No que se refere à escrita de um texto, é de conhecimento comum que é necessário pensar em quem vai ler, para saber se o que está sendo escrito será compreendido pelo leitor. É preciso, portanto, que alguns detalhes sejam percebidos durante a revisão, objetivando essa compreensão. São alguns padrões mentais criados pelo autor do texto que fazem a distinção entre o que é coerente do que não se pode compreender. Intuitivamente, portanto, o autor de um teto, acaba desenvolvendo o princípio básico da boa redação, que é a coerência textual, a que se refere este artigo.
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Dessa forma, por mais que o indivíduo não conheça a definição desse elemento da linguística textual, é possível evitar construções textuais difíceis de compreender, recorrendo sempre aos conhecimentos sociocognitivos. Quando falamos em coerência, estamos falando diretamente de conformidades entre fatos e ideias aplicados, conectando de forma objetiva e compreensível o sentido de cada uma delas. Podemos, portanto, associar a coerência ao processo de construção de sentidos de um texto, assim como à articulação das ideias. A coerência, entretanto, não pode ser delimitada, já que é o leitor quem se responsabiliza pela constituição dos significados do texto.
Compreender o que está escrito, portanto, não depende apenas da coerência do texto, mas da capacidade de interação entre o leitor, o autor e o texto, de forma que um único texto pode apresentar inúmeras interpretações. A coerência é, portanto, imaterial, e não encontra-se na superfície textual. Ao lermos um determinado texto, estamos construindo nossa interpretação dele com base nos conhecimentos já adquiridos anteriormente por nós. Afinal de contas, como poderemos compreender, por exemplo, um texto sobre coerência, sem saber o básico a respeito da interpretação de textos?
Existem basicamente três princípios necessários para a melhor compreensão da coerência textual. O primeiro deles, é o princípio da não contradição, que afirma, basicamente, que um determinado texto, para ser coerente, precisa apresentar uma sequência de situações ou ideias lógicas que não se contradigam. O segundo é o princípio da não tautologia, que refere-se à um vício de linguagem que deve ser evitado, da utilização de repetição de ideias com palavras diferentes ao longo do texto. Isso comprometerá a compreensão durante a transmissão da informação. E por fim, o princípio da relevância, que afirma que um texto que apresente ideias fragmentadas, se tornará incoerente, mesmo que os fragmentos, por si, apresentem coerência individual. É essencial, portanto, que o texto, como um todo, dialogue entre si, tendo suas ideias correlacionadas e conectadas.
Outro importante fator para a compreensão da coerência textual, é a necessidade da utilização correta dos conectivos. A coesão textual é essencial para que um texto seja bem estruturado, e é um mecanismo que se apresenta em dois movimentos essenciais: a retrospecção e a prospecção.
Referências
Novíssima Gramática da Língua Portuguesa – Domingos Paschoal Cegalla
Por Natália Petrin
Formada em Publicidade e Propaganda. Atualmente advogada com pós-graduação em Lei Geral de Proteção de Dados e Direito Processual Penal. Mestranda em Criminologia.
Petrin, Natália. Coerência textual. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/portugues/coerencia-textual. Acesso em: 30 de November de 2024.
01. [ENEM] Sobre a coerência textual, é incorreto afirmar:
a) A coerência é uma conformidade entre fatos ou ideias, própria daquilo que tem nexo, conexão, portanto, podemos associá-la ao processo de construção de sentidos do texto e à articulação das ideias.
b) Por serem os sentidos elementos subjetivos, podemos dizer que a coerência não pode ser delimitada, pois o leitor é o responsável pela constituição dos significados do texto.
c) A coerência é imaterial e não está na superfície textual. Compreender aquilo que está escrito dependerá dos níveis de interação entre o leitor, o autor e o texto. Por esse motivo, um mesmo texto pode apresentar múltiplas interpretações.
d) A não contradição, a não tautologia e o princípio da relevância são elementos básicos que garantem a coerência textual.
e) A coerência textual dispensa o uso adequado dos conectivos, elementos que apenas colaboram para a estruturação do texto sem apresentar relação direta com a semântica textual.
02. [ENEM] Observe a tirinha Calvin e Haroldo, de Bill Watterson, e responda à questão:
Para cada situação interativa existe uma variedade de língua adequada. O falante pode optar pela variedade padrão ou pela variedade não padrão
Sobre o nível de linguagem adotado por Calvin, podemos afirmar que se trata, em relação aos tipos de coerência, de uma
a) incoerência pragmática.
b) incoerência genérica.
c) incoerência estilística.
d) incoerência temática.
e) incoerência semântica.
01. [E]
02. [C]