O muralismo mexicano foi um movimento artístico e político ao mesmo tempo. Ao passo em que através da arte mural, em grandes dimensões, conseguia chamar a atenção da população mexicana para suas próprias questões.
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O traço fundamental deste movimento é a intervenção social e política através da arte, levando-a ao povo e, através dela, transmitindo uma mensagem de otimismo e solidariedade em relação à sociedade e à humanidade.
Assim, a escolha da pintura mural, que tornava a arte acessível às massas, foi portanto, fundamental tanto como a escolha dos grandes pintores mexicanos como Orozco, Rivera e Siqueiros, (entre outros) para executá-la.
É importante enfatizarmos também que o muralismo mexicano foi um dos últimos movimentos estéticos em que se verificou a integração das três artes: a pintura, a escultura e a arquitetura.
Em termos formais a influência do realismo socialista no muralismo mexicano foi ultrapassada pela riqueza da experiência estética dos seus protagonistas, que com grande talento sintetizaram várias influências, dando origem a um movimento estético único.
A Revolução Mexicana
Após 35 anos de um governo ditatorial, dirigido por Porfírio Diaz, o México vivia uma época de intensa agitação política nas décadas de 1920 e 1930.
Revolucionários como Pancho Villa e Zapata lutavam ao lado do povo por direitos a terra e melhorias no padrão de vida da classe operária enquanto o círculo conservador se fortalecia cada vez mais.
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Em 1920, com o apoio dos sindicatos e dos segmentos revolucionários do país, foi eleito para a presidência Álvaro Obregón.
E foi com a posse do primeiro líder revolucionário, Álvaro Obregón, que se iniciou um período de otimismo e esperança durante o qual nasceria o movimento muralista.
Para muitos mexicanos, a Revolução Mexicana lhes revelou o México e deu aos pintores olhos para enxergar essa nova realidade.
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Dessa forma, os pintores muralistas inundavam as paredes com imagens reproduzidas das mais variadas formas: realista, alegórica, satírica, etc. Refletindo sempre a história do povo mexicano.
Por que o muralismo mexicano?
Muitos foram os motivos para o predomínio das artes visuais e principalmente do muralismo. Mas muito mais está assossiado ao compromisso que tinha o filósofo revolucionário José Vasconcelos – nomeado por Obregón como presidente da Universidade e Ministro da Educação – com o chamado “Programa Mural”.
Foi José Vasconcelos, o principal impulsionador deste movimento, ao pôr à disposição dos pintores as paredes dos edifícios públicos do México.
Os murais mexicanos possuíam estilo indefinido, pois, para Vasconcelos, o importante era deixar os artistas livres para escolher os seus temas e os muralistas, pelo menos em princípio, exigiam a erradicação da arte burguesa (a pintura de cavalete), e apontavam a tradição de uma arte aberta, para o povo: uma arte que fosse aguerrida, educativa e para todos.
Os principais muralistas mexicanos
Toda a mensagem transmitida pelas obras muralistas está impregnada de ideais socialistas, abordados de uma forma mais idealista e utópica, em Rivera, mais crítica e pessimista, em Orozco ou mais convicta e interventiva, em Siqueiros.
Em termos formais a influência do realismo socialista no muralismo mexicano foi ultrapassada pela riqueza da experiência estética dos seus protagonistas, que com grande talento sintetizaram várias influências, dando origem a um movimento estético único.
Diego Rivera
Diego Rivera iniciou em 1923 os murais do Ministério da Educação em meio a uma grande publicidade.
José Vasconcelos desejava ver uma decoração com motivos de mulheres vestindo trajes típicos de cada um dos estados mexicanos, mas não foi isso que aconteceu.
Num dos pátios do Ministério, onde deveriam ser pintadas figuras simbólicas, Rivera pintou o cotidiano da vida dos trabalhadores mexicanos, retratando desde a índia tecelã, o oleiro e o lavrador, até as oficinas de fundição, usinas de açúcar e minas.
Por cima das portas, ele pintou poemas astecas e símbolos da revolução.
Foi um pintor revolucionário que queria levar a arte ao grande público, nas ruas e edifícios, manejando uma linguagem precisa e direta com um estilo realista, pleno de conteúdo social.
Embora possa parecer que Diego tenha nos afrescos o estilo do realismo socialista, ele sempre foi um rebelde contra quaisquer dogmas, e que em seus trabalhos podemos ver também algo de cubismo, surrealismo, e etc.
Entretanto, Diego Rivera tinha um ideal: queria que a arte fosse de todos.
José Clemente Orozco
Orozco considerava que os outros pintores, em seu nacionalismo, confundiam pintura com arte folclórica.
Também se negava a pintar propaganda: “uma pintura não deveria ser um comentário, mas a coisa em si, não uma reflexão, mas uma compreensão, não uma interpretação, mas uma coisa a ser interpretada”.
A sua pintura estava estruturada de acordo a lógica entre o poder e os perigos dos tradicionais ícones e mitos políticos da Revolução, na qual, certa vez ele também, com entusiasmo, tinha depositado fé.
Davi Alfaro Siqueiros
Dentre os muralistas, Siqueiros era o que tinha maior comprometimento com o mundo moderno, tanto no que diz respeito à temática quanto às técnicas. Para ele a palavra de ordem era: “uma nova direção para uma nova geração de pintores americanos”.
Ele queria uma arte inovadora, que fosse dinâmica e construtiva. A sua linguagem artística tinha raízes na estética modernista do cubismo e do futurismo.
De todas as obras dos muralistas, a de Siqueiros é de longe a mais difícil de ser reproduzida com certo sucesso. Isso se deve ao estilo, à técnica e aos espaços escolhidos para situá-los.
Os lugares eram selecionados por ele, modificados ou construídos de modo a permitir que toda a área da parede ficasse completamente envolvida pelo clima pictórico da criação.
Ele se utilizava de tintas industriais e pistola de jato, mas também se valeu da técnica da fotografia quando usou um projetor para distender as imagens sobre a parede.
Diferentemente de Orozco e Rivera, Siqueiros raramente pintou temas ligados à história mexicana, estando muito mais absorvido pela luta de classes no México de sua época.
Referências
Arte na América Latina – Dawn Ades
Muralismo Mexicano: intelectuais e arte na tentativa de forjar uma nação – Rodrigo Gonçalves Beauclair
Por Luana Bernardes
Graduada em História pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e pós-graduada em Psicopedagogia Institucional e Clínica pela mesma Universidade.
Bernardes, Luana. Muralismo mexicano. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/muralismo-mexicano. Acesso em: 16 de December de 2024.
01. [UERJ]:
A Revolução é uma súbita imersão do México em seu próprio ser (…) é uma busca de nós mesmos e um regresso a mãe. Nela, o México se atreve a ser.
(OCTAVIO PAZ, escritor mexicano. Citado por Grandes Fatos do Século XX. Rio de Janeiro, Rio Gráfica, 1984.)
A Revolução Mexicana, iniciada em 1911, trouxe à tona a organização e a luta de populações camponesas de origem indígena que até hoje utilizam esse movimento como símbolo. A eclosão da Revolução Mexicana pode ser explicada pelos seguintes motivos:
a) A influência do ideário positivista e a atuação dos “científicos” nos movimentos camponeses
b) A luta do campesinato pela propriedade da terra e as reivindicações de setores burgueses por um maior espaço na política
c) A necessidade de uma modernização capitalista e o desejo da burguesia pela ampliação da influência do capital francês no país
d) A união dos liberais e dos comunistas mexicanos contra o porflriato e o interesse dos grandes proprietários na aliança com o capital inglês
02. [FUVEST]: A Revolução Mexicana de 1910, do ponto de vista social, caracterizou-se por:
a) Pela intensa participação camponesa.
b) Pela aliança entre operários e camponeses.
c) Pela liderança de grupos socialistas.
d) Pelo apoio da Igreja aos sublevados.
e) Pela forte presença de combatentes estrangeiros.
01. [UERJ]
Resposta: B
O campesinato aliado aos operários e pequenos burgueses tiveram intensa participação na Revolução Mexicana e assim foram retratados pelo movimento muralista da época.
02. [FUVEST]
Resposta: B
A aliança entre operário e camponeses fortaleceu os setores revolucionários durante a Revolução Mexicana, iniciada em 1910.