Na antiga Grécia, por volta de 2000 a.C. surgiram uma série de narrativas que buscavam explicar a realidade do povo. Transmitidas através da oralidade, elas apresentavam respostas para os fenômenos que ocorriam na natureza e que a compreensão humana, com o uso da razão, não conseguia explicar.
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Além da Grécia, outras civilizações, como a egípcia e a romana, desenvolveram essas narrativas, conhecidas como mitos.
Origem do Universo
A origem do universo foi explicada pelos gregos através da mitologia grega. Conforme a narrativa, no princípio havia apenas o deus Caos (desordem), que resolveu abandonar a solidão e criou Gaia (terra), Eros (amor) e tártaro (espécie de inferno). Posteriormente, Gaia criou Urano (céu), que passou a ser o seu amante.
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Os filhos de Gaia e Urano eram chamados de Titãs, sendo o principal deles Cronos. Com medo de que os seus filhos se voltassem contra ele, Urano passou a prendê-los no tártaro, mais precisamente no ventre de Gaia. Para impedir que essa situação permanecesse, Cronos, com a ajuda de Gaia, fez um podão e cortou a genitália de Urano, que gerou novas divindades através do seu sangue. Sentindo-se traído, Urano separou-se de Gaia e deu origem ao espaço.
Cronos, com medo de perder o lugar que havia conquistado do pai, começou a devorar todos os filhos que possuía com sua amante Reia. Um dos filhos, Zeus, foi trocado por uma pedra sem que Cronos percebesse, a ponto de engoli-la. Ao crescer, Zeus libertou os titãs e conseguiu que Cronos vomitasse seus irmãos. Por fim, Zeus expulsou Cronos do Olimpo e tornou-se o deus principal.
Lugares
Os gregos acreditavam que a Terra fosse chata e redonda, e que seu país ocupava o centro da Terra, sendo seu ponto central, por sua vez, o Monte Olimpo, residência dos deuses, ou Delfos, tão famoso por seu oráculo (BULFINCH, 2002, p. 6).
Conforme a mitologia grega, no Monte Olimpo viviam doze deuses, sendo eles Zeus, Hera, Poseidon, Afrodite, Ares, Hefesto, Dionísio, Ártemis, Apolo, Atena, Hermes e Deméter. No submundo, ou reino dos mortos, vivia Hades, que era casado com Perséfone. Hades tornou-se o rei desse lugar após a vitória sobre os titãs, que foi possível com a ajuda de seus irmãos Zeus e Poseidon.
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Havia entre os gregos, a crença de que respostas poderiam ser obtidas em um lugar chamado Oráculo de Delfos. Lá poderiam consultar os deuses e conseguir informações como a se um casal poderia ter filhos, quem venceria determinada guerra, quem era o mais sábio, etc. Na entrada do oráculo, destacava-se a inscrição: “Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”.
Histórias e semideuses
Entre as inúmeras histórias da mitologia grega, consta o Minotauro, que em um labirinto devorava sete moças e sete rapazes de Atenas todos os anos; a Medusa, que petrificava as pessoas com seu olhar; e a Guerra de Troia, que teria iniciado após um concurso de beleza entre Afrodite, Hera e Atena, tendo como juiz o troiano Páris.
Os gregos também acreditavam na existência de semideuses, também conhecidos por heróis, como Perseu (matou a Medusa), Teseu (matou o Minotauro) e Aquiles (participou da Guerra de Troia). Eles eram fruto das relações amorosas de deuses com mortais.
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As explicações fantásticas criadas na Grécia não podem ser reduzidas a mentiras. Para os gregos, que necessitaram criar narrativas para buscar compreender o que ocorria ao seu redor, elas foram verdade.
O rompimento gradual com a explicação mitológica, ocorreu a partir do surgimento da Filosofia no século VI a.C.. Mesmo com a utilização da razão, o deslumbramento pela mitologia grega ainda permanece na história.
Principais deuses gregos
Zeus: filho de Reia e Cronos. Principal deus e governante do Monte Olimpo.
Poseidon: deus dos mares. Irmão mais velho de Zeus.
Hera: deusa do matrimônio, do parto e da família. Terceira esposa de Zeus.
Atena: deusa da sabedoria. Nasceu da cabeça de Zeus.
Afrodite: deusa do amor e da beleza, nasceu quando Cronos arrancou os testículos de Urano e os jogou ao mar.
Apolo: deus da luz e das artes. Era venerado como o próprio sol.
Ártemis: deusa da caça e da castidade. Era irmã gêmea de Apolo.
Hefesto: deus do fogo. Filho de Zeus com Hera.
Ares: deus da guerra. Um dos amantes de Afrodite e também filho de Zeus.
Deméter: deusa das colheitas e das estações do ano. Filha de Cronos e Reia.
Hermes: mensageiro dos deuses. Filho de Zeus com a deusa Maia.
Dionísio: deus do vinho. Filho de Zeus e a princesa tebana Sêmele.
Referências
BULFINCH, Thomas. O livro de ouro da mitologia: histórias de deuses e heróis. Tradução de David Jardim. 26ª ed. Rio de Janeiro: 2002. 412 p.
Por Adelino Francklin
Graduado em História (UNIFEG), Especialista em História e Cultura Afro-Brasileira (FINOM) e Mestrando em Educação (CUML)
Francklin, Adelino. Mitologia grega. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/mitologia-grega. Acesso em: 24 de November de 2024.
1. [G1–CPS/2014] Uma das mais célebres viagens mitológicas narradas na Antiguidade é a do herói Odisseu (Ulisses), relatada na Odisseia, obra atribuída a Homero.
Entre as várias situações vividas pelo herói, uma delas foi chegar a uma ilha onde habitavam ciclopes, monstros gigantes de um olho só.
Sobre esse encontro, leia o texto a seguir.
– Quem são vocês, estrangeiros? De onde vieram? São comerciantes ou piratas? – perguntou o ciclope.
– Somos gregos, respondeu Odisseu. Retornamos para casa vindos de Troia. Mas tempestades e ventos nos desviaram de nossa rota, pois assim quis Zeus.
– Você é um tolo ou vem de muito longe, já que não sabe que nós, os ciclopes, não nos preocupamos com Zeus nem com outros deuses.
(VASCONCELLOS, Paulo Sérgio de. Mitos gregos. São Paulo: Objetivo, s/d, p. 61. Adaptado)
Refletindo sobre as informações apresentadas, é correto afirmar que, na Antiguidade,
a) os povos gregos valorizavam a razão e não acreditavam na existência de seres divinos.
b) o conceito religioso dos gregos baseava-se na interferência dos deuses na vida humana.
c) as viagens eram ameaçadas pela existência de animais pré-históricos como os ciclopes.
d) os seres humanos ainda não haviam chegado completamente à forma dos Homo Sapiens.
e) a religião e as leis gregas eram baseadas no livro Odisseia, que narrava a Guerra de Troia.
2. [UFSM/2013] Hades, o deus dos infernos, apaixonou-se por Perséfone, filha de Deméter, a deusa da fertilidade. Hades tomou a jovem e puxou-a para dentro do seu carro. Logo depois, abriu uma fenda na terra, mergulhando com sua presa para as profundezas. Deméter passou a procurar a filha e descuidou da natureza, prejudicando as plantações e os pastores. Zeus preocupou-se com o desespero de Deméter e permitiu que ela descesse à mansão dos mortos. Deméter não conseguiu arrancar Perséfone de Hades, mas negociou com ele a permissão da filha ficar metade do ano com a mãe, a outra metade com o esposo. Desde então, quando Perséfone está na superfície, a natureza viceja e, quando ela retorna aos infernos, a Terra fica estéril (FRANCHINI, S.A. As grandes histórias da mitologia greco-romana. POA: L&PM, 2012. p. 38-39. Adaptado).
O mito de Perséfone permite concluir que:
a) os gregos e os romanos ignoravam os mitos como forma de explicação dos fenômenos naturais.
b) os mitos greco-romanos, assim como os hebraicos, tinham apenas objetivos religiosos e não serviam para compreender a sociedade e o mundo natural.
c) a existência dos infernos é um mito de origem hebraica e foi assimilada pelo mundo greco-romano apenas a partir da expansão romana no Oriente.
d) as figuras da mitologia muitas vezes representam forças da natureza e configuram um entendimento fantástico do mundo físico e natural.
e) as estações do ano – primavera, verão, outono e inverno – foram criações divinas, estabelecidas por Zeus para castigar o orgulho dos homens.
1. [B]
A única alternativa que apresenta corretamente as crenças dos gregos é a letra b, por abordar a crença na interferência dos deuses na vida humana. Tal crença na interferência dos deuses é relatada nas obras Ilíada e Odisseia.
2. [D]
O texto evidencia a relação entre a vontade dos deuses e a compreensão da vida natural. Os mitos apresentavam explicações fantásticas, em um contexto em que a razão não era utilizada para a explicação dos fenômenos da natureza.