As figuras de pensamento servem como uma forma de nos expressarmos, quando usamos as palavras de um jeito diferente do que elas costumam significar. Elas são classificadas das seguintes formas:
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1. Antítese
Essa figura se forma por meio de termos em oposição, criando relações de contraste entre os pensamentos expressados.
- “Este é um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade.” (Neil Armstrong)
- “Sorri quando o outro perde o bem estar
E, a despeito do céu, ergue um inferno.” (William Blake)
2. Paradoxo ou oximoro
É como se fosse uma antítese reforçada, pois expressa a ideia de oposição com os termos usados lado a lado.
- “É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer.” (Camões) - “Sorri quando o outro perde o bem estar
E, a despeito do céu, ergue um inferno.” (William Blake)
3. Ironia
De acordo com a nova gramática da língua portuguesa, a ironia também é:
“Conhecida também como “antífrase”, é a alteração do sentido próprio de uma palavra ou de uma expressão para o sentido oposto, isto é, a ironia ocorre quando a palavra ou a sentença exprime normalmente o contrário daquilo que queremos dar a entender com ela. O emprego da ironia, em muitas situações, pode revelar sarcasmo, zombaria, chacota, escarnio.” (BEZERRA, 2010)
Alguns exemplos:
- Dormindo até uma hora dessas? Muito bonito!
- “Moça linda bem tratada
Três séculos de família
Burra como uma porta.” (Mario de Andrade)
4. Eufemismo
Fazemos uso do eufemismo quando queremos evitar o impacto, escolhendo palavras mais delicadas, menos agressivas ou apenas mais sutis.
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- Não tivemos muita sorte no vestibular. (em vez de “fomos mal”)
- Acho que ela faltou com a verdade naquela entrevista. (em vez de “mentiu”)
5. Hipérbole
Ocorre quando usamos termos exagerados para expressar algo.
- Já são duas horas da tarde, estou morrendo de fome!
- Faz séculos que não a vejo!
6. Gradação
Quando temos a intenção de causar um efeito estilístico de progressão ao nos expressarmos. Chamamos as ideias em progressão ascendente de clímax e as em gradação anticlímax.
- “Em cada porta um frequentado olheiro,
que a vida do vizinho e da vizinha
pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha
para levar à praça e ao terreiro”. (Gregório de Matos) - “Não já lutando, mas rendido, enfermo, prostrado, desfalecido, morrendo, morto.” (Pe. Antônio Vieira)
7. Prosopopeia, personificação ou animismo
Características muito comuns dos livros infantis, usamos para atribuir características humanas a seres inanimados, objetos ou animais.
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- “Mas aí o galo cantou muito aflito: um canto assim de gente que tá presa e quer sair.” (Lygia Bojunga)
- “O gato, então, respondeu sabiamente: – Sendo assim, qualquer caminho serve.” (Lewis Carrol)
8. Apóstrofe ou invocação
Em sintaxe, chamamos de vocativo. É quando queremos chamar, invocar algo ou alguém.
- “Pra que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração” (Carlos Drummond de Andrade)
- “Lua lua lua
por um momento
meu canto contigo compactua” (Caetano Veloso)
10. Reticência
Funciona como se fosse um suspense no meio da frase. Acontece quando suprimimos uma fala, deixando o pensamento “no ar”, para que a outra pessoa complete essa ideia.
- “Ah, eu andei me escondendo numa porção de lugares, mas… sabe? Nenhum assim como a bolsa amarela.” (Lygia Bojunga)
- “Ele virou a cabeça, olhou pra ela e… não sei não… mas o jeito que eles se olharam foi de um jeito assim…” (Lygia Bojunga)
Referências
BEZERRA, Rodrigo. Nova gramática da língua portuguesa para concursos. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense; Sao Paulo: METODO, 2010.

Por Bárbara Neves
Graduada em Letras Português - Licenciatura (UEM)
Neves, Bárbara. Figuras de pensamento. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/portugues/figuras-de-pensamento. Acesso em: 25 de April de 2025.
1. [UFPE] Assinale a alternativa em que o autor NÃO utiliza prosopopeia.
a) “A luminosidade sorria no ar: exatamente isto. Era um suspiro do mundo.” (Clarice Lispector)
b) “As palavras não nascem amarradas, elas saltam, se beijam, se dissolvem…” (Drummond)
c) “Quando essa não-palavra morde a isca, alguma coisa se escreveu.” (Clarice Lispector)
d) “A poesia vai à esquina comprar jornal”. (Ferreira Gullar)
e) “Meu nome é Severino, Não tenho outro de pia”. (João Cabral de Melo Neto)
2. [CESGRANRIO] Na frase “O fio da ideia cresceu, engrossou e partiu-se” ocorre processo de gradação. Não há gradação em:
a) O carro arrancou, ganhou velocidade e capotou.
b) O avião decolou, ganhou altura e caiu.
c) O balão inflou, começou a subir e apagou.
d) A inspiração surgiu, tomou conta de sua mente e frustrou-se.
e) João pegou de um livro, ouviu um disco e saiu.
1. [E]
Não há atribuição de características humanas na alternativa, visto que não há relação de característica alguma à “pia”.
2. [E]
Não há gradação na alternativa E, apenas a sucessão de ações.