Vladimir Putin

Vladimir Putin é o atual presidente da Rússia e está no poder há mais de 20 anos. Leia a matéria para entender as questões da Ucrânia e o governo.

Desde o início do século XX, tornou-se comum o surgimentos de líderes nacionais fortemente carismáticos e vistos como uma possibilidade de salvação política de uma sociedade, devido aos fenômenos políticos como o populismo e autoritarismo. Incontáveis líderes deixaram muitos legados e um deles se destaca nessa façanha: o russo Vladimir Putin. Leia a matéria para entender mais!

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Biografia

Wikimedia Commons

Cinquenta anos atrás, as ruas de Leninegrado me ensinaram uma coisa: se a luta é inevitável, você deve atacar primeiro. Portanto, é melhor para nós combatê-los lá, como eu disse, do que esperar aqui, eu lhe garanto“. Essa frase revela muito sobre a trajetória e as origens do presidente russo Vladimir Pultin.

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Nascido em São Petersburgo em 7 de outubro de 1952, Pultin cresce num contexto em que o regime comunista ainda governava com “mãos de ferro” a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), atual Rússia. Mesmo tendo se formado em direito na Universidade Estatal de Leningrado em 1975, Pultin não nasceu no berço de uma família rica. Os seus pais lutaram fortemente em prol dos ideais comunistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Seguindo a bravura de seus pais, Vladimir Pultin cursou diversos preparatórios para ingressar no serviço secreto soviético, a KGB. Inicialmente, após conquistar suas formações, o recém membro da KGB serve em sua cidade natal. É nesse período que Pultin se casa com Lyudmila Shkrebneva em 1983. O casal teve duas filhas, Maria Poutina e Katerina Poutina, se divorciando no ano de 2013.

Nesse período, após conquistar um notável destaque, Pultin é enviado como tenente-coronel para a Alemanha, na região de Dresden, em 1985. É na volta da Alemanha para a Rússia que o então presidente russo tem o seu primeiro contato com a carreira política.

História no Governo Russo

Após o processo de reunificação alemã, não fazia mais sentido os serviços da KGB permanecerem no país, tendo em vista que sua zona de influência havia perdido efetividade. Houve a desintegração dos serviços da KGB e Putin volta a São Petersburgo, ocupando o cargo de vice-diretor adjunto de relações internacionais e ficando sob a tutela de Anatoli Sobtchak, reitor da Universidade estatal de Leningrado.

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É ao lado de Sobtchak que Putin se insere nas dinâmicas políticas mais diretamente. Sua primeira experiência concreta se deu durante a campanha local para a prefeitura, ganhada por Sobtchak e ocupando o cargo de assessor. Após o fracasso ao se reeleger, a equipe política de Sobtchak se desintegra e Putin parte para a região de Moscou, onde é escolhido para ser diretor adjunto da presidência.

Enquanto responsável pelo cargo ocupado, Putin passa a desempenhar papéis importantes no jogo político, visto que o mesmo passa a ganhar confiança e seriedade frente ao então presidente russo Boris Yéltsin. Este enfrentava inúmeras dificuldades ao liderar a nação russa, desde a intensa crise econômica de 1998, movida pelo processo de privatização desenfreada à dificuldades pessoais, como os problemas de saúde.

Inicialmente, o presidente o nomeia como chefe do Serviço Federal de Segurança (FSB) e após alguns anos, Putin recebe o título de Primeiro-Ministro russo. Este cargo é semelhante ao vice-presidente no sistema republicano brasileiro. Sendo assim, como primeiro-ministro, Putin teria a responsabilidade de dirigir a nação russa caso o presidente renunciasse ao cargo, que aconteceria em 31 de dezembro de 1999.

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Após a renúncia de Yéltsin, ele assume a presidência por pouco tempo, até ser eleito oficialmente nas eleições do ano 2000, pelo partido Rússia Unida. Tendo o voto de confiança de grande parte da população, Putin consegue superar a crise econômica fazendo da Rússia uma das maiores potências do mundo, tendo ampla influencia e notoriedade política, militar e econômica.

Mas nos últimos meses, o atual presidente russo vem sofrendo centenas de críticas e apontamentos devido às suas posturas e decisões diante da anexação da Crimeia e da invasão à Ucrânia.

Vladimir Pultin na presidência da Rússia

Após um curto êxito em seu governo, Putin se reelege à presidência no ano de 2004, ganhando a maioria dos votos, continuando no poder até o final do ano de 2007 seguindo as mesmas pautas nacionalistas, visto que o mesmo não pôde se reeleger, devido às leis constitucionais do país.

O candidato escolhido para a presidência nas eleições de 2008 foi Demitri Medvedev, então Primeiro-Ministro do governo Putin, que além de ganhar as disputas eleitorais, assume o cargo executivo e indica como seu primeiro-ministro Vladimir Putin. Mas sem demorar tanto, Putin volta à presidência, sendo eleito em setembro de 2011, iniciando seu mandato no de 2012.

Devido a algumas modificações nas leis referentes ao cargo do chefe do Executivo, o tempo de governo deixaria de ser 4 anos e passaria a ser de 6 anos, favorecendo a permanência de Putin na presidência até o ano de 2018. Mas sem tanta dificuldade, o mesmo consegue se reeleger mais uma vez contando com 76% dos votos.

Além das sucessivas permanências e influencias políticas de Putin no poder, o mesmo deveria governar até o ano de 2024, não concorrendo às eleições seguintes, mas em decorrência de uma modificação feita em fevereiro de 2021 pela Câmara dos Deputados, o presidente poderia se candidatar a dois novos pleitos e permanecer no poder até 2036 – mais tempo que qualquer líder político eleito na história.

Marcos do Governo de Vladimir Putin

Após a queda da URSS, a atual Rússia passou por inúmeras crises que afetaram o posicionamento do país para com as nações perante o cenário internacional e também na vida diária dos russos, com o crescente desemprego, aumento da pobreza, etc.

Foi com a missão de resgatar a imagem e a glória da Rússia que Putin aposta no petróleo e no gás, bastante abundantes no território nacional. Após a estatização das petroleiras, houve uma investida na diminuição do desemprego, da miséria e da elevação geopolítica russa.

Com essa recuperação econômica, Putin equilibra o orçamento estatal e utiliza grande parte desse lucro para investir em equipamentos militares, dando impulso para a também recuperação das Forças Armadas russa.

Já no campo da política externa, Putin demonstrou disposição a manter contato e boas relações com as nações e potências do Ocidente, mas tendo limitações nesse contato. Na prática o que marcou fortemente a postura do então presidente foi a sua tentativa de construir zonas de influência nos países próximos à Rússia.

Uma prova disso ocorreu no ano 2004, quando a Rússia viu com maus olhos a Revolução Laranja, que levou à presidência da Ucrânia um político pró-Ocidente, perdendo cada vez mais as suas relações com a região ucraniana. Já receosa das tentativas de “interferência ocidental”, a Rússia invade a Geórgia no ano de 2008, quando esta tentava ingressa na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

No ano de 2014, a Rússia lança várias investidas na Ucrânia, após esta tentar ingressar na União Europeia, formada nitidamente por países ocidentais. Segundo os estudiosos do tema, o objetivo dessa invasão à Ucrânia, o objetivo seria o de anexar a Crimeia a fim de assegurar os seus recursos naturais. Essa ação russa na anexação da Crimeia foi um dos fatores determinantes para a saída da Rússia dos Grupos dos Setes (G7).

Com o início da Guerra Civil na Líbia, Putin se colocou contra as intervenções militares do país, além de declarar que a Organização das Nações Unidas (ONU) estaria fadada ao fracasso e falhas em suas ações.

Durante a Revolução Síria, Putin apoia totalmente o presidente sírio Bashar-AlAssad, contrariando o imperialismo norte-americano, e esse apoio converteu-se rapidamente em defesas bélicas, desde ajuda aos sírios nos ataques aéreos, navios de guerra e tropas.

Foi o descontentamento de Putin que o levou a manter uma posição reativa e ao mesmo tempo contra toda e qualquer intervenção estrangeiras ocidental.

Putin e a questão da Ucrânia

Após o desmembramento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, muitas regiões ganharam independência política, inclusive a Ucrânia. Depois da invasão russa à península da Crimeia pelas Forças Especiais Russas no mês de fevereiro de 2014, houve um movimento de Putin em fazer retornar à Federação Russa as regiões antes pertencentes a ela. Uma das motivações para tais decisões foi a suposta influência das potências ocidentais nas regiões.

As investidas políticas e militares da Rússia endossaram ainda mais a bipolarização antes existente durante a Guerra Fria, e não se limitou ao ano de 2014, tendo em vista que em Janeiro de 2022 a Ucrânia vem sofrendo intensos ataques russos devido às tentativas dos ucranianos de ingressarem nas principais instituições europeias ocidentais, como a União Europeia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Vista pelos russos como uma ameaça a própria Rússia, Putin e os integrantes de seu governo decidem utilizar de recursos bélicos e militares a fim de impedir que a Ucrânia ingresse na Otan, pois se efetivada essa inserção, os países membros do Tratado seriam obrigados a montar um sistema de defesa coletiva em resposta aos ataques russos. Isso agravaria ainda mais a situação, podendo-se falar até mesmo numa possível Terceira Guerra Mundial diante das proporções que o conflito tomaria.

Após o envio de tropas russas para as regiões fronteiriças ucranianas, dando ainda mais tensão aos conflitos pré-existentes, Putin reconhece oficialmente a independência de duas regiões separatistas da Ucrânia, sendo elas: Donetsk e Luhansk. Ambas as regiões lutavam contra as forças militares ucranianas, aliando-se também aos interesses russos.

Segundo o historiador Timothy Snyder em seu livro “Na contramão da Liberdade: a guinada autoritária nas democracias contemporâneas”: “a Rússia transformou unidades de seu exército regular em uma força terrorista, removendo insígnias das fardas e negando toda a responsabilidade pelo terrível sofrimento que essas unidades infligiam“.

Ainda em Fevereiro de 2022, Vladimir Putin autoriza a invasão militar ao território ucraniano, gerando diversos conflitos, mortes e, sobretudo, sofrimento das pessoas mais vulneráveis.

5 curiosidades sobre Vladimir Putin e sua vida secreta

Mesmo sendo considerado o “czar moderno”, Vladimir Putin tornou-se responsável por conduzir uma nação em meio a tantas crises e instabilidades. Ver a trajetória pessoal e política de Putin é um exercício interessante de modo a compreender as fronteiras que separam e aproximam a sua vida pessoal da Rússia. Confira então algumas curiosidades sobre ele:

  • Mede 1,67m e ama cavalgar durante as férias. Se projetou nas mídias como um ávido esportista e homem simples religioso;
  • Em setembro de 2013, Putin declarou que a Rússia deveria manter sua posição contrária em relação ao casamento homoafetivo, não seguindo, portanto, o exemplo dos países ocidentais;
  • Segundo algumas fontes, é possível que a fortuna do então presidente chegue a 47 bilhões de euros;
  • A sua banda preferida é a clássica banda de rock inglês, The Beatles, sendo “Yesterday” a sua música favorita;
  • Após Josef Stalin, Vladimir Putin é o líder russo que está no poder a mais tempo;
  • Além do russo, Vladimir Pultin é fluente em inglês e alemão. Interessante notar que mesmo sendo fluente nas línguas citadas, nas reuniões transnacionais ele prefere falar apenas em russo, para demonstrar resistência russa diante das demais nações;

Perceber as curiosidades de Putin é entendê-lo como um homem simples, mas também como um político altamente estrategista que, após tantos anos, permanece no poder com alta popularidade, mesmo diante da criticas que recebe.

Vídeos sobre um presidente na contramão do Ocidente

Nestes vídeos, você terá uma visão sobre a vida política de Vladimir Putin em diversas dimensões. Os vídeos te ajudarão a entender mais ainda a Ascenção do presidente até os conflitos atuais na Ucrânia.

Entendendo o conflito entre Ucrânia e Rússia

Neste vídeo, o canal “Aula de” elenca os principais motivos do conflito entre Ucrânia e Rússia. Veja e reforce seus conhecimentos.

Geopolítica da Rússia

Neste vídeo, o professor Hoc explica a questão da geografia da Rússia e a importância desse território. Assista e saiba a relação da política da Rússia com a sua região.

Biografia do Putin

Neste vídeo, o canal “Canal, história e tu” faz um panorama geral sobre a biografia de Putin, destacando, sobretudo, os ideais políticos que moveram o advogado e ex-agente da KGB ao longo dos 21 anos no poder.

Gostou dessa matéria? Nada melhor do que conhecer sobre os temas que movem o mundo no tempo presente. Para saber mais sobre as origens da Rússia moderna do século XX, conheça mais sobre a Revolução Russa.

Referências

Sobre a tirania: vinte lições do século XX para o presente (2017) — Timothy Snyder
História da Rússia (2017) — Gregory Freeze
Na contramão da Liberdade: a guinada autoritária nas democracias contemporâneas (2019) — Timothy Snyder

Thiago Abercio
Por Thiago Abercio

Historiador e mentor educacional formado pela Universidade Federal de Pernambuco. Professor de História e de Repertório cultural e Ideias, redator e analista de conteúdo. Atualmente realiza pesquisas na área de História da arte e das mentalidades.

Como referenciar este conteúdo

Abercio, Thiago. Vladimir Putin. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/vladimir-putin. Acesso em: 21 de November de 2024.

Exercícios resolvidos

1. [UCPEL]

“O presidente da Rússia, Vladimir Putin (…) falou diante de milhares de pessoas ontem, durante a sua primeira viagem à península do Mar Negro desde a anexação pela Rússia. A bordo de um barco, Putin passou por uma linha de navios russos da Frota do Mar Negro ancorados na baía de Sabastopol e cumprimentou as suas tripulações antes de assistir a um sobrevoo de 70 aviões militares.” Fonte: Diário Popular, 10/05/2014, p. 12.

A notícia se refere a acontecimentos recentes, envolvendo a definição de fronteiras e territórios de áreas que integravam a extinta URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) em 1991. O território de uma república autônoma, objeto da atual crise separatista de que trata a notícia citada, foi anexado à Federação Russa em março de 2014, fato contestado pela OTAN (Organização do Tratado Atlântico Norte), pelos EUA (Estados Unidos da América) e pela maioria dos países integrantes da ONU (Organização das Nações Unidas), principalmente os da Europa. O território referido na disputa acima é o da

A) Chechênia, parte do Daguestão.

B) Ossétia, parte da Geórgia.

C) Crimeia, parte da Ucrânia.

D) Bósnia, parte do Cazaquistão.

E) Croácia, parte da Herzegovina.

C) Crimeia, parte da Ucrânia.

A anexação da região da Crimeia está ligada a uma posição reativa de Vladimir Putin à influência que o Ocidente investe nos territórios próximos à Rússia.

2. [UERJ]

O presidente russo, Vladimir Putin, inaugurou em maio de 2018 o trecho rodoviário de nova ponte que liga a Rússia continental à Península da Crimeia, anexada à Russia em 2014. A Crimeia, uma ex-república autônoma que integrava a Ucrânia, foi anexada pela Rússia durante uma grave crise que culminou num conflito entre forças leais ao governo ucraniano e milícias separatistas apoiadas por Moscou. A Ucrânia denunciou a construção como uma flagrante violação das leis internacionais. Putin dirigiu um enorme caminhão Kamaz, de fabricação russa, pelos 19 quilômetros da ponte sobre o estreito de Kerch. Em discurso, o presidente exaltou a construção da ponte de 3,6 bilhões de dólares como um feito histórico e prometeu novas obras de infraestrutura na península.

A ponte mencionada indica mudanças no processo de anexação da Crimeia à jurisdição do governo russo, na atualidade.

Tendo como base o mapa da Crimeia e as informações da reportagem, observa-se que a construção da ponte se insere em um projeto russo para promoção de:

A) homogeneização política

B) modernização financeira

C) centralização cultural

D) integração territorial

D) integração territorial

Uma das formas encontradas pela Rússia de manter a influência e domínio político nas regiões pertencentes antes ao território da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas foi a integração territorial que, na prática, significa a total dependência dessas regiões para com a Rússia.

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