Ligas Camponesas

As ligas camponesas objetivavam a reforma agrária, lutando pelo posicionamento dos trabalhadores rurais em tempos de industrialização e intenso desemprego na área rural.

Com importante papel na história do Brasil, as ligas camponesas foram um movimento de luta pela reforma agrária no país, que teve início nos anos 1950. O principal nome de incentivo das ligas camponesas foi Francisco Julião, advogado e deputado pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro).

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Com a organização de milhares de trabalhadores rurais que viviam, principalmente no Nordeste brasileiro, como parceiros ou arrendatários, as ligas camponesas utilizavam o lema “Reforma Agrária na lei ou na marra”, atuando contra a estrutura latifundiária no Brasil.

Contexto histórico das ligas camponesas

As ligas camponesas surgiram em um contexto de processo de industrialização, que foi bastante incentivado durante o governo de JK nos anos 1950. Isso porque com a mecanização da produção agrícola em grandes escalas acabou por trazer grande desemprego, bem como a redução de salários, que aumentou ainda mais a insatisfação social das populações pobres na região nordestina.

A miséria dessa região motivou, no ano de 1959, a criação da SUDENE, Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste, que era administrada por Celso Furtado, economista, e objetivava estudar a situação socioeconômica do Nordeste, procurando por soluções imediatas que resolvessem a situação. A Igreja Católica passou, no mesmo ano, a declarar apoio à reforma agrária, o que intensificou o apoio à causa das ligas camponesas.

ligas camponesas
Imagem: Reprodução

Formada no ano de 1954, a primeira liga reuniu 1200 trabalhadores rurais, em Vitória de Santo Antão, em Pernambuco, e essas organizações abandonavam as medidas assistencialistas assumindo uma atuação política mais ativa com relação à luta dos direitos dos trabalhadores rurais, bem como pela distribuição das terras.

Os grandes proprietários de terras, bem como a polícia, passaram a exercer forte repressão ao movimento, que não o enfraqueceu: pelo contrário. Fez com que o movimento se expandisse também para o Rio de Janeiro e Minas Gerais. No ano de 1961, em Belo Horizonte, Minas Gerais, foi realizado o Primeiro Congresso Nacional de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, reivindicando a reforma agrária, bem como a extensão dos direitos trabalhistas aos trabalhadores do campo, de uma forma geral.

Fortalecimento

Houve um grande fortalecimento das reivindicações das ligas camponesas com as medidas tomadas no governo de João Goulart, conhecidas como As Reformas de Base, que foram lançadas no ano de 1963, tendo como pilar a reforma agrária. O que muita gente não sabe é que as ligas camponesas atuando pela reforma agrária uniram-se aos motivos que os militares usaram para executarem o golpe de Estado no ano de 1964, apoiados pelas forças conservadoras do país.

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Durante a ditadura civil militar, as ligas camponesas foram totalmente reprimidas, tendo seus principais líderes presos. A reivindicação pela reforma agrária, pela distribuição de terras, retornou no Brasil nos anos de 1980. Historiadores, inclusive, consideram o MST, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, como um continuador da luta que as ligas camponesas fortaleceram nos anos 1950.

Referências

http://www.fgv.br/CPDOC/BUSCA/dicionarios/verbete-tematico/ligas-camponesas

As ligas camponesas – Fernando Antonio Azevedo

Natália Petrin
Por Natália Petrin

Formada em Publicidade e Propaganda. Atualmente advogada com pós-graduação em Lei Geral de Proteção de Dados e Direito Processual Penal. Mestranda em Criminologia.

Como referenciar este conteúdo

Petrin, Natália. Ligas Camponesas. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/ligas-camponesas. Acesso em: 07 de October de 2024.

Teste seu conhecimento

01. [UEL] “As reformas de base, a grande bandeira unificada dos
anos cinqüenta e sessenta, que se amplifica
extraordinariamente na década do Golpe [de 1964],
significavam o questionamento da repartição da riqueza,
unificando também categorias diversas de trabalhadores
urbanos, classes médias antigas e novas, profissionais de
novas ocupações, agora autonomizados e, em geral,
tendo invertido sua velha relação com o populismo. O
grande debate sobre a educação colocou num novo
patamar a questão da escola pública, da produção
científica e tecnológica, o papel dos cientistas que, nessa
nova relação, tornavam-se ‘intelectuais orgânicos’ da
política, sem que estivessem necessariamente ligados a
partidos. Mas talvez a amplificação mais notável da
política tenha ocorrido mesmo no lado do campesinato e
dos trabalhadores rurais. As Ligas Camponesas, menos
pelo seu real poder de fogo, medido do ponto de vista de
travar uma luta armada com os latifundiários – quando ela
ingressou por essa via seu verdadeiro potencial
revolucionário se exauriu –, deram a fala, o discurso,
capaz de reivindicar a reforma agrária e de dessubordinar
o campesinato, após longos séculos, da
posição de mero apêndice da velha classe dominante
latifundiária.” (OLIVEIRA, F. Privatização do público,
destituição da fala e anulação da política: o totalitarismo
neoliberal. In: Oliveira, F.; Paoli, M. C. (Orgs.). Os
sentidos da Democracia, políticas do dissenso e
hegemonia global. Petrópolis: Vozes, 1999. p. 63.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre
movimentos sociais no Brasil, é correto afirmar:
a) Os movimentos que lutaram pelas “reformas de
base” foram significativos, porque mostraram,
além da importância e da legitimidade de suas
demandas, a sua capacidade de politizar
problemas fundamentais da sociedade brasileira.
b) As Ligas Camponesas, ao potencializarem sua ação
revolucionária por meio da luta armada, lograram a
superação da dominação do latifúndio.
c) As relações populistas foram fundamentais como
forças impulsionadoras dos movimentos pelas
reformas de base.
d) As reformas de base resultaram da unificação
dos trabalhadores urbanos e rurais e das suas
demandas, promovida pelos intelectuais
orgânicos brasileiros.
e) No debate sobre as reformas educacionais, nos
anos que antecederam a 1964, prevaleceu a
pauta ditada pelos interesses do mercado

 

02. [UEL] Os movimentos sociais têm como uma de suas características surgir de um princípio norteador e um problema social, que orientam o projeto coletivo dos envolvidos.

Assinale a alternativa que contém o princípio norteador comum dos movimentos brasileiros, Revolta de Porecatu no Paraná (1950-1951), Ligas Camponesas (1954-1964) e Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (1984):

a) Organizar o agronegócio, modernizando as relações capitalistas no campo através da incorporação dos trabalhadores rurais.

b) Conservar as relações patriarcais no latifúndio, mas modernizando as relações de produção baseadas no trabalho assalariado.

c) Articular os sindicatos de trabalhadores rurais e de proprietários de terras, formando cooperativas sem alterar a estrutura fundiária do país.

d) Transformar a estrutura fundiária do país, fortalecendo os grandes proprietários a partir da coalizão com os médios e pequenos no sentido de ofertarem mais postos de trabalho em suas propriedades.

e) Realizar a reforma agrária alterando a secular estrutura latifundiária, distribuindo terra para famílias de trabalhadores rurais.

01. [A]

02. [E]

 

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