A Confederação do Equador tinha um caráter revolucionário e separatista. Ocorrido em Pernambuco, essa união reuniu políticos e revolucionários em prol da separação do Nordeste brasileiro. As características emancipacionistas e republicanas ganharam notoriedade e fama, sobretudo no centro do país. O nome, inclusive, se dá pelo fato da localização ser próxima à linha do Equador. Um movimento que ganha força na província de Pernambuco, em 1824, mas espalha-se rapidamente. As províncias do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte se unem à revolta, encorpando o movimento.
Publicidade
A região de Pernambuco acaba sendo o centro da revolta. O movimento teve participação ampla de toda a sociedade. Contando em seus revoltos, intelectuais, camadas sociais humildes, elites e políticos. Uma revolta que uniu toda uma população em prol de um objetivo em comum. Diferentemente de outras revoltas que ocorriam pelo Brasil, a Confederação do Equador tinha a sua particularidade. A participação da massa popular foi o grande diferencial para a revolta.
Os antecedentes da Confederação do Equador
Os reflexos autoritários e elitistas de Dom Pedro I incomodavam a região nordeste do país. Criou-se um clima instável e de completa insatisfação em várias províncias ao longo do Brasil. As exigências do Império passavam a ser consideradas de “grande abuso por parte do Governo”. Com a dissolução da assembleia, em 1823, muitos líderes locais situados na província acabam se opondo ao Governo.
No nordeste, sobretudo, o tom autoritário do Império incomodava. As crises econômicas acabavam sendo constantes na região, e nada fazia o Governo intervir e dar suporte. O preço do açúcar estagnava, a crise econômica aumentava e a insatisfação crescia. Sob todos estes problemas, o poder em Pernambuco se rebelou contra o Império. A Confederação do Equador começava a tomar forma, preocupando o governo central.
Causas da Revolta
Além das inúmeras insatisfações com as decisões do Império, a Confederação do Equador eclodiu por variadas causas. O poder autoritário e as imposições constantes foram apenas o estopim para que a Revolta pudesse ocorrer. Entre as causas, assim, podem ser destacadas:
- Descontentamento da política centralizadora a qual impôs Dom Pedro I na Constituição de 1824;
- Insatisfação com a Corte Portuguesa e sua influência forte na política interna do Brasil, apesar deste já estar independente;
- Irritação com a imposição de um governador escolhido por Dom Pedro I;
- Elite da província de Pernambuco já havia escolhido Manuel Carvalho Pais de Andrade como governador;
O conflito político de indecisão quanto ao governador escolhido se tornou o grande ponto-chave para eclosão da revolta. A Confederação começava a se formar, e um passo imenso era dado para por fim à autonomia do Império.
Objetivos da Revolta
- Exigia a convocação de uma Assembleia para elaboração de uma nova Constituição com moldes liberais;
- Diminuição da influência estatal nos assuntos que dissesse respeito às províncias;
- Por fim na escravidão;
- Organização de órgãos populares que pudessem fiscalizar as decisões do governo;
- Organização e formação de um governo à parte do Império;
O fim da movimentação e a reação dos governantes
No entanto, a resistência dos revoltos não foi o suficiente. O Império, sob liderança de Thomas Cochrane, trata de controlar o movimento. Não demorou muito para que fosse colocado um ponto final na revolta. O líder dos rebeldes, Frei Caneca, teve sua condenação, sendo fuzilado.
Publicidade
Com as lideranças principais sendo dizimadas, o movimento perdeu força na mesma intensidade que ganhou. Assim, era o fim da Confederação do Equador no mesmo ano em que teve início.
Referências
AZEVEDO, Gislane e SERIACOPI, Reinaldo. Editora Ática, São Paulo-SP, 1ª edição. 2007, 592 p.
Por Mateus Bunde
Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Especialista em Linguagens pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul) e Mestrando em Comunicação pela Universidade do Porto, de Portugal (UP/PT).
Bunde, Mateus. Confederação do Equador. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/confederacao-do-equador. Acesso em: 24 de November de 2024.
01. [UFES]
“Confederação do Equador: Manifesto Revolucionário:
Brasileiros do Norte! Pedro de Alcântara, filho de D. João VI, rei de Portugal, a quem vós, após uma estúpida condescendência com os Brasileiros do Sul, aclamastes vosso imperador, quer descaradamente escravizar-vos. Que desaforado atrevimento de um europeu no Brasil. Acaso pensará esse estrangeiro ingrato e sem costumes que tem algum direito à Coroa, por descender da casa de Bragança na Europa, de quem já somos independentes de fato e de direito? Não há delírio igual (… ).”
(Ulysses de Carvalho Brandão. A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR. Pernambuco: Publicações Oficiais, 1924).
O texto dos Confederados de 1824 revela um momento de insatisfação política contra a:
a) extinção do Poder Legislativo pela Constituição de 1824 e sua substituição pelo Poder Moderador.
b) mudança do sistema eleitoral na Constituição de 1824, que vedava aos brasileiros o direito de se candidatar ao Parlamento, o que só era possível aos portugueses.
c) atitude absolutista de D. Pedro I, ao dissolver a Constituinte de 1823 e outorgar uma Constituição que conferia amplos poderes ao Imperador.
d) liberalização do sistema de mão de obra nas disposições constitucionais, por pressão do grupo português, que já não detinha o controle das grandes fazendas e da produção de açúcar.
e) restrição às vantagens do comércio do açúcar pelo reforço do monopólio português e aumento dos tributos contidos na Carta Constitucional.
01. [C]