Durante a Idade Média, a Igreja Católica havia assumido grande poder político e econômico graças em parte ao sistema feudal. Gradualmente, os ideais religiosos foram corrompidos em nome do ganho monetário. Em paroxismo emblemático, a Igreja passou a vender as chamadas indulgências, ou seja, pregava que cristãos poderiam comprar o perdão pelos seus pegados. Esse foi o fato que, teoricamente, levou Lutero a manifestar sua insatisfação publicamente e a iniciar o movimento denominado Reforma Protestante.
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Outro aspecto que contribuiu para a insatisfação social foi desrespeito de membros do clero por antigos costumes, principalmente com relação ao celibato e realização dos ritos religiosos. A prática de usura, empréstimo de dinheiro a juros, era mal vista pelos sacerdotes católicos, o que irritou a burguesia e contribuiu para que este grupo apoiasse Lutero em suas contestações.
Assim, esses fatores aliados ao estabelecimento do pensamento renascentista que se opunha aos preceitos religiosos culminaram numa ruptura dentro da Igreja Católica. Cristãos foram então divididos entre protestantes, cuja doutrina baseava-se nos princípios de Lutero, e os tradicionais católicos romanos, que seguiam os dogmas já estabelecidos pela Igreja Católica.
A venda de indulgências
Com a finalidade de concluir a construção da Basílica de São Pedro, o Papa Leão X determinou que os católicos obtivessem o perdão por seus pecados contribuindo financeiramente com a Igreja. Quem não o fizesse, no entanto, não seria absolvido pelos seus pecados e, consequentemente, não teria lugar no paraíso. Crimes como assassinato, incesto e roubo tinham um determinado preço que, uma vez pago em dinheiro, garantiria ao pecador sua absolvição e salvação.
“Em 1513, o papa Leão X oficializou a venda de indulgências visando arrecadar dinheiro para finalizar as obras da Basílica de São Pedro, em Roma. A partir de então, o comércio de indulgências assumiu tamanhas proporções que passou a ser intermediado pela casa bancária dos Fugger, família de banqueiros do Sacro Império Romano-Germânico, transformando-se, de fato, em um grande negócio.”(Azevedo & Seriacopi, 2013, pg.223)
A Reforma de Lutero
A postura do Papa Leão X foi o que motivou o monge agostiniano e também professor de teologia alemão Martin Luther, a elaborar o documento conhecido como 95 Teses, em 1517. O texto de Lutero foi a base teórica do movimento da Reforma Protestante, iniciada na Alemanha. O texto, que fora fixado na porta da igreja onde Lutero era pregador, questionava a prática da venda de indulgências e, mais tarde, foi a razão da excomunhão de Lutero da Igreja Católica. Lutero acreditava que a salvação dos homens era concedida pela fé em Jesus Cristo e que não poderia ser obtida por méritos humanos.
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Cerca de dois meses após a publicação das 95 Teses, a obra já havia sido espalhada por toda a Europa, levando as ideias do movimento reformista para países como Suíça, França, Reino Unido e regiões dos Balcãs, Escandinávia e Países Baixos. A invenção da imprensa teve papel fundamental na divulgação das ideias de Lutero.
Consequências
Após as divisões provocadas pela Reforma Protestante, a Igreja Católica convocou o Concílio de Trento, que levou ao início da Contrarreforma, ou Reforma Católica. Outro ponto importante foi que, a reforma protestante possibilitou uma maior acesso a Bíblia, com diversas traduções em idiomas europeus, o que levou a criação de diversos grupos religiosos independentes, como anglicanos, calvinistas, metodistas e luteranos.
Você sabia?
No dia 31 de outubro é comemorado o dia da Reforma Protestante, pois foi nesse dia, em 1517, que Lutero fixou suas 95 Teses na porta da Igreja de Wittemberg, na Alemanha. Lutero é ainda hoje considerado uma figura controversa por muitos historiadores, sendo considerado por alguns, como antissemita.
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Referências
VICENTINO, C.; DORIGO, G. História geral e do Brasil. 2ª Edição. Volume 2. São Paulo: Scipione, 2013.
AZEVEDO, G.; SERIACOPI, R. História em Movimento: O mundo Moderno e a Sociedade Contemporânea. 2ª Edição. Volume 1. São Paulo: Ática, 2013.
Por Carlos Ferreira
Formado em Ciências Econômicas e Jornalismo. Possui ampla experiência editorial e redacional em conteúdos jornalísticos com foco em mídias digitais.
Ferreira, Carlos. Reforma Protestante. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/reforma-protestante. Acesso em: 21 de November de 2024.
1. (UFMG/1997) A Reforma Religiosa do século XVI teve como desdobramento:
a) a consolidação do poder dos príncipes do Império Germânico.
b) a constituição de mais de uma Igreja cristã no ocidente.
c) a divisão da Igreja em ramos: Ortodoxo e Romano.
d) a subordinação da Igreja Católica ao Estado.
(UDESC-SC/2013) Em 1545, o papa convocou uma reunião entre os membros mais importantes da Igreja Católica a fim de debater sobre questões doutrinárias e disciplinares. O Concílio de Trento, como ficou conhecida esta reunião, durou 18 anos e foi motivado pelos questionamentos à Igreja Católica os quais se tornaram cada vez mais frequentes no início do século XVI, e que levaram à Reforma Protestante. Analise as proposições em relação ao contexto.
I) A Reforma Protestante difundiu-se em várias regiões da Europa, entre as quais as regiões que atualmente compõem a Alemanha, Suíça, Inglaterra e Holanda.
II) Martinho Lutero foi um crítico da Igreja Católica. Após a publicação das suas críticas, conhecidas como 95 teses, que foram afixadas na porta da Igreja de Wittenberg, ele foi excomungado pelo Papa Leão X.
III) Entre as novas doutrinas que surgiram com a Reforma Protestante estão o Luteranismo, o Calvinismo e o Anglicanismo.
IV) A Reforma Protestante ocorreu juntamente com outras mudanças, como o aumento do poder dos reis e o fortalecimento dos Estados Nacionais.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.
1. [b]
2. [e]