A Índia, juntamente com o Brasil, Rússia e China, faz parte do grupo de países chamado BRIC. A sigla faz alusão às iniciais dos integrantes emergentes. Em 2003, os economistas Wilson e Purushothaman do Banco Goldman Sachs, realizaram um estudo sobre o futuro promissor dos BRICs. O estudo revelou que nas próximas cinco décadas a soma dos seus produtos internos brutos (PIB) deve ultrapassar o PIB do G-6 (Alemanha, Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália e Japão) (PRATES; CINTRA, 2009, p.397).
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Nesse grupo de países emergentes, a Índia chama atenção, entre outros motivos, por ter se tornado independente já no século XX. Fique com a gente nesse texto e saiba como esse processo aconteceu.
O domínio dos Ingleses
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), houve a descolonização e algumas regiões da África e da Ásia conseguiram ficar independentes das potências europeias e se tornaram novas nações. Nesse contexto, um dos processos mais marcantes foi o processo de independência da Índia.
Sob o domínio dos colonizadores ingleses desde o século 18, a Índia era divida em vários principados. Com um imenso território (cerca de 3,3 milhões de km²) era vista como uma colônia que tinha grande importância econômica para a Inglaterra.
Os britânicos não foram os primeiros europeus a chegarem lá. Quem primeiro desembarcou naquelas terras foram os portugueses, seguidos dos holandeses e dos franceses. Mas foram os ingleses que conseguiram obter uma hegemonia sob a região e colonizá-la de fato.
Quando os primeiros navios britânicos chegaram em 1612 e estabeleceram feitorias, a maior parte da Índia era governada pelo Império Mogol, que era fruto da expansão muçulmana na região. Os ingleses por meio da Companhia das Índias Orientais estabeleceram uma intensa comercialização, na qual produtos indianos (seda, algodão, especiarias…) eram trocados por produtos manufaturados da Grã-Bretanha.
A princípio, o Império Mogol não fez oposição à comercialização com os britânicos. Porém, as coisas mudaram em 1756 quando Siraj ud-Daula, nababo da província de Bengala, que era uma espécie de vassalo do imperador mogol, se apossou de uma feitoria britânica fundada em Calcutá. O nababo ordenou ainda que 46 britânicos fossem presos, e a metade deles acabou morrendo.
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Você já deve imaginar que isso terminou em confusão. Pois é. A Companhia Inglesa das Índias Orientais teve um enorme prejuízo e os britânicos resolveram se vingar. Por meio de um exército liderado pelo inglês Robert Clive a Grã-Bretanha conseguiu conquistar a província de Bengala e em 1858, com a tomada de Punjab, no norte do país, os britânicos consolidaram seu domínio colonizador sobre a Índia.
Com a Revolução Industrial, a Índia passou a ser apenas fornecedora de matérias primas. Um grande exemplo foram as tecelagens indianas que acabaram falindo com a concorrência desleal das tecelagens britânicas importadas.
Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) a Inglaterra ficou com a economia enfraquecida e com dificuldades de manter o domínio sobre suas colônias. Nesse cenário, os movimentos nacionalistas liderados por intelectuais indianos ganharam força. Mas havia um empecilho na união dos indianos pela independência: a divisão religiosa entre hindus e muçulmanos. A secular rivalidade entre os grupos religiosos limitava a organização política dos colonizados.
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Gandhi e a Independência da Índia
É muito provável que você já tenha ouvido falar em Gandhi, referência dos movimentos pacifistas. No processo de independência da Índia, ele ganhou destaque atuando como líder do Partido do Congresso, que reunia os hindus. O advogado Mohandas Gandhi era mais conhecido como “Mahatma” ou “Grande Alma”. Ele pregava a resistência à dominação e a luta contra os colonizadores por meio da não-violência e da desobediência civil.
Na desobediência civil o cidadão deixa de obedecer a uma lei com o intuito de mostrar a todos que ela é injusta e por isso deve ser modificada. Nesse caso, é importante que os atos de desobediência sejam acompanhados de justificativas que comprovem que ele é legítimo. A desobediência civil se baseia no direito que o cidadão tem de ser governado por leis justas.
Gandhi conseguiu chamar a atenção do mundo para a causa da liberdade dos indianos desobedecendo às leis inglesas sem se importar em sofrer as punições. Ele também fez greves de fome para sensibilizar hindus e muçulmanos sobre a importância de se unirem pela independência.
Entretanto, havia também o líder da Liga Muçulmana, Mohamed Ali Jinnah, e os conflitos com os hindus eram constantes. Essa realidade conflituosa foi interessante para os ingleses, pois retardou a independência da Índia.
Contudo, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi a gota d’água para o enfraquecimento da Inglaterra e no dia 15 de agosto de 1947, a independência da Índia foi alcançada.
Mas como a rivalidade entre hindus e mulçumanos permaneceu, o país foi divido em dois territórios: Índia e Paquistão (dividido, por sua vez, em Oriental e Ocidental). Logo após a independência, no ano de 1948, Gandhi acabou sendo assassinado por um radical hindu.
Juntamente com a violência persistiu a disputa por terras e em 1948 a ilha do Ceilão, a sudeste do subcontinente indiano, tornou-se o Estado do Sri Lanka. Do mesmo modo, o Paquistão oriental em 1971 tornou-se um novo país, Bangladesh.
Embora os enfrentamentos religiosos na República da Índia tenham diminuído ainda ganham destaque os conflitos na Caxemira, região que é dividida entre a Índia e o Paquistão desde a independência dos dois países em 1947.
Referências
PRATES, Daniela Magalhães; CINTRA, Marcos Antonio Macedo. ÍNDIA: A estratégia de desenvolvimento – da independência aos dilemas da primeira década do século XXI. In: CARDOSO, José Celso; ACIOLY, Luciana, MATIJASCIC, Milko.(Org.) Trajetórias Recentes de Desenvolvimento: estudos de experiências internacionais selecionadas. Brasília, 2009.
Por Isabela Naira
Naira, Isabela. Independência da Índia. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/independencia-da-india. Acesso em: 21 de November de 2024.
01. [Uneal] A Caxemira é um dos focos de conflito na atualidade. Ela é o pivô de uma disputa entre os seguintes países:
a) China e Índia.
b) Paquistão e China.
c) Paquistão e Índia.
d) Índia, Paquistão e Afeganistão.
e) China, Índia e Paquistão.
02. [UDESC] As principais religiões praticadas na Ásia Meridional e no Sudeste são o hinduísmo (dominante na Índia), o islamismo (Paquistão, Bangladesh e Indonésia), o budismo (Indochina e península Malaia) e o catolicismo (Filipinas). O hinduísmo é o grande fator de unidade nacional na Índia, país onde se falam cerca de 17 línguas e 1600 dialetos.
Após a Independência da Índia (1947), a região passou a ser disputada por hindus e muçulmanos. A solução parecia ter sido encontrada com a formação de dois países: Índia, de maioria hindu, e Paquistão, de maioria muçulmana. Porém, a paz não veio; o conflito ressurgiu com muito mais violência. O alvo passou a ser então a Caxemira, região de maioria muçulmana sob domínio da Índia.
No pós-guerra fria, o conflito da Caxemira assume uma importância internacional. Assinale a alternativa que justifica a preocupação mundial acerca desse conflito em questão.
a) Mahatma Gandhi deixou à posteridade hindu um sentimento de ódio e rivalidade contra os muçulmanos.
b) A Índia, pelo seu potencial econômico, ameaça a hegemonia econômica dos EUA, Europa e Japão.
c) O Paquistão quer expandir os seus ideais socialistas na Caxemira.
d) O Paquistão pretende entregar a região aos talibans do Afeganistão.
e) A Índia e o Paquistão são duas potências nucleares com intensa rivalidade e altamente armadas.
01. [C]
02. [E]