Referida como uma luta, uma arte e/ou um esporte, a esgrima é caracterizada como uma prática de valores nobres, devido à sua constituição. Nesse texto, abordaremos um pouco a respeito de como essa prática se formou historicamente, além de suas regras e de sua relação com o Brasil. Acompanhe a seguir:
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História da esgrima
A esgrima designa a arte de manusear armas “brancas” (florete, espada e sabre) para atacar, defender e contra-atacar, sendo o único esporte de combate em que o contato corporal não é permitido. Registros históricos de combates com caráter competitivo similares a essa prática remetem ao Egito de 1190, a exemplo do tahtib: uma arte marcial egípcia antiga realizada com paus.
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Também contribuiu para o desenvolvimento da esgrima na Europa o ensino de técnicas de manuseio dessas armas, que compunha parte da formação pessoal de jovens aristocratas franceses, datando de 1471. As primeiras regras da esgrima chegaram a ser esboçadas um século após os registros desse ensino. Apesar disso, sua gênese enquanto esporte data do século XIX, quando suas técnicas e objetivos sofreram transformações pela preocupação com a segurança dos praticantes.
Com o tempo, surgiram instrumentos mais leves e menos perigosos, como o florete, além de equipamentos de proteção (luvas, máscaras e coletes). A partir de 1913, os duelos passaram a ser regulados pela Federação Internacional de Esgrima (International Fencing Federation – FIE) e, em 1896, na primeira edição das Olimpíadas, em Atenas, a esgrima já compunha as modalidades disputadas.
Regras
Por ter sido gestada no bojo aristocrático, a esgrima possui valores nobres que tornam algumas atitudes muito valorizadas, como o respeito mútuo entre adversários, árbitros e público. Esses valores se articulam em suas regras, listadas abaixo:
- A disputa tem início com a entrada de todos os atletas na área de combate, sem o uso de suas máscaras, onde cumprimentam todos os presentes com um movimento de arma.
- A área de combate constitui-se de uma pista metálica, com medidas de 14 metros de comprimento e 2 metros de largura.
- Se o esgrimista sair pelo fundo da pista de combate, um ponto é computado para o adversário.
- O objetivo, na esgrima, é atingir o tronco do esgrimista adversário com a arma.
- A disputa acontece em duas fases: a classificatória (em grupo) e a eliminatória (individualmente).
- Cada toque da arma no corpo do adversário vale um ponto.
- Ao ser tocado, o esgrimista deve gritar “touché”.
- Os pontos são computados eletronicamente pelos sensores embutidos na ponta das armas.
- O vencedor é aquele que conseguir marcar quinze pontos nos nove minutos de duração da disputa.
- A disputa se dá em três tempos, com três minutos de duração cada e intervalo de um minuto entre eles.
- Em caso de empate, após um momento de descanso, a vitória é concedida àquele que pontuar primeiro.
Além das regras, a esgrima possui movimentos técnicos próprios. Os diferentes tipos de movimento podem variar conforme a arma utilizada. Vejamos, portanto, as três armas utilizadas na esgrima.
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Tipos de arma
As armas oficialmente usadas nas disputas são o florete, a espada e o sabre. Cada tipo de arma designa uma modalidade de esgrima. Vejamos suas características:
- Florete: o florete é uma arma leve e pequena, de aproximadamente 90 cm, sendo a mais indicada para os aprendizes. O golpe de florete pode ocorrer apenas com a ponta da arma e deve se restringir à região da cintura do adversário.
- Espada: a espada possui características semelhantes às do florete. No entanto, se a disputa for com o uso de espadas, a ponta pode atingir qualquer parte do corpo do adversário.
- Sabre: o sabre é uma arma mais flexível, de no máximo 88 cm, e que exige uma luta mais ágil do que seria no caso das demais modalidades. O golpe de sabre pode atingir toda a região acima da cintura.
Os três tipos de armas utilizadas na esgrima requerem algumas especificidades nas movimentações. Contudo, algumas técnicas são fundamentais para a prática e não se alteram com o uso de uma ou de outra arma. Nesse sentido, vejamos os principais movimentos da esgrima.
Principais movimentos
A esgrima possui diversas técnicas que orientam os modos como cada modalidade é disputada. Entre essas técnicas, se encontram os movimentos fundamentais, como a posição básica ou de guarda, e os movimentos de deslocamento. Conheça-os a seguir:
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Posição de guarda
Consiste em uma posição de ataque e defesa que permite o deslocamento ágil do esgrimista, para trás ou para a frente. Nessa posição, os pés ficam posicionados em “L” e, as pernas, ligeiramente flexionadas.
Marcha
Denomina o deslocamento frontal, realizado a partir de um movimento rasteiro do pé posicionado à frente. Tal movimento se dá a partir do calcanhar, fazendo com que a perna posicionada atrás acompanhe o corpo no movimento.
Romper
Caracteriza o deslocamento para trás, iniciado pela perna posteriormente posicionada e acompanhado pela perna posicionada à frente.
A fundo
É o movimento de deslocamento para atacar o adversário, caracterizado por um avanço com flexão da perna posicionada à frente e extensão da perna posteriormente posicionada. Acompanha esse movimento a extensão do braço posicionado à frente, o qual empunha a arma.
Os movimentos apresentados são considerados fundamentais para a prática da esgrima, realizados sempre com o intuito de manter a posição de guarda e de tornar os movimentos de deslocamento mais eficientes. Ao todo, a esgrima possui seis movimentos de deslocamento, a partir dos quais são implementadas movimentações técnicas mais específicas, levando em consideração situações que possam ocorrer na dinâmica de combate.
A esgrima no Brasil
A história da esgrima no Brasil remete ao período imperial, uma vez que, enquanto colônia, não haviam Mestres D’arma ou interesse dos colonizadores nesse esporte. Essa história aponta para o interesse de Dom Pedro II em implementar os saberes dessa prática em sua tropa, o que levou ao estabelecimento regimental da esgrima nos cursos de Infantaria e Cavalaria.
Em 1909, já no Brasil República, um curso de esgrima foi criado na Escola de Educação Física da Força Pública de São Paulo. A vinda de Mestres D’arma franceses ao Brasil foi incentivada pela criação do Centro Militar de Educação física, em 1922, no Rio de Janeiro.
Cinco anos depois, a Federação Paulista de Esgrima e a Federação Carioca de Esgrima se unificaram, fundando a Confederação Brasileira de Esgrima. No ano seguinte, a Confederação oficializou as competições no país com a organização do primeiro campeonato e, em 1936, filiou-se à FIE, passando a participar de todos os eventos relacionados à esgrima em nível internacional.
Vídeos para visualizar a teoria em movimento
A seguir, você encontra quatro vídeos complementares que ilustram a história e as regras da esgrima. Veja também seus principais movimentos e possibilidades para ensiná-la e/ou praticá-la em espaços e com materiais adaptados.
História da esgrima
Esse vídeo ilustra a história da esgrima ao longo de sua formação enquanto esporte. Confira!
Principais movimentos da esgrima
O vídeo demonstra os principais movimentos da esgrima, conforme abordados nesse estudo.
Praticando esgrima
Aqui, são apresentadas orientações de uma Mestre D’armas para professores de Educação Física iniciarem o ensino da esgrima, complementando o conteúdo abordado ao demonstrar a execução de alguns dos movimentos apresentados. Há também outros não abordados diretamente nesse texto, além de possibilidades de adaptação do material para a prática da modalidade.
A esgrima é uma prática decorrente de artes marciais egípcias antigas, esportivizada a partir de aspectos da formação pessoal de jovens aristocratas franceses. Esse esporte é a única luta realizada sem contato corporal, compondo os Jogos Olímpicos desde sua primeira edição, em Atenas 1896. Além desse esporte, outras 61 modalidades fazem parte das competições das Olimpíadas, como o atletismo e o voleibol. Não deixe de conferir nossas matérias sobre eles!
Referências
LAFAUGÈRE, Louis Justin. Tratado completo de esgrima. Alegria y Charlain, 1841.
RIBEIRO, Jacques Chiganer Cramer; CAMPOS, Felipe Keese Diogo. História da esgrima, da criação à atualidade. Journal of Physical Education, v. 76, n. 137, pp. 65-69, 2007.
Por João Paulo Marques
Professor de Educação Física graduado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Mestrando em Práticas Sociais em Educação Física (PEF-UEM/UEL). Pesquisador integrante do Grupo de Pesquisa Corpo, Cultura e Ludicidade (GPCCL/UEM/CNPq) e do Grupo de Estudos Foucaultianos (GEF/ UEM/CNPq).
Marques, João Paulo. Esgrima. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/educacao-fisica/esgrima. Acesso em: 21 de November de 2024.
1.
A modalidade florete admite a validade do toque quando:
a) Atinge qualquer parte do corpo.
b) Atinge apenas a região da cintura.
c) Atinge apenas a região do tronco.
d) Atinge apenas acima do da cintura.
A resposta certa é “b) Atinge apenas a região da cintura.”
2.
A modalidade espada admite a validade do toque quando:
a) Atinge qualquer parte do corpo.
b) Atinge apenas a região da cintura.
c) Atinge apenas a região do tronco.
d) Atinge apenas acima do da cintura.
A resposta certa é “a) Atinge qualquer parte do corpo.”
3.
A modalidade sabre admite a validade do toque quando:
a) Atinge qualquer parte do corpo.
b) Atinge apenas a região da cintura.
c) Atinge apenas a região do tronco.
d) Atinge apenas acima da cintura
A resposta certa é “d) Atinge apenas acima da cintura.”
4.
O grito de touché avisa que o esgrimista:
a) Tocou o adversário com a arma.
b) Tocou o adversário na região acima da cintura.
c) Foi tocado pela arma do adversário.
d) Foi derrubado pelo adversário.
A resposta certa é “c) Foi tocado pela arma do adversário.”