Ciclo do Ouro

Apesar da exploração significativa de Portugal no Brasil Colônia durante o Ciclo do Ouro, as cidades das regiões auríferas passaram por grandes avanços e um grande crescimento populacional.

imagem: Reprodução
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Chamamos de Ciclo do Ouro, ciclo da mineração, ou ainda corrida do ouro o período em que a principal atividade econômica da fase colonial do Brasil, era a extração e a exportação do ouro. Esse período teve início ao final do século XVII, fase em que houve uma decadência significativa na exportação do açúcar nordestino em decorrência da concorrência mundial que havia no mercado consumidor. O Período se manteve vigoroso durante as seis primeiras décadas do século XVIII, até que a produção começou a cair devido ao esgotamento progressivo que acontecia nas minas das regiões exploradas. Essas regiões correspondem ao que atualmente é Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.

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Contexto Histórico

O mercado brasileiro de açúcar estava em crise, e isso fez com que Portugal desejasse encontrar novas fontes de renda, já que grande parte dos lucros de Portugal eram provenientes das taxas e dos impostos que eram cobrados no Brasil. Os bandeirantes, então, ao final do século XVII, encontraram as primeiras minas de ouro, e os portugueses acharam que esta seria uma boa nova fonte de renda para fazer a colônia valer a pena.

O período ficou conhecido como corrida do ouro, pois essa descoberta provocou uma corrida, efetivamente, já que a descoberta das minas atraiu brasileiros e portugueses de todos os cantos para as regiões auríferas em busca de enriquecimento rápido. A exploração, entretanto, exigia grandes investimentos em mão de obra, assim como compras de terrenos e equipamentos, de forma que somente aqueles que já eram grandes proprietários rurais, ou ainda grandes comerciantes, puderam investir e lucrar neste mercado.

Mas se os indivíduos poderiam lucrar com a extração do ouro, como é que Portugal lucraria com esse mercado? Muito simples: com a cobrança das taxas e de impostos, como já era habitual em outros mercados. Era preciso que aqueles que encontrassem ouro, pagassem o que ficou conhecido como o quinto. O imposto era cobrado nas Casas de Fundição, que eram órgãos do Governo de Portugal, onde o ouro era derretido e transformado em barras que continham o selo da coroa portuguesa, e 20%, ou seja, um quinto do valor, era retirado para ser enviado para Portugal. Muitos, entretanto, sonegavam os impostos mesmo que isso pudesse causar suas prisões ou outras punições.

Portugal ainda cobrava de cada região, além do quinto, uma determinada quantidade de ouro anual, equivalente a aproximadamente 1000 kg, e quando o valor não era pago, era feita a derrama, situação em que os soldados de Portugal entravam nas casas e retiravam bens dos moradores até que o valor devido fosse alcançado.

Mudanças significativas do período

D. João V teve que criar, durante este período, uma lei para controlar a emigração, tamanho era o fluxo de pessoas que deixavam Portugal para vir ao Brasil. De 300 mil habitantes que eram estimados no ano de 1690, a colônia passou a ter aproximadamente 3 milhões ao final do século XVIII. Segundo historiadores, esse fluxo emigratório que acabou trazendo a imposição de Portugal da língua portuguesa como língua nacional,mais para frente, substituindo o tupi antigo.

Houve um grande desenvolvimento de cidades, além do surgimento, nas regiões auríferas. A vida da cidade ainda foi tomada por um dinamismo que acabou criando novas profissões, além de aumentar atividades não só de trabalho e comerciais, mas também sociais. Isso fez com que fossem, nessas regiões, criadas escolas, teatros, órgãos públicos e igrejas. Dentre as cidades que passaram por esse processo, podemos citar São João Del Rei, Tiradentes, Mariana e Vila Rica, onde atualmente está localizada a cidade de Ouro Preto. Além disso, Portugal acabou decidindo mudar a capital de Salvador para o Rio de Janeiro, já que a região sudeste estava se desenvolvendo e o nordeste passava por um momento de crise. O objetivo era deixar a capital mais próxima do polo de desenvolvimento econômico do Brasil Colônia.

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Revoltas no Ciclo do Ouro

Os cidadãos que passavam pela situação da derrama, obviamente ficavam revoltados com a situação, e com o ouro cada vez mais extraído, menos material ficava disponível, de forma que isso começou a se tornar recorrente. Além disso, cobranças de impostos excessivas, fiscalizações da coroa e as punições severas acabaram provocando importantes reações na população, que se revoltou por várias vezes. Como exemplo, podemos mencionar o movimento contrário ao funcionamento das Casas de Fundição, que ficou conhecido como a Revolta de Felipe de Santos, assim como a própria Inconfidência Mineira, que teve como líder Tiradentes. Esta última objetivava tornar o Brasil independente e livrar do controle da Metrópole.

Referências

História do Brasil – H Vianna
História da América Latina- Leslie Bethell

Natália Petrin
Por Natália Petrin

Formada em Publicidade e Propaganda. Atualmente advogada com pós-graduação em Lei Geral de Proteção de Dados e Direito Processual Penal. Mestranda em Criminologia.

Como referenciar este conteúdo

Petrin, Natália. Ciclo do Ouro. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/ciclo-do-ouro. Acesso em: 22 de December de 2024.

Teste seu conhecimento

01. [Fuvest-SP] Podemos afirmar sobre o período da mineração no Brasil que

a) atraídos pelo ouro, vieram para o Brasil aventureiros de toda espécie, que inviabilizaram a mineração.

b) a exploração das minas de ouro só trouxe benefícios para Portugal.

c) a mineração deu origem a uma classe média urbana que teve papel decisivo na independência do Brasil.

d) o ouro beneficiou apenas a Inglaterra, que financiou sua exploração.

e) a mineração contribuiu para interligar as várias regiões do Brasil e foi fator de diferenciação da sociedade.

02. [UFCE] Leia o trecho abaixo.

“Na mineração, como de resto em qualquer atividade primordial da colônia, a força de trabalho era basicamente escrava, havendo entretanto os interstícios ocupados pelo trabalho livre ou semilivre.”  (Souza, Laura de M. Desclassificados do Ouro: pobreza mineira no século XVIII. 3 ed. Rio de Janeiro: Graal, 1990, p.68)

Com base neste trecho sobre o trabalho livre praticado nas áreas mineradoras do Brasil Colônia, é correto afirmar que:

a) devido à abundância de escravos no período do apogeu da mineração, os homens livres conseguiam viver exclusivamente do comércio de ouro.

b) em função da riqueza geral proporcionada pelo ouro, os homens livres dedicavam-se à agricultura comercial, vivendo com relativo conforto nas fazendas.

c) perseguidos pela Igreja e pela Coroa, os homens livres procuravam sobreviver às custas da mendicância e da caridade pública.

d) sem condições de competir com as grandes empresas mineradoras, os homens livres dedicavam-se à “faiscagem” e à agricultura de subsistência.

e) em função de sua educação, os homens livres conseguiam trabalho especializado nas grandes empresas mineradoras, obtendo confortáveis condições de vida.

01. [E]

02. [D]

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