Corrida de revezamento

A corrida de revezamento é uma prova do atletismo realizada em equipes com quatro corredores. Os atletas devem revezar entre si no transporte de um bastão durante o percurso de corrida.

A corrida de revezamento é uma das provas de corrida que compõem o atletismo. Ela é organizada em diferentes modalidades e tem como principal característica o revezamento no transporte de um bastão entre os corredores durante a corrida. Confira nesta matéria outras características dessa prova, assim como suas regras, origens históricas e também curiosidades.

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História da prova

A gênese das corridas de revezamento possuem duas vertentes históricas não consensuais às quais são atribuídas seu caráter de revezamento. Uma dessas vertentes remete aos Jogos Panatenaicos, realizados na Grécia Antiga em homenagem à deusa Atena. A segunda vertente explica a gênese dessa prova a partir do sistema de correios dos povos da Pérsia.

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Segundo a narrativa vinculada aos Jogos Panatenaicos, realizava-se nesses jogos uma prova em homenagem à Prometeu, deus que teria levado o fogo aos mortais. Assim, tochas eram revezadas no transporte, sem serem apagadas, até uma pira (fogueira) para, então, acendê-la. Posteriormente, por volta de 1880, a prova teria sido retomada por bombeiros nova-iorquinos que substituíram as tochas por bandeiras vermelhas, passadas a outros corredores ao fim de determinado trajeto.

Já a narrativa vinculada aos correios da Pérsia conta que o rei Ciro, do império persa, ordenou a construção de cavalariças (estábulos) no percurso das estradas do império. Seu intuito era acelerar as entregas das correspondências (bastões com mensagens dentro), diminuindo o tempo de transporte ao propor o revezamento entre os mensageiros. Assim, os mensageiros transportavam as correspondências de uma cavalariça a outra, passando-as a outros mensageiros.

Como é possível perceber nessas duas narrativas, demarca-se como aspecto característico o revezamento no transporte de um objeto com predominante formato cilíndrico. Dessa característica decorre o nome da prova de corrida de revezamento bem como seu objeto (bastão), prova essa que construiria uma modalidade esportiva do atletismo olímpico anos depois, na chamada Era Moderna.

Competições esportivas

A World Athletics, responsável pela regulamentação do atletismo internacionalmente, baseia-se na narrativa vinculada às cavalariças persas. Já a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) concebe como narrativa originária aquela vinculada às Panatenéias. Entretanto, independente dessas narrativas, ambas as entidades esportivas reconhecem que o surgimento das corridas de revezamento na modernidade está relacionado a eventos beneficentes datados da década de 1980, organizados por bombeiros nova-iorquinos, como citado.

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Segundo a CBAt, o primeiro registro de realização desses eventos foi em 17 de novembro de 1883, em Berkeley, uma cidade do estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Nesse evento, bandeiras vermelhas teriam sido revezadas entre os corredores a cada 300 jardas (aproximadamente 275 metros). Assim, alguns anos depois desse evento a prova viria a compor os Jogos Olímpicos da Era Moderna.

É importante destacar que, embora as provas de corrida se apresentem nas Olimpíadas desde sua retomada em 1896, em Atenas, as corridas de revezamento passaram a ser disputadas no atletismo somente na edição de Londres 1908. Além disso, nesse primeiro evento olímpico, a prova teve percurso de 1.600 m, apresentando uma dinâmica diferente da atual.

Essa prova foi disputada em duas etapas de 200 m, seguidas por uma etapa de 400 m e por outra de 800 m. Posteriormente, em Estocolmo 1912, aconteceriam as primeiras provas de revezamento 4×100 e 4×400, no formato conhecido atualmente. Entretanto, essas provas foram disputadas somente por homens.

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As mulheres participaram das corridas de revezamento somente em Amsterdã 1928. Contudo, essa participação se restringiu à prova de revezamento 4×100 até a edição de Munique 1972, quando competiram pela primeira vez no revezamento 4×400. Vale pontuar que no Campeonato Mundial de 2019 foi apresentada uma modalidade mista de revezamento 4×400, introduzida no programa olímpico para a edição de Tóquio 2020.

Como funciona a corrida de revezamento

A corrida de revezamento consiste em provas rasas, ou seja, em que não há obstáculos na pista. Além disso, caracterizam provas de velocidade, pois apresentam percursos que não ultrapassam 400 m de corrida, exceto o revezamento 4×800. Nesse sentido, é importante ressaltar que, embora referida no singular, a corrida de revezamento se refere a provas distintas, com regras e características específicas.

Apesar dessa distinção fundamental, essas provas possuem uma dinâmica parecida, em que grupos de 4 atletas revezam entre si durante a corrida, transportando um bastão durante todo o percurso. Assim, o primeiro atleta parte da posição inicial (abaixado e utilizando o bloco de saída, obrigatoriamente) já empunhando o bastão, que deve ser passado ao corredor seguinte em momento específico da prova.

Desse modo, a passagem do bastão deve acontecer dentro da zona de passagem/revezamento, ou seja, na zona de 20 m delimitada na pista de atletismo. Contudo, os atletas que irão receber o bastão podem optar por iniciar ou não suas corridas na zona de transição, ou seja, nos 10 metros imediatamente anteriores à zona de passagem. Com isso, busca-se a harmonia no ritmo de corrida na passagem do bastão.

É importante considerar que essa passagem pode ser realizada a partir de diferentes técnicas (visual, nãos visual, francês, alemão, uniforme, alternado e variações). Além disso, elas ocorrem em espaços diferentes da pista, conforme as modalidades da corrida, como será explicado a seguir.

Tipos de corrida de revezamento

  • Corrida de revezamento 4×100: nessa prova cada atleta deve percorrer 100 m conduzindo o bastão. Assim, durante o percurso total da prova, realizam o revezamento nas zonas de transição e revezamento, situadas entre 90 e 100 metros (1º zona), 190 e 210 metros (2ª zona) e 290 e 310 metros (3ª zona).
  • Corrida de revezamento 4×400: nesse revezamento os atletas percorrem 400 m cada, ou seja, todos completam uma volta na pista de atletismo. Desse modo, há apenas uma zona de revezamento, que coincide com o local de início da prova. Além disso, nessa prova, após concluída a primeira volta, ou seja, após o primeiro revezamento, os atletas podem correr em outras raias que não aquela em que iniciaram a prova.

É importante frisar que existem outras modalidades de corrida de revezamento além das duas indicadas acima, como 4×200 m e 4×800 m. Entretanto, apenas as provas de 4×100 m e 4×400 m integram as competições olímpicas. Dito isso, veja a seguir as regras básicas dessas provas, conforme propõe a CBAt.

Regras

  • O objetivo da corrida de revezamento é percorrer o trajeto da prova no menor tempo possível — ou na maior velocidade possível;
  • A largada segue os comandos tradicionais das provas de corrida (“às suas marcas”, “prontos” e o aviso sonoro) e deve partir do bloco de saída, em posição abaixada. Caso o atleta queime a saída a equipe é desclassificada;
  • Cada equipe de revezamento é composta por quatro atletas, que devem definir a ordem da corrida previamente à execução da prova. Sendo assim, ocorrerão três passagens de bastão durante a prova;
  • O atleta ao iniciar a prova deve fazê-lo já em posse do bastão de revezamento. Desse modo, na dinâmica da corrida, os membros seguintes da equipe podem prosseguir somente quando estiverem de posse do bastão;
  • O bastão deve ser um tubo liso oco circular de madeira ou metal. Além disso, deve ser colorido, de cor visivelmente distinta dos demais, composto por peça única, com peso mínimo de 50 g, diâmetro de 40 mm (com variação de 2 mm para mais ou para menos) e comprimento entre 0.28 mm e 0.30 mm;
  • A transição do bastão deve ser feita nas zonas de passagem/revezamento (20 m). Caso ocorra fora dos limites dessa zona a equipe é desclassificada;
  • Nas corridas de 4×100 m, os atletas podem utilizar a zona de transição (10 m) para organização do revezamento, desde que esse ocorra na zona de passagem. Nas provas de 4×400 m, no entanto, não há esse complemento;
  • Não é permitido o uso de luvas, colas ou quaisquer outros materiais a fim de melhorar a pegada do bastão.

Curiosidades

Para complementar seus conhecimentos sobre essa prova, veja algumas curiosidades a seu respeito:

  1. A corrida de revezamento é a única prova com caráter coletivo/colaborativo no atletismo. No entanto, apesar de realizada em equipes, continua a ser considerada uma prova individual, sobretudo, devido à função dos corredores;
  2. Na execução ideal das técnicas de passagem do bastão, os braços de ambos os corredores devem estar totalmente estendidos. Esse é um dos aspectos que exigem aperfeiçoado durante o treinamento para a eficiência técnica da passagem e melhor desempenho no tempo da prova, devido à característica dos braços flexionados para melhor eficiência técnica da corrida;
  3. A queda do bastão não desclassifica o atleta ou a equipe, desde que não se busque obter vantagens em distância quando ocorrer. Assim, a menos que a arbitragem considere que a queda do bastão prejudicou outros corredores — neste caso, há a desclassificação da equipe —, o atleta que o derrubar deve recuperá-lo e retomar a corrida a partir do ponto da queda;
  4. Os atletas da corrida de revezamento são chamados velocistas, devido à prova se caracterizar como uma corrida rasa, ou seja, de curta distância. Sendo assim, a velocidade é um fator determinante para o desempenho na prova;
  5. Entre as equipes com mais conquistas olímpicas (ouro, prata e bronze) estão as equipes dos Estados Unidos e da Jamaica;

Essas são algumas curiosidades das corridas de revezamento. Continue a leitura para saber mais sobre essa prova.

Saiba mais sobre a corrida de revezamento

A seguir assista alguns vídeos complementares ao conteúdo desta matéria. Neles são comentados e demonstrados aspectos como características e regras da prova, incluindo sua dinâmica e organização nos espaços da pista de atletismo:

Regras básicas e atividade adaptada

Esse vídeo, produzido por alunos da Universidade Federal de Goiás, explica as regras básicas da corrida de revezamento, como os comandos da largada, as transições durante a prova e as formas de passagem do bastão. Além disso, também é apresentada uma atividade para a vivência da corrida, utilizando-se material e espaço adaptados. Não deixe de conferir!

Provas do atletismo

Nesse vídeo, veja ilustrações das regras básicas das provas do atletismo que incluem corridas, saltos, lançamentos, arremessos e provas combinadas. Entre as ilustrações você pode conferir a organização da corrida de revezamento na pista, observando as zonas de transição e de transferência nas modalidades olímpicas, como ressaltado na matéria. Além disso, confira as características do percurso dessa corrida, assim como das demais provas do atletismo.

Corrida de revezamento misto

A corrida de revezamento misto 4×400 passou a compor os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Assista ao vídeo para conhecer mais sobre a história e o funcionamento desse tipo de prova.

Como demonstrado na matéria, a corrida de revezamento é uma prova subdividida em diferentes modalidades, com regras e características específicas e comuns. Além disso, tem como um de seus diferenciais o fato de ser uma prova de atletismo realizada em equipes. Para continuar seus estudos sobre o atletismo, confira as matérias sobre o lançamento de martelo e o salto em altura.

Referências

Confederação Brasileira de Atletismo (On-line) – Disponível em: Acesso em 19 de jul. de 2021.

Revezamento 4×100 – World Athletics (On-line) – Disponível em: https://www.worldathletics.org/disciplines/relays/4×100-metres-relay. Acesso em: 19 de jul. de 2021.

Revezamento 4×400 – World Athletics (On-line) – Disponível em: https://www.worldathletics.org/disciplines/relays/4×400-metres-relay#topfive=1. Acesso em: 19 de jul. de 2021.

João Paulo Marques
Por João Paulo Marques

Professor de Educação Física graduado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Mestrando em Práticas Sociais em Educação Física (PEF-UEM/UEL). Pesquisador integrante do Grupo de Pesquisa Corpo, Cultura e Ludicidade (GPCCL/UEM/CNPq) e do Grupo de Estudos Foucaultianos (GEF/ UEM/CNPq).

Como referenciar este conteúdo

Marques, João Paulo. Corrida de revezamento. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/educacao-fisica/corrida-de-revezamento. Acesso em: 05 de July de 2024.

Exercícios resolvidos

1. [IMA-2016]

Sobre as corridas de revezamento no atletismo é correto afirmar, EXCETO:
A) O bastão deve ser mantido na mão durante toda a corrida.
B) É o bastão que é cronometrado, e não o corredor.
C) O bastão deve ser transmitido de mão em mão, onde o atleta conseguir passar.
D) Se o bastão cair, o atleta deve pegá-lo de volta.

A alternativa correta é a lera C. A sentença está incorreta porque o bastão deve ser passado ao atleta seguinte na zona de revezamento.

2. [CONSULPAN-2015]

Sobre as corridas de revezamento, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) A prova de revezamento 4 x 100 m e, onde possível, a de 4 x 200 m serão corridas inteiramente em raias.
( ) Linhas de 5 m de largura devem ser pintadas na pista para marcar as distâncias das zonas de passagem e a linha central.
( ) O bastão deve ser carregado na mão durante toda a prova. Se derrubado, deverá ser recuperado pelo atleta que o derrubou. Nesse caso, o atleta pode deixar sua raia para recuperar o bastão desde que, fazendo isso, ele não diminua a distância a ser percorrida.
( ) Cada zona de passagem deve ser de 20 m de comprimento, da qual a linha central é o centro.

A sequência está correta em

A) F, V, F, F.
B) V, F, V, V.
C) V, F, V, F.
D) V, V, V, V.

A sequência correta está em c) V, F, V, F. A alternativa B está incorreta, pois, na corrida de revezamento, não há linha central. Além disso, como explicado na matéria, a zona de passagem é precedida por uma zona de 10 m, somente nas provas de 4×100. A alternativa D está incorreta, pois não há linha central na prova. As posições da zona de passagem são fixas, em locais específicos da pista, variando apenas conforme a modalidade, como explicado na matéria.

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