Análise do Discurso é tida como uma prática de análise do estudo lingüístico, existente no campo da comunicação. Ela consiste na análise da estrutura de um dado texto, seja ele verbal ou não-verbal, e suas respectivas preocupações.
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Antes de entender o que é a Análise do Discurso, é preciso compreender do que se trata o foco principal da análise: o discurso. O discurso, em suma, é a construção da linguística que está ligada diretamente ao contexto social atrelado pelo texto elaborado.
Dessa forma, ideologias vigoradas em um dado discurso são determinadas diretamente através do contexto político-sócio-cultural em que o autor vive. Por isso, a análise do discurso é muito mais que uma análise textual.
Essa prática lingüística visa uma análise (con)textual, abrangendo estrutura discursiva, espaço e momento cronológico.
A Análise do Discurso, segundo Foucault
Em Ordem do Discurso, Foucalut descreve como o discurso como uma construção das características provindas da sociedade de convívio. Segundo o linguista francês, a sociedade será a promotora principal do contexto do dado discurso a ser analisado.
É ela que será a formadora da base que erguerá a estrutura textual. Dessa maneira, todo e qualquer elemento que fará parte do sentido do discurso estará atrelado à sociedade.
Importante relembrar, para tanto, que um texto só pode ser denominado como tal quando a mensagem for correspondida pelo receptor. É necessário que seu sentido seja concreto e condizente aos conhecimentos do receptor; para, assim, compreendê-lo.
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É esta a essência da comunicação: emissão > recepção > compreensão.
Como práticas discursivas geram novos debates sobre análise do discurso
Práticas discursivas destrincham ainda outros campos da análise do discurso. Exemplo disso é o chamado Universo de Concorrências, que, nominalmente de forma básica, tem a competição entre vários emissores com o intuito de atingir um mesmo grupo de receptores.
Para conquistar a recepção do público-alvo, é fundamental que o emissor integre o contexto de vida e sociedade do(s) indivíduo(s). Isso faz com que a mensagem do emissor seja mais próxima, e possa ser compreendida de maneira mais fácil pelo receptor.
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É fundamental, no entanto, que este emissor não tenha ciência de que está passando por uma tentativa de convencimento.
Discurso estético na análise do discurso
Como supracitado anteriormente, o discurso pode também ser imagético – ou estético, de modo mais inteirado à teoria. Estas interpelam o receptor por meio da sensibilidade, também interligada a um dado contexto.
O conceito de sensibilidade inserido será definido por meio do indivíduo como ser sentimental. Ou seja, aquilo que, ao longo da vida, aguça os seus sentimentos pessoas, e, dessa forma, tornou-se importante.
Exemplo disso são as artes produzidas ao longo da história, em diferentes períodos e em um passado totalmente diferente do presente. Entretanto, hoje, estas mesmas obras assumem significados diferentes para determinadas pessoas, de acordo com interpelação e contexto a que estão suscetíveis.
O discurso estético carrega o mesmo ímpeto ideológico do verbal. No entanto, por se tratar de algo mais pontual, e atingir esteticamente o indivíduo, a rapidez com que esse discurso poderá atingir o sucesso com o receptor é maior.
Sentido de um discurso
Ao fim, há o ponto mais importante da análise do discurso, o sentido. Este jamais será tido como fixo, e vários motivos relativizam isso, tais como:
- Contexto variável;
- Estética observada;
- Ordem atribuída;
- Formato de construção;
Por esse motivo, diz-se que o sentido de um discurso sempre será aberto à interpretação do leitor, da forma que ele melhor acomodar seu entendimento.
O objetivo do discurso é pontual: transmissão de mensagem com intuito de atingir um objetivo por meio de interpretação do público-alvo.
Referências
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1998.
ORLANDI, Eni. Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 1990.
PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Trad. Eni Puccinelli Orlandi et al. Campinas: Unicamp, 1988.
ESCOBAR, Carlos Henrique. Discurso científico e discurso ideológico. In: Revista Tempo Brasileiro, n. 3, vol. 2, pp. 7–31. Rio de Janeiro: Edições Tempo Brasileiro, 1971.
Por Mateus Bunde
Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Especialista em Linguagens pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul) e Mestrando em Comunicação pela Universidade do Porto, de Portugal (UP/PT).
Bunde, Mateus. Análise do Discurso. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/portugues/analise-do-discurso. Acesso em: 23 de November de 2024.
1. [PUC]
Canção
- Nunca eu tivera querido
- Dizer palavra tão louca:
- Bateu-me o vento na boca,
- E depois no teu ouvido.
- Levou somente a palavra
- Deixou ficar o sentido.
- O sentido está guardado
- No rosto com que te miro,
- Neste perdido suspiro
- Que te segue alucinado,
- No meu sorriso suspenso
- Como um beijo malogrado.
- Nunca ninguém viu ninguém
- Que o amor pusesse tão triste.
- Essa tristeza não viste,
- E eu sei que ela se vê bem…
- Só se aquele mesmo vento
- Fechou teus olhos, também.
Cecília Meireles. Poesias completas. Rio de Janeiro:Nova Aguilar, 1993, p. 118.
De acordo com abordagens da análise do discurso, a significação não se restringe apenas ao código linguístico. Que versos evidenciam essa noção?
a) “Nunca eu tivera querido Dizer tão louca” (v.1-2)
b) “bateu-me o vento na boca, e depois no teu ouvido” (v.3-4)
c) “Levou somente apalavra, deixou ficar o sentido” (v.5-6)
d) “Nunca ninguém viu ninguém que o amor pusesse tão triste” (v.13-14)
e) “Só se aquele mesmo vento fechou teus olhos, também” (v.17-18)
Resposta: C
2. [ESAN]
Sobre o discurso indireto é correto afirmar, EXCETO:
a) No discurso indireto, o narrador utiliza suas próprias palavras para reproduzir a fala de um personagem.
b) O narrador é o porta-voz das falas e dos pensamentos das personagens.
c) Normalmente é escrito na terceira pessoa. As falas são iniciadas com o sujeito, mais o verbo de elocução seguido da fala da personagem.
d) No discurso indireto as personagens são conhecidas através de seu próprio discurso, ou seja, através de suas próprias palavras.
Resposta: D