O salto triplo compõe as provas de campo do atletismo e é uma das modalidades mais típicas dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Acompanhe nesta matéria apresenta características dessa prova, incluindo sua história, suas regras e fases do movimento.
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História
As origens do salto triplo estão relacionadas a práticas de povos celtas realizadas há mais de 2000 anos. Na literatura, tais práticas são referidas como brincadeiras em que se buscava atingir a maior distância na queda após a realização de três saltos contínuos. Além disso, também se apresentam como parte da mitologia irlandesa, relacionadas a um evento realizado na forma de jogos por volta de 1820 a. C.
Relacionadas
Além dessas práticas, saltos de até 15 metros também são referidos quanto às Olimpíadas da Antiguidade. Essa distância gera em historiadores a crença de que saltos múltiplos fossem praticados nesse evento, convergindo na criação do salto triplo. No entanto, não há evidências que comprovem que a prova compunha o evento esportivo ou que possa ter emergido desse cenário.
Desse modo, o caráter institucionalizado dessa prática é atribuído ao início do século XIX, quando uma atenção maior passou a ser dedicada à realização técnica do salto triplo. Assim, inicialmente, os irlandeses propunham que os impulsos para o salto fossem realizados todos sobre a mesma perna. Posteriormente, na década de 1850, alemães propuseram que os impulsos se dessem na forma de passadas saltadas, ou seja, com alternância nos apoios.
Envolvimento olímpico
A retomada dos Jogos Olímpicos da Era Moderna mostrou a necessidade de uma padronização da técnica do salto e de suas regras. Desse modo, grande importância é atribuída às exigências posteriormente apresentadas para competições internacionais, sobretudo, do evento olímpico. Conforme essas exigências, os dois primeiros apoios deveriam ocorrer com a mesma perna, independente de qual delas iniciasse o salto.
É importante ressaltar que o salto triplo compõe as provas de campo do atletismo e está presente nos Jogos Olímpicos desde a primeira edição, em Atenas 1896. Entretanto, nessa edição ainda não havia uma regra padronizada para a prova. Também não havia a participação feminina nas competições do evento olímpico.
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O campeão da primeira competição olímpica foi o americano James Connolly, com a marca de 13,71. Apenas cem anos depois, na edição de Atlanta 1996, a participação das mulheres nas provas de salto triplo foi admitida. Assim, nessa edição olímpica, a ucraniana Inessa Kravets conquistou o topo do pódio, com a marca de 15,33 m.
O Brasil no salto triplo
A estreia do Brasil no salto triplo olímpico ocorreu após a 2ª Guerra Mundial, na edição de Londres 1948. Participaram das competições da prova nesse evento os atletas Hélio da Silva, Adhemar Ferreira da Silva e Geraldo de Oliveira, que ocuparam a 11ª, a 8ª e a 5ª colocação, respectivamente.
Em Helsinque 1952 Adhemar superou o recorde mundial duas vezes, com as marcas de 16,12 m e 16,22 m. Além disso, a notoriedade conquistada por esse atleta na modalidade está relacionada à quebra do recorde mundial no ano anterior a esse evento, com a marca de 16,01 m.
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Nas disputas femininas, o Brasil teve como sua primeira representante olímpica a atleta Maria de Souza, que disputou na estreia das mulheres na prova, em Atlanta 1996. No entanto, a atleta não entrou na disputa final, ficando em 22º lugar com a marca de 13,38 m. Outras atletas, como Luciana Santos, Gisele de Oliveira e Keila Costa e Núbia Soares também representaram o país nos eventos olímpicos.
A atleta brasileira de maior destaque na prova é Caterine Ibargüen Mena, que coleciona cinco medalhas em mundiais, três em pan-americanos e duas em Olimpíadas. Caterine se consagrou bicampeã mundial ao conquistar o ouro em 2013 (Moscou) e em 2015 (Pequim). Além disso, também é campeã olímpica na modalidade com prata conquistada na edição Londres 2012 e ouro conquistado na Rio 2016.
Como funciona o salto triplo
Como mencionado acima, o salto triplo é caracterizado, principalmente, pela realização de três saltos de impulsão na busca por maior distância no salto. Assim, a dinâmica dessa prova combina uma corrida a uma sucessão de três saltos que culmina na queda em uma caixa de areia. Desse modo, a marca obtida pelo atleta ao tocar o solo é utilizada para classificar sua colocação na competição.
Fases do salto
- Corrida de aproximação: consiste na realização de uma breve corrida para adquirir velocidade para o salto. Assim, essa aproximação é feita com o intuito de alcançar maior distância no salto, pois impacta na impulsão para o deslocamento, sobretudo, nos momentos de fase aérea (deslocamento horizontal);
- Primeiro salto (hop): é realizado com a perna de impulsão do atleta. Em seguida, essa perna é flexionada, para aumentar a tensão elástica, enquanto a outra perna se mantém estendida. Há, então, uma troca de pernas em fase aérea, em movimento de tesoura que projeta a perna de impulsão à frente, para retomar o contato com o solo;
- Segundo salto (step): nesse momento há a absorção do impacto decorrente da retomada do contado com o solo, mobilizado como impulsão elástica para o salto com a posterior flexão da perna de impulsão. Essa flexão, no entanto, se dá pela “chamada”, ou seja, a de flexão da perna de impulsão para trás e para cima (movimento de patada). Na fase aérea há a estabilização do desequilíbrio com apoio dos braços;
- Terceiro salto (jump): esse salto é realizado com a perna de elevação e consiste no momento de maior contato com o solo. É seguido de outra chamada, realizada com a perna de elevação, com o intuito de potencializar a impulsão para o salto e reduzir a perda da velocidade horizontal;
- Queda: é feita inicialmente com os pés e o atleta deve buscar tocar o quadril na mesma localização em que os pés tocarem o solo na caixa de areia.
Regras básicas
- A prova consiste em um salto com impulsão em um só pé, uma passada e um salto, nessa ordem;
- Cada atleta possui seis tentativas para saltar, sendo três classificatórias (em mais de oito atletas) e três finais (entre os oito classificados);
- A medição dos saltos deve ser feita em relação ao ponto de queda mais próximo à tábua de impulsão, disposta entre o final da pista e a caixa de areia;
- A pista deve medir, no mínimo, 40 metros de comprimento por 1,22 metro de largura. Já a linha de impulsão, partindo da borda mais próxima da caixa de areia, deve estar a pelo menos 13 metros desta, para homens, e a pelo menos 11 metros para mulheres;
- Para a pontuação dos atletas será considerada a melhor marca obtida entre suas tentativas e, para a classificação entre os atletas, as melhores pontuações dentre elas;
- Não é considerado falha se o atleta tocar o solo com a perna de elevação (“passiva”) ao saltar;
Essas são as principais regras do salto triplo, conforme as regras propostas pela World Atletics. Continue a leitura para saber mais sobre essa prova.
Saiba mais sobre o salto triplo
A seguir são apresentados alguns vídeos como sugestões para complementar seus estudos a respeito do salto triplo:
Composição da prova
Nesse vídeo, o professor Moacir Pereira Júnior comenta a respeito de importantes aspectos componentes da prova de salto triplo. Desse modo, fala da distância entre a tábua de impulsão e a caixa de areia, da relação entre a perna de impulsão e a potência do salto e de capacidades motoras a serem priorizadas no aprendizado e treinamento da prova. Assista para saber mais.
Fases do salto
Esse vídeo apresenta comentários acerca de alguns aspectos históricos da prova mencionados na matéria. Ele também demonstra as fases de execução do salto, comentando sobre sua cinemática e complementando as descrições feitas na matéria. No final do vídeo são apresentados exercícios educativos para o aprendizado e treinamento das qualidades necessárias para o salto.
Caracteríticas do salto triplo
Assista ao vídeo para compreender como funciona as regras e as fases do salto triplo. Aproveite o momento para tirar todas as suas dúvidas e faça uma revisão do conteúdo estudado.
O salto triplo é uma das modalidades de campo que compõe as provas de atletismo. Trata-se de uma prova com origens imprecisas, mas tradicionalmente relacionada às disputas olímpicas. Continue seus estudos sobre as provas do atletismo e as modalidades olímpicas conferindo a matéria sobre o salto com vara.
Referências
Salto triplo: o sistema de preparação do desportista – da detecção à promoção do talento (2006) – Nelson Prudêncio.
Análise cinemática do salto triplo de atletas de elite em competição (2015) – Marcio Vianna Prudêncio.
Confederação Brasileira de Atletismo (On-line) – Disponível em: https://www.cbat.org.br/novo/. Acesso em: 20 de jul. de 2021.
World Athletics (On-line) – Disponível em: https://www.worldathletics.org/. Acesso em: 20 de jul. de 2021.
Por João Paulo Marques
Professor de Educação Física graduado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Mestrando em Práticas Sociais em Educação Física (PEF-UEM/UEL). Pesquisador integrante do Grupo de Pesquisa Corpo, Cultura e Ludicidade (GPCCL/UEM/CNPq) e do Grupo de Estudos Foucaultianos (GEF/ UEM/CNPq).
Marques, João Paulo. Salto triplo. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/educacao-fisica/salto-triplo. Acesso em: 21 de November de 2024.
1. [GERCON-2016]
A área para o salto em distância e/ou o salto triplo é composta pelo corredor de salto e pela caixa de areia. No corredor de salto ficam duas tábuas de impulsão. O salto NÃO será válido caso o atleta:
A) Não toque na segunda tábua de impulsão.
B) Se o atleta realizar o segundo salto com a perna contrária ao primeiro salto.
C) Se o atleta realizar o terceiro salto com a perna contrária aos dois primeiros saltos.
D) Se o atleta não queimar o salto no momento da impulsão na primeira tábua de impulsão.
E) Se o atleta ao cair sair pelo lado do fundo da caixa de areia.
A resposta correta é a alternativa B.
A técnica padrão aceita para as competições de salto triplo preveem a realização dos dois primeiros saltos com a mesma perna, sendo ela a perna de impulsão do atleta.
2. [UFRJ-2015]
Uma das considerações sobre o salto é que saltar é elevar-se procurando transpor maior distância ou maior altura. Na modalidade do atletismo, existem, por exemplo, o salto em altura, o salto em distância, o salto com vara e o salto triplo. Sendo assim, para um bom desempenho no salto triplo, o atleta deve aprimorar os componentes básicos de:
A) Velocidade, força, coordenação, equilíbrio e flexibilidade.
B) Velocidade, potência, coordenação, equilíbrio e flexibilidade.
C) Velocidade, potência, elasticidade, equilíbrio e flexibilidade.
D) Velocidade, potência, coordenação, resistência e elasticidade.
E) Força, potência, coordenação, equilíbrio e flexibilidade.
A resposta correta é a alternativa B.
Esses componentes correspondem a aspectos importantes para adequar as ações durante a realização do salto triplo, estando relacionados a habilidades a serem treinadas nos atletas, a fim da maior eficiência e do melhor desempenho.