Embora seja reconhecida pela Federação Internacional de Ginástica (FIG), a ginástica acrobática ainda não integra os Jogos Olímpicos. Entretanto, é disputada oficialmente em todo o mundo. Desse modo, conheça abaixo o percurso histórico, as categorias, os componentes, as regras e os movimentos da modalidade.
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Percurso histórico
Caracterizada pela integração entre dança, ginástica artística e elementos acrobáticos, a ginástica acrobática é uma modalidade cuja origem remete à China e à Grécia Antiga. Constituída como tradições regionais, práticas acrobáticas foram incorporadas a outras, como circenses e esportivas, difundindo-se e ganhando adeptos em todo o mundo. Desse movimento, resultou, em 1957, a realização do primeiro torneio internacional de esportes acrobáticos, com atletas da Polônia, Bulgária e URSS.
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A ginástica acrobática se tornou uma prática competitiva no Oriente. Acrobacias passaram a ser usadas como atividades recreativas no Ocidente e foram sugeridas, ainda, como alternativa àqueles cujo biotipo fosse considerado incompatível com a prática da ginástica artística. Assim, essas pessoas podiam equilibrar outras. Com isso, observaram-se os benefícios dessa prática para o ensino do trabalho em equipe e para o desenvolvimento da confiança.
Nesse direcionamento, foi fundada em Moscou, em 1973, a International Federation of Sports Acrobatics (IFSA), entidade responsável pela criação e instituição de regras, regulamentos, competições e estrutura de arbitragem da ginástica acrobática como esporte oficial. Entretanto, com a intenção de compor o programa olímpico, o que ainda não aconteceu, a IFSA foi diluída e a ginástica acrobática foi vinculada à FIG.
Ginástica acrobática no Brasil
No Brasil, as acrobacias surgiram no campo das artes, sendo inicialmente chamadas de exercícios de força combinados. Sua popularidade aumentou no país quando foi inserido no ensino de ginástica artística da Escola de Aeronáutica do Rio de Janeiro, entre 1940 e 1960. O principal nome associado a essa popularização é o do professor, escritor, paraquedista e acrobata Charles Astor, ministrante de cursos a respeito da prática.
Outras instituições que contribuíram para essa popularização foram a Associação de Professores de Educação Física e a Escola de Educação Física Militar, ambas em São Paulo. Essas instituições atuavam na formação de professores e incluíram a ginástica acrobática no conteúdo curricular. Ainda, com o professor Ricieri Pastori, foi desenvolvida no país a ginástica competitiva, com grupos de acrobacias em instituições militares, clubes e circos.
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Desse modo, com a criação da Federação de Trampolim e Ginástica Acrobática do Estado do Rio de Janeiro, em 1989, as regras regulamentares da modalidade começaram a ser reconhecidas no Brasil. Contudo, o desenvolvimento paralelo e produtivo da modalidade no país se deve, ainda, à Liga Nacional de Desportos Acrobáticos e Ginástica Geral, criada em 2000.
Categorias e componentes
A ginástica acrobática é organizada em 5 categorias competitivas:
- Mista (dupla): base (homem) e volante (mulher).
- Feminina (dupla): base e volante.
- Masculina (dupla): base e volante.
- Feminina (trio): base, intermédio e volante.
- Masculina (quarteto): base, dois intermédios e volante.
Funções e características
Força, agilidade, equilíbrio e estabilidade são características fundamentais exigidas dos ginastas acrobatas pela modalidade. Contudo, outras características são necessárias aos atletas, conforme a função desempenhada. Veja:
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- Base: é responsável por sustentar a figura acrobática, seja nos elementos estáticos ou dinâmicos. Isso requer força, equilíbrio, estabilidade, muita responsabilidade e liderança.
- Volante: tem de executar os elementos acrobáticos, com apoio da base e/ou do intermédio. Sua função requer muito equilíbrio, leveza, flexibilidade, agilidade e coragem.
- Intermédio: cumpre função ora de base, ora de volante. Isso requer versatilidade nas características, exigindo, principalmente, força e flexibilidade.
Agora que você já conhece as características básicas da modalidade e as funções dos ginastas acrobatas, veja as regras fundamentais e os principais movimentos.
Regras e movimentos
Confira as principais regras e movimentos da ginástica acrobática, a fim de compreender de que modo se organiza essa modalidade.
Regras
Nas competições, as equipes devem utilizar todo o tablado para realizar as atividades. O tablado possui dimensões de 12×12 metros e o tempo de duração da série (apresentação) é 2min 30s. Além disso, existem três níveis de participação: Nível 3 (Estreante), Nível 2 (Intermediário) e Nível 1 (Elite). A principal diferença entre os níveis é em relação aos exercícios das séries. Veja:
Nível 1 – Estreante
Para os estreantes, só uma série é obrigatória. Essa deve conter três exercícios estáticos individuais, sendo um coreográfico, um de equilíbrio e um de tumbling. Além disso, a música não pode ser vocalizada e cada pirâmide deve ser sustentada por 3seg. No caso dos quartetos, não é permitida música e não são exigidos elementos individuais nos exercícios estáticos.
Nível 2 – Intermediário
Na categoria intermediária, exige-se uma série livre (combinada) que contenha três exercícios estáticos (equilíbrio), três dinâmicos e três individuais (um coreográfico, um de equilíbrio e um de tumbling). Essa série não pode ser executada por par feminino. As regras de música, tempo da série e das pirâmides são as mesmas do nível 1.
Nível 3 – Elite
Nessa categoria, é exigida a realização de três séries: uma série de exercícios estáticos, uma série de exercícios dinâmicos e uma série final, que deve combinar exercícios estáticos e dinâmicos. As notas das três séries (estática, dinâmica e combinada) são somadas para compor a nota final. Os demais elementos não diferem dos outros dois níveis.
Principais movimentos
- Gatinho: movimento realizado em decúbito dorsal e quatro apoios (com pés e mãos apoiados no solo). É um movimento de base, realizado para sustentar o volante, que pode se apoiar sobre o quadril, ombros ou escápulas da base.
- Apoio dos pés em agachamento: é um movimento de base bastante característico da modalidade. Essa posição requer muita força de membros inferiores da base, que deve se manter estática para que o volante se apoie. O apoio pode ser feito com pés, mão ou outra parte do corpo do volante, conforme a figura acrobática.
- Parada de mãos: essa posição, executada pelo volante, exige técnica e controle muscular, pois o volante deve manter o alinhamento corporal. Em geral, esse movimento constitui uma preparação para figuras acrobáticas mais elaboradas, o volante mantendo-se em parada de mãos.
- Esquadro: é uma posição que exige força, principalmente, dos punhos e ombros, uma vez que o volante realizará essa posição apoiando os membros superiores no solo. Os membros inferiores podem variar de posição, podendo ser feito, por exemplo, um esquadro com pernas afastadas, mantendo as mãos no centro.
- Em pé: essa posição é muito utilizada em inícios de movimentos, permitindo ganhar segurança para futuras figuras acrobáticas com maior grau de dificuldade. É executada pelo volante, geralmente em sustentação, devendo manter-se firme para não gerar desequilíbrio na base.
Esses são alguns dos movimentos fundamentais, a partir dos quais figuras acrobáticas mais elaboradas podem ser realizadas. Outros movimentos característicos da modalidade são: velas, rolamentos, roda, rodantes, paradas de cabeça, flick-flack, pontes e reversões. Você pode conferir outros movimentos e figuras acrobáticas da modalidade nos vídeos disponibilizados a seguir.
Vídeos sobre ginástica acrobática
Abaixo, você encontra alguns vídeos complementares ao conteúdo abordado nesta matéria. Confira para entender melhor a ginástica acrobática.
Prática e categorias
Nesse vídeo, a professora Suzy Pinto apresenta uma aula sobre a modalidade e sua prática. Assista para conferir as diferentes categorias e ver dicas para realizar alguns movimentos em casa.
Apresentação em trio
Aqui, você tem acesso a uma apresentação de ginástica acrobática da categoria trio e pode ver na prática como funciona essa modalidade.
Apresentação em quarteto
Já esse vídeo mostra uma apresentação da categoria quarteto de ginástica acrobática. Veja as diferenças entre a categoria apresentada no vídeo anterior!
Esta matéria abordou a origem da ginástica acrobática, seus componentes, características e regras, funções e categorias, além de movimentos fundamentais da modalidade. Continue conhecendo e estudando o universo gímnico: conheça também a ginástica artística, modalidade que compõe a ginástica acrobática.
Referências
FERREIRA, Cristina M. Ginástica Acrobática. In: SlideShare, 2010.
GARCIA, Achiles Hypolito. Charles Astor: Pioneiro do Paraquedismo e da Ginástica Acrobática
no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, 2015.
MIRANDA, Antônio Carlos Monteiro de; NAKASHIMA, Fernanda Soares. Ginástica Escolar. Maringá: Unicesumar, 2016.
PASTORI, Ricieri. Prof. Ricieri Pastori e ginástica acrobática no Brasil. YouTube, Massanori Takaki, 29 jan. 2015. (15min.)
Por João Paulo Marques
Professor de Educação Física graduado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Mestrando em Práticas Sociais em Educação Física (PEF-UEM/UEL). Pesquisador integrante do Grupo de Pesquisa Corpo, Cultura e Ludicidade (GPCCL/UEM/CNPq) e do Grupo de Estudos Foucaultianos (GEF/ UEM/CNPq).
Marques, João Paulo. Ginástica acrobática. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/educacao-fisica/ginastica-acrobatica. Acesso em: 24 de November de 2024.
1. [UEM-2011]
Com relação à ginástica, assinale o que for correto.
01) Nos saltos da ginástica de trampolim, existe a distinção de três fases: fase de impulso, fase de acrobacia e fase de aterrissagem.
02) Na ginástica aeróbica, os ginastas desempenham funções específicas durante a série de exercícios: base, intermediário, volante ou top.
04) A ginástica acrobática teve sua primeira participação no programa dos Jogos Olímpicos no ano de 2008, na China.
08) A ginástica artística masculina é praticada em seis aparelhos: solo, argolas, mesa de salto, paralelas simétricas, trave de equilíbrio e barra fixa.
16) Saltos, equilíbrios, pivots, flexibilidades e ondas são elementos corporais característicos da ginástica rítmica.
A resposta correta é 17 (01+16).
2. [SESI-2013 (Adaptada)]
Confiar no parceiro é habilidade imperativa para o trabalho em equipes, que consiste em beleza, dinâmica, força, equilíbrio, destreza, coordenação e flexibilidade. Os atletas em grupo devem executar três séries: uma de Equilíbrio, uma Dinâmica e outra Combinada. Deste modo, assinale a alternativa que apresenta a modalidade ginástica da descrição acima.
a) Ginástica Rítmica
b) Ginástica Artística
c) Ginástica Demonstrativa
d) Ginástica Acrobática
e) Ginástica Aeróbica
A resposta correta é a alternativa D.