Nascido na cidade de Cruz Alta, Érico Veríssimo viria a ser possivelmente o maior escritor gaúcho de todos os tempos. A alcunha se deve, pois, ainda jovem, Veríssimo já lia grandes nomes da literatura brasileira. Além disso, também já devorava obras de estrangeiros de grande nome no cenário literário. Isso tudo enquanto ainda estava cursando o colégio, até abandoná-lo em 1920, aos 15 anos de idade. Foi então aventurar-se no campo dos negócios. Trabalhou em um banco, firmou uma farmácia e completou sua renda com aulas de literatura e inglês.
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Após a falência de sua farmácia, em 1931, é chamado para compor o corpo editorial da Revista Globo. Lá, convive com renomados escritores. Já no ano seguinte, Veríssimo assume o cargo de diretor editorial da revista. Sua ascensão na revista, e seu convívio com brilhantes escritores, molda o estilo literário do gaúcho. Em 1932, então, ele publica uma coletânea de contos. É quando o seu caminho começa a trilhar na literatura.
Érico Veríssimo: o escritor moldado por si
Érico Veríssimo faz parte do que se entende por Segunda Parte do Modernismo do Brasil, como Jorge Amado, por exemplo. A literatura do período, que durou entre 1930 a 1940, aborda reflexões sobre contextos sociais e problemas de cunho popular. Enquanto isso, a primeira parte do modernismo preocupava-se muito mais com a ética e a vida urbana. Por tratar muito das relações interpessoais e os dramas pessoais, Veríssimo destacou-se por sua representatividade das emoções humanas.
A primeira fase de Veríssimo
O romance Clarissa é o marco da primeira fase de Érico Veríssimo. Porto Alegre vira seu cenário, e o perfil psicológico da personagem é dissecado ao longo da obra. Uma análise social completa do drama, retratando as diferenças socioeconômicas, é feita em Caminhos Cruzados. Um romance de completo cunho de abrangência do espaço geográfico que compõe o social. Já em O Resto é Silêncio nota-se o início de transição para uma segunda fase. Isso se reflete quando o autor explora a reação de sete diferentes pessoas ao suicídio de uma jovem.
A segunda e a terceira fase de Veríssimo
As reações instigam a investigação na transição. É na segunda fase que Érico Veríssimo explora seu lado investigativo. Tem como mirante a história e o passado sul-rio-grandense, em O Tempo e o Vento. A trilogia marca sua segunda fase, retratando em uma linguagem épica o patriarcado existente no RS à época.
A terceira fase já uma apresentação mais consolidada de uma fase política de Veríssimo. O Senhor Embaixador é um exemplo. Assim como O Prisioneiro, o objetivo do autor era aliar os causos de guerra e racismo que predominavam no período.
Características de Érico Veríssimo
Cada fase de Érico Veríssimo registra uma forma de caracterização de suas obras correspondentes ao período. Assim, temos em cada fase, as seguintes delimitações:
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- A primeira fase: visão lírica e otimista provinda da burguesia. Com linguagem tradicional, Veríssimo não deixa de lado o seu olhar crítico sob a pequena moderna aristocracia;
- A segunda fase: mais investigação, história, exploração e denúncias do patriarcado. Uma grande crítica a formatação social do Rio Grande do Sul;
- A terceira fase: escrita durante a ditadura militar, retratava uma denúncia do autoritarismo. Além disso, denunciava-se também a violação aos direitos humanos do período;
Referências
História da literatura brasileira: Das origens ao romantismo Livro – Massaud Moisés
Por Mateus Bunde
Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Especialista em Linguagens pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul) e Mestrando em Comunicação pela Universidade do Porto, de Portugal (UP/PT).
Bunde, Mateus. Érico Veríssimo. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/literatura/erico-verissimo. Acesso em: 23 de November de 2024.
01. [UCPEL]
Em relação a Erico Verissimo, todas as alternativas são corretas, exceto:
a) Utiliza a técnica do contraponto, interpretando diversas histórias, influenciado por traduções que realizou da obra de Aldous Huxley.
b) Registra os valores e costumes de uma pequena burguesia que se tornava, pouco a pouco, o setor social mais representativo de Porto Alegre.
c) Em O Tempo e o Vento, o ciclo se dá pela sucessão de duas famílias-chave, os Terra e os Cambará, que se aproximam várias vezes pelo casamento.
d) em Incidente em Antares retoma a temática do interior, agora sob uma perspectiva crítica, refletindo a realidade social e política do Brasil nos anos sessenta.
e) Aborda, em toda sua obra, o caráter materialista da vida, vendo o homem como um produto biológico sujeito inteiramente às pressões sociais e à carga hereditária.
02. [UFV)
Considere o texto:
“O incidente que se vai narrar, e de que Antares foi teatro na sexta-feira 13 de dezembro do ano de 1963, tornou essa localidade conhecida e de certo modo famosa da noite para o dia. (…) Bem, mas não convém antecipar fatos nem ditos. Melhor será contar primeiro, de maneira tão sucinta e imparcial quanto possível, a história de Antares e de seus habitantes, para que se possa ter uma ideia mais clara do palco, do cenário e principalmente das personagens principais, bem como da comparsaria, desse drama talvez inédito nos anais da espécie humana.” (Erico Verissimo)
Assinale a alternativa que evidencia o papel do narrador no fragmento acima:
a) O narrador tem senso prático, utilitário e quer transmitir uma experiência pessoal.
b) É um narrador introspectivo, que relata experiências que aconteceram no passado, em 1963.
c) Em atitude semelhante à de um jornalista ou de um espectador, escreve para narrar o que aconteceu com x ou y em tal lugar ou tal hora.
d) Fala de maneira exemplar ao leitor, porque considera sua visão a mais correta.
e) É um narrador neutro, que não deixa o leitor perceber sua presença.
01. [E]
02. [C]