John Locke é considerado o pai do empirismo que surgiu no século XVII, tendo como um de seus objetivos se contrapor ao racionalismo de René Descartes. Nesse debate, Locke tentou demonstrar uma forma de obter conhecimento que era mais confiável e verdadeiro sobre a realidade. Entenda mais sobre essa teoria a seguir.
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Índice do conteúdo:
O que é empirismo
O empirismo é uma teoria do conhecimento que defende que todo saber humano advém das experiências sensoriais. Logo, um indivíduo quando nasce é uma tábula rasa, e tudo o que ele sabe será aprendido ao longo de sua vida.
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Essa doutrina vai contra o racionalismo cartesiano que afirma que existem ideias inatas no ser humano e, ainda, que não deveríamos confiar nos sentidos para obter um conhecimento verdadeiro. Ao contrário, para os empiristas as experiências sensoriais são o que nos permitem conhecer qualquer coisa.
Características
O empirismo valoriza e é praticamente sinônimo da experiência, já que é a partir dela que todo conhecimento humano é produzido. Portanto, os saberes são frutos de impressões, abstrações, percepções e sentimentos.
Desse modo, essa filosofia também é cética porque desconfia da extensão a que pode chegar o conhecimento. Em outras palavras, já que o ato de conhecer depende da experiência, os saberes humanos são delimitados nesse campo.
Além disso, os conhecimentos são cumulativos, e podem progredir. Logo, não é porque seres humanos conhecem seu mundo por meio de seus sentidos que seus saberes são desorganizados, mutáveis ou incoerentes.
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Por fim, os empiristas geralmente possuem uma relação com o método experimental da ciência, especialmente graças a Francis Bacon. Desse modo, a formulação de experimentos científicos é uma forma de produção de conhecimento bastante valorizada.
Exemplos
A filosofia empirista pode ser notada a partir de algumas ideias. A seguir, veja alguns exemplos de noções que contém fundamentos nessa corrente teórica.
Raciocínio indutivo
O raciocínio dedutivo parte de hipóteses – ou seja, de uma ideia geral, pretende chegar à realidade particular. Ao contrário, o pensamento indutivo raciocina do particular ao geral. Em outras palavras, a observação dos fatos empíricos deve vir antes de qualquer preconcepção.
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Método experimental
Para o método experimental, a observação sistemática dos fatos é de onde deve sair qualquer teoria científica. Assim, ela também se vale do raciocínio indutivo, e critica as tentativas de especular teorias antes de observar, por meio da experiência, a realidade.
Evidências empíricas
A comprovação de qualquer hipótese só é confirmada pela observação da realidade – e observar é, naturalmente, um ato feito pelos sentidos. Logo, é pelas sensações e a experiência que a verdade pode ser alcançada.
Tabula rasa
Conforme autores empiristas, os conhecimentos humanos são produzidos com a experiência e a aprendizagem. Consequentemente, as pessoas nascem como uma tabula rasa, sem informações ou ideias prévias. Portanto, tudo o que aprendem vem de suas percepções após o nascimento.
Sendo assim, a noção de “experiência” se torna central nas ideias empiristas. A depender do autor, algumas noções podem tomar maior importância.
Empirismo e racionalismo
Na história da filosofia ocidental, o empirismo é oposto ao racionalismo. Por muitos anos, esse embate alimentou diversas reflexões filosóficas. Assim, de um lado, o empirismo argumenta a favor do conhecimento baseado na experiência e, de outro, o racionalismo defende que todo saber se pauta na Razão.
No entanto, essas categorias de classificação nunca são exatas na prática. Por exemplo, o próprio John Locke, considerado o pai do empirismo, continha em seu pensamento alguns elementos que podem ser considerados racionalistas.
Com o tempo, autores de cada vertente produziram reflexões próprias e bastante diversas. Atualmente, esse conflito já é considerado ultrapassado por alguns. Uma das novas teorias do conhecimento que propõe essa superação é a fenomenologia.
Empirismo e iluminismo
O iluminismo emergiu no século XVIII como um movimento filosófico e político, relacionado também a grandes eventos como a Revolução Francesa. Valorizando a razão, os adeptos a essa corrente visavam transformar a sociedade da época, negando as tradições e os regimes monárquicos.
Assim, as filosofias importantes como o racionalismo e o empirismo deram força a esse movimento. Afinal, ambas as correntes de pensamento defendiam a valorização do conhecimento humano e da ciência, sobretudo acima dos saberes religiosos.
Principais filósofos
O empirismo moderno, também chamado de britânico, é representado por diversos autores e influenciou pensadores de diferentes regiões posteriormente. A seguir, confira a uma lista de alguns empiristas:
- Francis Bacon: é considerado um dos precursores do empirismo antes mesmo deste tornar-se uma corrente filosófica, já que ele é um expoente do experimentalismo;
- Thomas Hobbes: o autor, influenciado também por Aristóteles, propunha que o conhecimento humano advinha das sensações ou dos sentidos;
- John Locke: chamado de “pai do empirismo”, faz parte também da corrente do liberalismo e do contratualismo;
- George Berkeley: é um filósofo irlandês que formulou o que ficou conhecido como “empirismo idealista”, propondo um imaterialismo gerado a partir dos sentidos;
- David Hume: foi responsável por dar um novo fôlego ao empirismo, radicalizando alguns aspectos e criando também um ceticismo que chamou de “mitigado” ou ameno;
- Guilherme de Ockham: foi um frade e também filósofo, produzindo reflexões sobre o raciocínio dedutivo. É considerado um possível precursor do empirismo;
- Hermann Ludwig Ferdinand Helmholtz: foi um filósofo alemão e defensor do empirismo, sobretudo na tese de que as ideias não são inatas;
- Leopold von Ranke: também alemão, ele é geralmente caracterizado como um empirista e seu pensamento possuía relações com o idealismo.
Desse modo, o empirismo aparece na filosofia de diversas formas. Por vezes, o pensamento de um empirista pode ser bastante diferente do outro. Por essa razão, é importante entender cada autor em seu contexto.
5 vídeos sobre a filosofia empirista
Embora o debate sobre as ideias empiristas seja bastante amplo, é possível entender melhor inicialmente a sua formulação moderna. Desse modo, confira a seguir uma seleção de vídeos que explanam o assunto de modo didático:
O pai do empirismo: John Locke
Para começar, as ideias de Locke podem ser bastante úteis. Apesar de ter alguns elementos “racionalistas”, suas teorias forneceram um contexto para o desenvolvimento da corrente empirista. Saiba mais.
Racionalismo e empirismo
Pelo menos inicialmente, a filosofia empirista emergiu para se contrapor ao racionalismo, bastante forte entre pensadores da época. Sendo assim, entenda sobre a relação entre ambas as correntes.
Sobre David Hume
David Hume é conhecido por radicalizar alguns pontos do empirismo, além de fornecer novas reflexões para essa linha teórica. Desse modo, ele é um filósofo importante a ser conhecido para aprender sobre a extensão do pensamento empirista.
Francis Bacon e o empirismo
Antes de Locke, Francis Bacon foi um cientista que enfrentou algumas barreiras sociais impostas pela Igreja Católica para expor suas ideias. Pelo menos, é assim que essa figura se tornou tão importante no iluminismo e no empirismo. Entenda sobre esse autor.
A valorização do conhecimento
A filosofia empirista foi uma das correntes teóricas importantes para movimentos políticos como o iluminismo. Nesse contexto, a valorização do conhecimento era central, e essa ideia era estimulada já por diversos autores, como Francis Bacon.
Portanto, essa é uma parte importante da história da filosofia ocidental. Contudo, é necessário também lembrar da pluralidade das correntes teóricas e, por isso, pode ser bastante produtivo estudar um autor em suas próprias ideias e contexto.
Referências
Dicionário de filosofia – José Ferrater Mora;
Empirismo e ceticismo – Oswaldo Porchat de Assis Pereira da Silva;
Hobbes, Locke e Hume: do empirismo ao ceticismo – Sávio Laet de Barros Campos.
Por Mateus Oka
Mestre em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Cientista social pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Realiza pesquisas na área da antropologia da ciência.
Oka, Mateus. Empirismo. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/filosofia/empirismo. Acesso em: 03 de December de 2024.
1. [CEPERJ]
Em sua Investigação acerca do entendimento humano, David Hume fala daquele que considera ser “o único princípio que torna útil nossa experiência e nos faz esperar, no futuro, uma série de eventos semelhantes àqueles que apareceram no passado”. Segundo Hume, esse princípio, que seria o grande guia da vida humana, é:
a) a fé
b) a razão
c) a imaginação
d) o costume
e) o entendimento
Resposta: d
Justificativa: para Hume, empirista, o conhecimento não estaria baseado em fé, razão, imaginação ou entendimento – elementos que estão ligados ao campo das ideias ou da racionalidade. Ao contrário, o costume, a experiência sensorial, é o que fundamenta a vida humana.
2. [UFPR]
A palavra empirismo vem do grego empeiria, que significa experiência. Os empiristas, ao contrário dos racionalistas, enfatizam o papel da experiência no processo do conhecimento. Francis Bacon (1561-1626), influenciado pelo espírito da nova ciência, procurava não um saber contemplativo ou desinteressado, que não tivesse um fim em si, mas sim um saber instrumental, que possibilitasse a dominação da natureza. Seu lema era:
a) Querer é conhecer.
b) Tem que se ver para se crer.
c) Perceber é dominar.
d) Saber é poder.
e) Educar é observar.
Resposta: d
Justificativa: Bacon tinha em suas ideias os germes para o empirismo. Para ele, a ciência deveria atuar no mundo e, portanto, o conhecimento ou os saberes são poder.
3. [VUNESP]
A qual corrente filosófica pertenceu John Locke?
(A) Empirismo.
(B) Metafísica.
(C) Estoicismo.
(D) Existencialismo.
(E) Teoria crítica.
Resposta: A
Justificativa: Locke é conhecido como o pai do empirismo moderno, sendo ele filiado a essa corrente filosófica.