Assim como as gimnospermas, as angiospermas são plantas vasculares, cujo corpo é dotado de raízes, caule, folhas, flores e sementes. Não dependem da água para a fecundação e se reproduzem por alternância de gerações, sendo o esporófito a fase mais duradoura.
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A grande novidade evolutiva das angiospermas está no desenvolvimento de ovário e fruto para proteção da semente, ausentes em gimnospermas, que apresentam as sementes nuas. Os frutos permitiram também uma maior dispersão da semente, que pode ser realizada tanto por agentes físicos, como o vento, quanto por agentes biológicos, como os animais.
“Assim, enquanto as coníferas dominaram a paisagem da Terra primitiva, as angiospermas dominam o ambiente atual, com cerca de 250.000 espécies conhecidas. Nenhum outro grupo vegetal se aproxima desse número e, talvez, toda essa variedade de espécies seja exatamente a chave para o sucesso das angiospermas, pois elas são capazes de se desenvolver nas mais diversas condições terrestres.” (PAULINO, 2002, p.125)
A importância das angiospermas reside na manutenção dos ecossistemas terrestres, já que são as principais produtoras das cadeias alimentares e na sua aplicação em diversas áreas industriais, seja na alimentação (ervilha, soja, batata) ou na indústria madeireira, como é o caso do jacarandá e do ipê.
1. Reprodução
A Flor
Uma flor completa é constituída das seguintes partes:
- Pedúnculo: eixo de sustentação;
- Receptáculo: estrutura onde se inserem as peças florais;
- Cálice: conjunto de sépalas, folhas modificadas normalmente verdes, que ajudam na sustentação;
- Corola: conjunto de pétalas, folhas modificadas coloridas e cheirosas, adaptadas para a polinização;
- Androceu: aparelho reprodutor masculino, formado por um conjunto de estames;
- Gineceu: aparelho reprodutor feminino, constituído pelos carpelos ou pistilos.
2. Ciclo reprodutivo
Nas angiospermas o esporófito (2n) é a fase mais duradoura, podendo ser monóico (a mesma planta apresenta os órgãos reprodutivos masculinos e femininos) ou dióico (plantas com sexos separados).
- Flor masculina: cada estame é formado por uma antera (2n) e um filete. No interior da antera encontram-se microesporângios, alojados numa estrutura denominada saco polínico. Cada esporângio contém diversas células-mãe dos micrósporos (2n), que ao sofrerem meiose originarão micrósporos (n). Os micrósporos sofrerão mitose e originarão o grão de pólen (n), que ao contrário das gimnospermas, possui ganchos em vez de asas, o que favorece a adesão do grão de pólen aos polinizadores biológicos.
- Flor feminina: o gineceu é dividido em estigma, estilete, ovário e óvulo, onde ocorre a formação do gametófito feminino. A partir de uma célula mãe do megásporo são formados quatro megásporos e um deles sofre três mitoses, originando o gametófito feminino, chamado de saco embrionário. No saco embrionário não há diferenciação de arquegônios, mas sim a formação de uma oosfera (n) (gameta feminino) e a fusão de duas células haplóides (núcleos polares), que darão origem a uma célula diplóide, denominada célula central.
Após a polinização, o grão de pólen será depositado no estigma, havendo o crescimento do tubo polínico e a descida de dois gametas masculinos (núcleos espermáticos) para a ocorrência da dupla-fecundação, fenômeno observado somente nas angiospermas. A oosfera (n) será fecundada por um gameta masculino (n) formando o zigoto (2n), enquanto a célula central (2n) dará origem ao endosperma secundário (3n), após a fecundação pelo outro gameta (n). O endosperma servirá como reserva de nutrientes para o embrião.
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“Constituindo a primeira etapa do processo de formação de sementes, a polinização permite a reprodução sexuada das plantas. Esse tipo de reprodução aumenta a variabilidade genética na espécie, contribuindo para sua adaptação num determinado ambiente.” (PAULINO, 2002, p.129)
Após a fecundação, teremos o desenvolvimento das seguintes estruturas:
- Óvulo semente
- Ovário fruto
- Núcleo espermático + oosfera zigoto
- Núcleo espermático + célula central endosperma secundário
3. Classificação
As angiospermas são divididas em dois grandes grupos, Monocotiledôneas e Dicotiledôneas, de acordo com o número de cotilédones encontrados nas sementes. A quantidade de cotilédones apresentado pela semente é que dá o nome aos dois grupos.
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“Nas primeiras, há apenas um cotilédone em cada semente, mas, em compensação, ela tem um albúmen ou endosperma bem desenvolvido que serve satisfatoriamente à nutrição do embrião nas suas primeiras fases de crescimento. Nas dicotiledôneas, as sementes possuem dois cotilédones, mas em contrapartida não apresentam o albúmen ou endosperma desenvolvido.” (SOARES, 1997, p. 366)
Podemos citar como exemplos de monocotiledôneas o milho, o arroz e o capim. Alguns exemplos de dicotiledôneas são o feijão, a laranjeira e a soja. Observe o quadro abaixo, que ilustra as principais diferenças entre monocotiledôneas e dicotiledôneas:
Você sabia que?
As angiospermas tem aplicação em várias áreas da indústria? Um bom exemplo é a babosa (Aloe vera), que além de ter efeito regenerador e antibacteriano, atua como cicatrizante e calmante, tendo efeito dérmico (cura queimaduras, acnes, hanseníase, psoríase) e capacidade de reidratar o tecido capilar e as cutículas do cabelo.
Referências
CÉSAR, S. J. & SEZAR, S. Biologia: seres vivos – estrutura e função. São Paulo, Ed. Saraiva. 2005. 527 p.
SOARES, J.L. Biologia: volume único. São Paulo, Ed. Scipione. 1997. 509p.
PAULINO, W.R. Biologia atual: volume 2. São Paulo, Ed. Ática. 2002. 450p.
Por Juliana Pacheco
Graduada em Ciências Biológicas (USU), Especialista em metodologia do Ensino da Biologia (Universidade Gama Filho), Mestre em Biologia Parasitária (FIOCRUZ) e Doutoranda em Zoologia (UFRJ)
Pacheco, Juliana. Angiospermas. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/biologia/angiospermas. Acesso em: 23 de November de 2024.
1) [ENEM 2010] “Os frutos são exclusivos das angiospermas, e a dispersão das sementes dessas plantas é muito importante para garantir seu sucesso reprodutivo, pois permite a conquista de novos territórios. A dispersão é favorecida por certas características dos frutos (ex.: cores fortes e vibrantes, gosto e odor agradáveis, polpa suculenta) e das sementes (ex.: presença de ganchos e outras estruturas fixadoras que se aderem às penas e pelos de animais, tamanho reduzido, leveza e presença de expansões semelhantes a asas). Nas matas brasileiras, os animais da fauna silvestre têm uma importante contribuição na dispersão de sementes e, portanto, na manutenção da diversidade da flora.” (CHIARADIA, A. Mini-manual de pesquisa: Biologia. Jun. 2004) (adaptado).
Das características de frutos e sementes apresentadas, quais estão diretamente associadas a um mecanismo de atração de aves e mamíferos?
a) Ganchos que permitem a adesão aos pelos e penas.
b) Expansões semelhantes a asas que favorecem a flutuação.
c) Estruturas fixadoras que se aderem às asas das aves.
d) Frutos com polpa suculenta que fornecem energia aos dispersores.
e) Leveza e tamanho reduzido das sementes, que favorecem a flutuação.
2) [ENEM 2005] Caso os cientistas descobrissem alguma substância que impedisse a reprodução de todos os insetos, certamente nos livraríamos de várias doenças em que esses animais são vetores. Em compensação teríamos grandes problemas como a diminuição drástica de plantas que dependem dos insetos para polinização, que é o caso das:
a) algas.
b) briófitas como os musgos.
c) pteridófitas como as samambaias.
d) gimnospermas como os pinheiros.
e) angiospermas como as árvores frutíferas.
1) [D]
Os frutos carnosos suculentos, coloridos e perfumados atraem animais como aves e mamíferos. Ao comê-los, esses animais dispersam as sementes pelo ambiente juntamente com suas fezes.
2) [E]
As flores coloridas, perfumadas e providas de nectários das angiospermas atraem insetos que, em troca de alimento, transportam pólen de flor em flor. A polinização cruzada aumenta a variabilidade genética dessas plantas frutíferas.