Parlamentarismo às Avessas

Parlamentarismo às Avessas é como ficou conhecido o período de regência do imperador Dom Pedro II no Brasil.

Parlamentarismo às Avessas é um termo usado para designar um modelo de parlamentarismo usado para a gestão do Brasil em uma época determinada. Quando falamos em parlamentarismo, estamos nos referindo a um método de governo que conta com a existência de um Primeiro Ministro que atua ao lado do Presidente, ambos exercendo os poderes do Poder Executivo. No Brasil, esse modelo governamental foi aplicado duas vezes, mas quando nos referimos à “Parlamentarismo às Avessas”, estamos falando do Segundo Reinado no Império.

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Quando Dom Pedro II completou idade para governar, começou a atuar como imperador, porém não sem antes criar um conselho composto por ministros que iriam ajudar a governar o Brasil. Nesse método, portanto, o presidente ou imperador funcionaria como uma aparência, enquanto o Primeiro Ministro era quem realmente tinha o poder de tomar as principais decisões. No Brasil, entretanto, aconteceu de forma inversa, sendo que o imperador era quem tinha a liberdade total de determinar os integrantes do Conselho de Estado, e estes escolheriam os Ministros. Era bastante claro que as ações do conselho eram completamente direcionadas aos interesses de Dom Pedro II.

Mas, afinal, qual a diferença entre Parlamentarismo e o Parlamentarismo às Avessas no Brasil?

Imagem: Reprodução

Para ficar mais claro, vamos explanar um pouco melhor o assunto. O parlamentarismo, como mencionado anteriormente, é um método de governo em que o rei, ou presidente, permanece como figura política, mas sem tanta autonomia, sendo que o Primeiro Ministro seria quem realmente teria o poder de atuar nas decisões. O Parlamento faria uma lista com indicações para Primeiro Ministro, e a partir dela, o rei escolheria um deles para que, ainda assim, o parlamento aprovasse ou não o escolhido.

No Parlamentarismo às Avessas que aconteceu no Brasil, o Parlamento era formado por indicações do Primeiro Ministro, passando por um rodízio indicado por Dom Pedro II. Isso significa que, depois de um determinado período, o imperador fazia a troca do Presidente liberal por um conservador, trazendo um equilíbrio para as disputas. Durante o reinado de Dom Pedro II, esse gabinete foi refeito mais de 30 vezes, sendo que um mesmo conselho não permanecia por mais de dois anos. Dom Pedro II tinha, em suas mãos, portanto, o poder de demitir o ministro, substituindo-o quando houvessem conflitos com seus interesses. Dom Pedro II, portanto, ainda que houvesse um Presidente do Conselho de Ministros, que era responsável pelo poder executivo, era superior, podendo barrar quaisquer decisões tomadas fora de seu interesse. Foi assim que o imperador conseguiu realizar muitas alianças que condiziam apenas com seus interesses para o governo do Brasil.

Referências

História Geral e do Brasil – Maria Yedda Linhares

Natália Petrin
Por Natália Petrin

Formada em Publicidade e Propaganda. Atualmente advogada com pós-graduação em Lei Geral de Proteção de Dados e Direito Processual Penal. Mestranda em Criminologia.

Como referenciar este conteúdo

Petrin, Natália. Parlamentarismo às Avessas. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/parlamentarismo-as-avessas. Acesso em: 16 de September de 2024.

Teste seu conhecimento

01. De que modo Dom Pedro II conseguiu controlar o cenário político da época sem que fosse considerado um monarca de natureza autoritária?

 

02. Por qual motivo o parlamentarismo brasileiro foi consolidado “às avessas”?

01. [Para escapar das críticas e da acusação de autoritarismo, Dom Pedro II utilizava de suas prerrogativas para colocar primeiros-ministros de orientação liberal e conservadora no poder. Na medida em que alternava a presença de tais figuras no governo, abrandava as disputas políticas da época e constituía uma imagem positiva de seu próprio reinado.]

02. [Essa denominação reservada ao parlamentarismo brasileiro se justifica no fato de o imperador ser o responsável pela escolha do primeiro-ministro que determinaria a escolha dos outros integrantes da pasta ministerial. Além disso, por meio do uso do Poder Moderador, ele poderia dissolver a Câmara dos Deputados toda vez que esta não se mostrasse disposta a seguir as recomendações estabelecidas pelos ministérios. Sendo assim, a experiência parlamentar brasileira era avessa por reforçar a autoridade imperial em sua organização.]

 

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