“O homem é o lobo do homem”, em latim – homo homini lupus, é uma frase usada pelo filósofo Thomas Hobbes para explicar a natureza humana. Mas ele não é o autor da expressão. Conheça a história da frase e seu significado.
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Quem afirmou que “o homem é o lobo do homem”?
Embora tenha ficado globalmente conhecida como a frase de Thomas Hobbes, quem primeiro afirmou “Homo homini lupus” (O homem é o lobo do homem) foi o dramaturgo romano Plauto (230 a.C. – 180 a.C.). A frase está em sua peça Asinaria, conhecida como “A comédia dos burros ou Comédia do Asno”. A trama envolve um marido avarento que tenta enganar a esposa (uma mulher rica) para roubar-lhe o dinheiro.
Na peça, a expressão aparece da seguinte forma: Lupus est homō hominī, nōn homō, quom quālis sit nōn nōvit (Um homem é um lobo, não um homem, para outro homem que ele ainda não conheceu). Mais adiante, para contrapor essa ideia, Sêneca escreveu em suas famosas Epístolas: Homō, sacra rēs hominī (Homem, objeto de reverência aos olhos do homem).
Depois disso, em 1642, Hobbes publica o livro “Do cidadão”. Logo no primeiro capítulo, na dedicatória ao Conde Willian de Devonshire, ele cita a frase em questão. O tema é desenvolvido ao longo da obra e ressurge na publicação do “Leviatã”, em 1651.
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Thomas Hobbes
Criador do contratualismo, Thomas Hobbes (1588-1679) foi um importante filósofo empirista inglês. Suas obras mais famosas são “Do cidadão” (1642) e “Leviatã” (1651). Na primeira, ele discute as questões relacionadas à natureza humana. Na segunda, Hobbes aborda a necessidade da existência de uma sociedade e de um governo fortes.
Como contratualista, Hobbes busca respostas para: “de onde vem a justiça?” No entanto, diferentemente de outros filósofos, ele não parte da ideia de Deus, de fatos morais e muito menos considera que as pessoas são altruístas, ou seja, pensam no bem das outras. Assim, o filósofo entenderá a justiça como um meio para os homens resolverem problemas de ordem objetiva de acordo com seus interesses.
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Por considerar o homem naturalmente egoísta (em estado de natureza, o homem seria caótico e desordenado), Hobbes propõe o contrato social, ou seja, a ideia de criar um conjunto de regras para organizar a sociedade e beneficiar todas as pessoas. Por fim, de acordo com o filósofo, o único capaz de liderar tal sociedade seria o Leviatã, um rei forte, como no absolutismo. Esse conseguiria evitar o regresso do homem ao seu estado natural de violência.
O que significa “O homem é o lobo do homem”?
Hobbes nasceu quando a Invencível Armada enviou suas tropas à Inglaterra, por conta da cisão inglesa com a Igreja Católica, resultando na Revolução Anglicana. O contexto de guerra, a ditadura de Cromwell e a invasão espanhola influenciaram sua teoria filosófica, política e antropológica.
Assim, a frase “O homem é o lobo do homem, utilizada por Hobbes em sua filosofia, diz respeito ao estado de natureza do homem – para o filósofo, um estado de guerra permanente. Em outras palavras, não existe a noção de propriedade, somente de posse; o medo é difuso, constante, e a liberdade é máxima, sem regras.
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Tendo em vista que o medo orienta o homem em seu estado de natureza, as ações humanas expressam o que é caótico e violento. Desse modo, a ideia do homo homini lupus é dizer que o homem é perigoso para si mesmo, pois sua natureza é egoísta e violenta, quando não governado, ele é o responsável por causar seus próprios males.
Em resumo, a expressão abordada é uma metáfora do homem que faz mal a si mesmo. Não é a sociedade que o corrompe (como pensa Rousseau), não é a natureza que o destrói, mas sim o próprio homem.