Plano Collor

O Plano Collor foi uma medida insituída buscando reestabelecer o poder de compra ao brasileiro médio.

O Plano Collor, também chamado de Plano Brasil Novo, foi lançado no primeiro dia de posse do presidente Collor. O então chefe de estado eleito em 1989 queria devolver o poder de compra à população. Sob uma inflação assustadora de 2000%, uma medida formatada em um novo plano econômico se fazia necessária. Contudo, a proposta pelo presidente eleito não foi a das mais populares. Conhecida como “confisco de poupança”, a medida revoltou os brasileiros.

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Com promessa de estabilizar a inflação, a medida foi imposta no dia 16 de março de 1990. As ações ficaram sob custódia da então ministra da economia, Zélia Cardoso de Mello, junto a um grupo de economistas. O presidente Fernando Collor de Mello, no entanto, acabou sofrendo impeachment dois anos depois. Seu plano, e consequente confisco, contudo, ficaram marcados na história recente do Brasil.

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O Plano Collor foi instituído pelo presidente Fernando Collor de Melo. (Imagem: Reprodução)

Entendendo o Plano Collor

O Plano Collor é muito mais do que uma medida econômica, é compreendido como um período de relevância histórica. Ele é necessário, sobretudo, para entender o processo de construção econômica do país pós-período ditatorial. Além disso, ele também estabelece uma coerente singularidade ao momento histórico econômico recente do Brasil.

Dentre as medidas mais polêmicas do período, a que maior se destaca é a retenção de poupança junto aos bancos. Correntistas que possuíssem acima de 50 mil cruzeiros, teriam seu dinheiro retido pelo governo. Essa política de retenção rapidamente foi denominada como “confisco da poupança”. O governo, no entanto, garantia que a retenção seria benéfica. Uma vez retido, o valor seria devolvido 18 meses depois, com correção de juros a partir de 6% ao ano. O objetivo era a conquista, enfim, de uma liquidez, com o intuito de financiamento de projetos econômicos.

No entanto, a promessa não foi cumprida. Após os 18 meses passados, centenas de pessoas foram à justiça exigir a retomada do dinheiro. Além disso, as medidas compreendiam ainda:

  • Poupança retida de depósitos superiores a 50 mil cruzeiros (cerca de R$ 6 mil atuais);
  • Os preços voltariam aos mesmos do dia 12 de março;
  • Mudança de moeda, do cruzado novo passaria para cruzeiro sem que zeros fossem retirados ou adicionados;
  • Privatizar estatais;
  • Fechamento de ministérios e demissões do funcionalismo público;
  • Abertura do mercado externo brasileiro e extinção de subsídios governamentais;
  • Flutuação do câmbio sob controle estatal;

Plano Collor II e as consequências

Não bastasse o fracasso do Plano Collor instituído em 1990, um segundo fora composto. Apesar da diminuição da inflação consequente, nas semanas que se passavam os preços continuavam a aumentar, e o salário diminuir. Por medida provisória, o presidente publica no Diário Oficial da União, em 1991, um segundo Plano Collor. Entre as medidas estavam:

  • Tarifas aumentadas para Correios, indústrias energéticas e trens;
  • Fim do overnight (operação de troca de dinheiro por um dia);
  • Criação do FAF (Fundo de Aplicações Financeiras);
  • Instituição da Taxa de Referência de Juros (TR);

Os Planos não contiveram a inflação, e tampouco salvaram a frágil economia brasileira. Há discordâncias sobre as medidas, uma vez que economistas afirmam que o Brasil quebrou. Sob justificativa dos créditos mais caros, o Brasil teria realmente falido nas mãos do presidente que viria a renunciar seguidamente. Já outros especialistas afirmam que não passou de uma recessão técnica grave.

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No entanto, é necessário ressaltar que, apenas em São Paulo, mais de 150 mil postos de trabalho deixaram de existir. O PIB (Produto Interno Bruto) diminuiu em US$ 20 bilhões de um ano para o outro. Além disso, houve um desmonte completo do transporte ferroviário, além de cortes no investimento em infraestrutura.

Referências

AZEVEDO, Gislane e SERIACOPI, Reinaldo. Editora Ática, São Paulo-SP, 1ª edição. 2007, 592 p.

Mateus Bunde
Por Mateus Bunde

Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Especialista em Linguagens pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul) e Mestrando em Comunicação pela Universidade do Porto, de Portugal (UP/PT).

Como referenciar este conteúdo

Bunde, Mateus. Plano Collor. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/plano-collor. Acesso em: 31 de January de 2025.

Teste seu conhecimento
01. [FGV] “O Plano Collor foi o mais violento ato de intervenção estatal na economia brasileira, na segunda metade do século. No entanto, ao estrangular a inflação, ele abriu as portas para uma ampla liberalização”.
(Jayme Brener, “Jornal do século XX”)
Sobre esse plano, inserido em uma ordem neoliberal, é correto afirmar que:
a) se pautou pela ampliação do meio circulante, por meio do aumento dos salários e das aposentadorias; liquidou empresas públicas e de economia mista que geravam prejuízo; estabeleceu uma política fiscal de proteção à indústria nacional.
b) criou um imposto compulsório sobre os investimentos especulativos para o financiamento da infraestrutura industrial; liberou a importação dos insumos industriais e restringiu a importação de bens de consumo não-duráveis.
c) estabeleceu-se uma nova política cambial, com um controle mais rígido realizado pelo Banco Central; demissão em massa de funcionários públicos concursados; aumentou a renda tributária por meio da criação do Imposto sobre Valor Agregado.
d) objetivou a privatização de empresas estatais; diminuiu as restrições à presença do capital estrangeiro no Brasil; gerou a ampliação das importações e eliminaram-se subsídios, especialmente das tarifas públicas.
e) aumentou a liberdade sindical com uma ampla reforma na CLT e revogou a opressiva lei de greve; recriou empresas estatais ligadas à exploração e refino de petróleo; congelou os capitais especulativos dos bancos e dos investidores estrangeiros.
02. [UNESP] Desde a década de 1980 vários governos brasileiros adotaram planos econômicos que pretendiam controlar a inflação. Entre as características destes planos, podemos destacar 

a) o Plano Cruzado, implementado em 1986, que eliminou a inflação, congelou preços, proporcionou aumento salarial e gerou recursos para o pagamento integral da dívida externa.
b) o Plano Collor, implementado em 1990, que determinou o confisco de ativos financeiros e eliminou incentivos fiscais em vários setores da economia.
c) o Plano Real, implementado em 1994, que reduziu as taxas inflacionárias, estabilizou o valor da moeda, proibiu aumentos de preços no varejo e provocou forte crescimento industrial.
d) o Plano de Metas, implementado em 2006, que projetou um desenvolvimento industrial acelerado e a inserção ativa do Brasil no mercado internacional.
e) o Plano de Aceleração do Crescimento, implementado em 2007, que apoiou projetos imobiliários, determinou investimentos em infraestrutura e estimulou o crédito.

01. [D]

02. [B]

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