O desmatamento, ou devastação das florestas, é um dos problemas socioambientais de maior representatividade.
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“A cada instante, um número enorme de grandes árvores é derrubado por empresas exploradoras de madeira, o que tem acarretado a destruição de ecossistemas inteiros.” (TAMDJIAN, 2012, p. 303)
O desmatamento é considerado como um problema socioambiental, pois afeta e diminui a biodiversidade do planeta, causando consequências negativas na qualidade de vida das pessoas. As causas do desmatamento também são humanas, ocasionadas pela ação antrópica no meio, como a retirada de madeiras para exportação e utilizações variadas. Embora em todas as regiões do Brasil o desmatamento seja um problema, ele ganha mais expressividade na Amazônia, gerando preocupações e medidas governamentais para redução deste fenômeno.
“Embora sob proteção oficial, as unidades de conservação na Amazônia brasileira não estão isentas de desmatamento. A falta de ordenamento ou o descumprimento da legislação ensejam atividades predatórias que resultam na destruição da cobertura vegetal natural e sua biodiversidade associada. Ainda que existam tais atividades, as áreas protegidas constituem uma barreira que dificulta seu avanço.” (WWF-BRASIL, 2012, p. 04)
Assim, os projetos governamentais, ou das ONGs, auxiliam nos trabalhos de monitoramento das áreas que sofrem com o desmatamento, mas, por maiores que sejam os esforços, muitas práticas ilegais continuam acontecendo nos interiores das matas. A floresta amazônica, por exemplo, é muito densa, portanto, a retirada de madeiras no interior desta é de difícil visualização e controle. As árvores são retiradas não apenas com a intenção da revenda, mas para formação de pastagens e criação de animais. Do mesmo modo, a expansão dos povoados e cidades ocasiona a derrubada das matas.
1. Amazônia Legal e o desmatamento
Segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a Amazônia Legal é uma área do território brasileiro que compreende nove estados, sendo eles: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e parte do Estado do Maranhão. Essa nomenclatura foi instituída em 1953, com base nas características físicas destes ambientes, com a finalidade do desenvolvimento econômico da região que abrange estes estados. Atualmente há uma preocupação ambiental muito grande com esta área, já que o desenvolvimento também causou graves problemas ambientais, sendo um deles o desmatamento.
No ano de 2013, o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) divulgou os seguintes dados sobre o desmatamento nos estados que fazem parte da Amazônia Legal. Os dados foram obtidos entre Agosto de 2011 e Julho de 2012, pelas atividades realizadas no Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal (PRODES). O resultado encontrado foi de taxas de desmatamento de 4.571 km2 ao ano, conforme mostra a tabela abaixo (Fonte: inpe.br).
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Estado | Desmatamento (km2) |
---|---|
Acre | 305 |
Amazonas | 523 |
Amapá | 27 |
Maranhão | 269 |
Mato Grosso | 757 |
Pará | 1.741 |
Rondônia | 773 |
Roraima | 124 |
Tocantins | 52 |
Amazônia Legal | 4.571 |
Embora os dados ainda sejam preocupantes, foram considerados como menores do que os pesquisadores acreditavam que seriam, sendo que os índices tiveram redução em comparação aos anos anteriores. A imagem abaixo demonstra os índices de desmatamento na Amazônia Legal até o ano de 2009:
Os outros biomas brasileiros também sofrem com o desmatamento, como no caso do Pantanal, em que as matas são derrubadas para dar lugar às pastagens necessárias para criação de gado. Estima-se que o Pantanal mato-grossense tenha perdido entre 12,4 mil quilômetros quadrados de sua vegetação entre os anos de 2002 e 2008, sendo que a pecuária é a principal atividade responsável pelo desmatamento. (DOURADOS AGORA, 2014)
2. Desenvolvimento do Brasil e o desmatamento
Ao longo do desenvolvimento do Brasil, por diversas razões houve a derrubada das matas. A preocupação ambiental é algo relativamente recente, pois as manifestações para preservação dos recursos naturais começaram na década de 1970. Antes disso, a degradação representava progresso, expansão urbana e territorial.
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A história da devastação ambiental no Brasil começa com a retirada do pau-brasil pelos europeus. Hoje a árvore é considerada praticamente extinta, sendo que 90% das árvores deste tipo já foram derrubadas. Posteriormente, a cana de açúcar foi também uma atividade que alterou de forma intensa o meio ambiente brasileiro.
“No século XVI, a expansão desse cultivo pela Zona da Mata nordestina acelerou a devastação da Mata Atlântica: os canaviais se expandiram por meio do desmatamento dessa floresta.” (TAMDJIAN, 2012, p. 267)
Com o passar dos anos, a prática do desmatamento foi tornando-se comum, praticada também pelos agricultores em diversas regiões do Brasil. As expansões dos cafezais, no século XIX, também foram responsáveis pela devastação das florestas. Do mesmo modo, as ocupações das faixas litorâneas comprometeram ainda mais a existência das matas, especialmente da Mata Atlântica.
A retirada de madeiras para construções, bem como para exportação, também contribuiu para devastação das florestas no país. Especialmente nos anos de 1970, com as políticas do Governo Civil Militar em ocupar áreas do Brasil ainda pouco desenvolvidas, intensifica-se o movimento ecológico brasileiro, preocupado com as consequências da ocupação desordenada. A partir dos anos de 1980 houve uma intensificação das preocupações sobre a Amazônia no Brasil, diante da verificação da ampla devastação.
3. Como conciliar desenvolvimento com preservação ambiental?
Há um dilema sobre o qual se debruçam diversos pesquisadores: como aliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental? Para que haja a expansão dos espaços agricultáveis, por exemplo, torna-se “necessário” que árvores sejam derrubadas. Mas, derrubando-se as matas, surgem problemas ambientais e sociais como consequências. Portanto, a discussão é polêmica e envolve questões diversas. Vários espaços de florestas são exterminados pelas construções de infraestrutura, como estradas, mas também hidrelétricas e empresas de grande porte. Esses avanços trazem lucratividade para alguns grupos, e também para o país. De outro lado, a devastação ambiental desequilibra os ecossistemas, comprometendo a qualidade de vida humana. A grande questão que tem sido amplamente debatida é como permitir que o país continue expandindo economicamente, mas sem intervir nos ecossistemas, sem destruir os biomas?
Referências
DOURADOS AGORA. Pantanal perdeu 12 mil quilômetros² de vegetação.
TAMDJIAN, James Onnig. Geografia: estudos para a compreensão do espaço – o espaço geográfico do Brasil. 7º ano. 1ª Ed. São Paulo: FTD, 2012.
TAMDJIAN, James Onnig. Geografia: estudos para compreensão do espaço – o espaço do mundo II. 9º ano. 1ª Ed. São Paulo: FTD, 2012.
WWF-BRASIL. Desmatamento e Mudanças Climáticas. ARPA-Programa Áreas Protegidas da Amazônia: Um novo caminho para a conservação da Amazônia. 2012. Edição atualizada.
Por Luana Caroline
Mestre em Geografia (UNIOESTE); Licenciada em Geografia (UNIOESTE), Especialista em Neuropedagogia (ALFA-UMUARAMA) e Educação Profissional e Tecnológica (FACULDADE SÃO BRAZ).
Künast Polon, Luana Caroline. Desmatamento. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/geografia/desmatamento. Acesso em: 22 de November de 2024.
1. [ENEM/2008] Calcula-se que 78% do desmatamento na Amazônia tenha sido motivado pela pecuária – cerca de 35% do rebanho nacional está na região – e que pelo menos 50 milhões de hectares de pastos são pouco produtivos. Enquanto o custo médio para aumentar a produtividade de 1 hectare de pastagem é de 2 mil reais, o custo para derrubar igual área de floresta é estimado em 800 reais, o que estimula novos desmatamentos. Adicionalmente, madeireiras retiram as árvores de valor comercial que foram abatidas para a criação de pastagens. Os pecuaristas sabem que problemas ambientais como esses podem provocar restrições à pecuária nessas áreas, a exemplo do que ocorreu em 2006 com o plantio da soja, o qual, posteriormente, foi proibido em áreas de floresta (Época, 3/3/2008 e 9/6/2008 – com adaptações). A partir da situação-problema descrita, conclui-se que:
a) O desmatamento na Amazônia decorre principalmente da exploração ilegal de árvores de valor comercial.
b) Um dos problemas que os pecuaristas vêm enfrentando na Amazônia é a proibição do plantio de soja.
c) A mobilização de máquinas e de força humana torna o desmatamento mais caro que o aumento da produtividade de pastagens.
d) O superávit comercial decorrente da exportação de carne produzida na Amazônia compensa a possível degradação ambiental.
e) A recuperação de áreas desmatadas e o aumento de produtividade das pastagens podem contribuir para a redução do desmatamento na Amazônia.
2. [VUNESP/2005] No mapa estão destacados o espaço geográfico da Amazônia Legal e os três Estados onde o desmatamento foi maior em 2002.
a. Identifique esses três Estados, na ordem crescente dos números no mapa.
b. Mencione os Estados que possuem área na Amazônia Legal, mas não fazem parte da Região Norte ou Amazônica.
1. [E]
Com base no problema exposto, é possível afirmar que recuperar as áreas que foram devastadas, bem como a utilização de insumos agrícolas para o desenvolvimento das pastagens, acabam por impedir a expansão das fronteiras agricultáveis, reduzindo os índices de desmatamento.
2.
a. 1) Pará 2) Mato Grosso 3) Rondônia
b. O Mato Grosso, que se localiza na região Centro-Oeste e o Maranhão, na região Nordeste.