para um só sentido.
b) polissemia, diferentes sentidos para uma mesma palavra.
c) ambiguidade, de sentido incerto.
d) antonímia, de sentido oposto.
e) paronímia, diferentes palavras com sons semelhantes.

A resposta correta é a letra b), haja vista que, no verbete, apresentam-se os vários sentidos de um mesmo vocábulo.

2. [FUVEST]

Leia o seguinte texto, que faz parte de um anúncio de um produto alimentício:

EM RESPEITO A SUA NATUREZA, SÓ TRABALHAMOS COM O MELHOR DA NATUREZA.

Selecionamos só o que a natureza tem de melhor para levar até a sua casa. Porque faz parte da natureza dos nossos consumidores querer produtos saborosos, nutritivos e, acima de tudo, confiáveis.
(www.destakjornal.com.br, 13/05/2013. Adaptado.)

Procurando dar maior expressividade ao texto, seu autor

a) serve-se do procedimento textual da sinonímia.
b) recorre à reiteração de vocábulos homônimos.
c) explora o caráter polissêmico das palavras.
d) mescla as linguagens científica e jornalística.
e) emprega vocábulos iguais na forma, mas de sentidos contrários.

A alternativa correta é a letra c). O autor explora o sentido do vocábulo “Natureza” como o “conjunto composto pelos seres vivos e seus cenários originais”, bem como a natureza como “caráter, temperamento, soma de traços principais” da personalidade da pessoa humana.

3. [FGV]

A polissemia – possibilidade de uma palavra ter mais de um sentido – está presente em todas as frases abaixo, EXCETO em:

a) Os dentes do pente mordem o couro cabeludo;
b) Os surdos da bateria não escutam o próprio barulho.
c) Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje;
d) Na vida tudo é passageiro, menos o motorista;
e) CBN: a rádio que toca a notícia.

A resposta correta é a letra c), pois é a única alternativa que não apresenta palavra polissêmica.

Compartilhe

TOPO