A poesia social é uma vertente da literatura poética em que valores políticos e sociais são ressaltados e destacados para atingir o leitor. Para o Brasil e a cultura literária do país, a poesia social foi essencial na propagação de movimentos literários importantes.
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A Geração Mimeógrafo, a Geração de 45 e o Romantismo adotava a poesia social de modo a atingir a grande massa populacional. Movimentos modernistas e pós-modernistas adotaram em demasia esse tipo de poesia.
É no século XIX que o romantismo carrega consigo as primeiras poesias sociais chegando ao público. Vide, sobretudo, as obras e expressões carregadas por Castro Alves e Fagundes Varela, por exemplo.
Princípios da poesia social
A origem da poesia social carrega o DNA da poesia-práxis, que se contrapõe, de imediato, ao radicalismo praticado, e alinhada às preocupações do movimento concretista (poema como objeto de transmissão).
Dessa maneira, é possível delimitar que a poesia-práxis foi a precursora da poesia social, com destaque para Mario Chamie e Cassiano Ricardo como principais expoentes dessa vertente literária.
Logo em seguida da consolidação do Concretismo, o Neoconcretismo propunha uma visão mais social da realidade. Fugindo do âmago pessoal do poeta, e trazendo problemas sociais e políticos existentes na sociedade.
Dessa linha, o grande representante da poesia social era Ferreira Gullar. Enquanto isso, a Geração Mimeógrafo passou a denominá-la como Poesia Margina, com Leminski e Chacal como grandes expoentes.
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Já no modernismo inúmeros escritores já adotavam a poesia social naturalmente. São os casos de Graciliano Ramos, Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade.
Características da Poesia Social
A poesia concreta observa-se uma valorização mais direta do âmago do escritor; do poema como objeto. A matéria-prima e a essência da poesia concreta seria simbólica. Já a poesia social observa-se a valorização do conteúdo político ressaltado.
Entre as principais características da poesia social é possível destacar, assim:
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- Cotidiano de acontecimentos;
- Realidade política;
- Denúncia social;
- Crítica constante;
- Engajamento na revolta;
- Linguagem coloquial, simples e de fácil acesso;
Diversos autores demonstravam críticas e oposição à poesia concreta praticada. A ideia seria utilizar dos versos para protesto, contestação e trazer novamente o sentimento lírico, a fim de fazer denúncias sociais.
Referências
História da literatura brasileira: Das origens ao romantismo Livro – Massaud Moisés
Por Mateus Bunde
Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Especialista em Linguagens pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul) e Mestrando em Comunicação pela Universidade do Porto, de Portugal (UP/PT).
Bunde, Mateus. Poesia Social. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/literatura/poesia-social. Acesso em: 23 de November de 2024.
1. [ENEM]
Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da atualidade, é autor de “Bicho urbano”, poema sobre sua relação com as pequenas e grandes cidades.
BICHO URBANO
Se disser que prefiro morar em Pirapemas
ou em outra qualquer pequena cidade do país
estou mentindo
ainda que lá se possa de manhã
lavar o rosto no orvalho
e o pão preserve aquele branco
sabor de alvorada.
A natureza me assusta.
Com seus matos sombrios suas águas
suas aves que são como aparições
me assusta quase tanto quanto
esse abismo
de gases e de estrelas
aberto sob minha cabeça.
(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1991.)
Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas comunidades. Para expressar a relação do homem com alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, construção de linguagem em que se mesclam impressões sensoriais diversas. Assinale a opção em que se observa esse recurso.
a) “e o pão preserve aquele branco / sabor de alvorada.”
b) “ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no orvalho”
c) “A natureza me assusta / Com seus matos sombrios suas águas”
d) “suas aves que são como aparições / me assusta quase tanto quanto”
e) “me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de gases e de estrelas”
Resposta: A
2. [Mackenzie]
O assassino era o escriba
Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida,
regular como um paradigma da 1ª conjunção.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido na sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
conectivos e agentes da passiva o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.
Paulo Leminski
Sobre o texto de Paulo Leminski todas as alternativas estão corretas, EXCETO
a) a terminologia sintática e morfológica, que em um primeiro momento é motivo de estranhamento, concede o efeito de humor ao poema.
b) o eu lírico demonstra por meio da composição de texto pessoal e confessional o seu desconhecimento gramatical.
c) nos primeiros sete versos o eu-lírico apresenta seu professor, que, por meio de suas ações e funções, é caracterizado como um torturador.
d) entre os versos 8 e 16 o leitor toma consciência de todos os fracassos que compuseram a vida do professor.
e) o texto é estruturado em forma de narrativa policial, mas em função de sua organização gráfica, métrica e rítmica é considerado um poema.
Resposta: B