A xilogravura é uma técnica de produção e impressão de imagens que tem como base o princípio da gravura, que consiste na cisão de uma superfície para construção de uma imagem ou escrita de um texto. De acordo com o dicionário Priberam, o prefixo “xilo” é grego e significa “madeira”. Ou seja, trata-se de uma técnica de gravar sobre a madeira. Acompanhe:
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História da xilogravura
Historiadores definem a xilogravura como uma técnica milenar. Acredita-se que sua origem seja chinesa, datada do século VI depois de Cristo. O método era utilizado para impressão de dinheiro e cartas de baralho. Com a invenção do papel, um dos suportes da xilogravura, a técnica passou a ser utilizada por diferentes nações, como o Japão e países europeus.
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A invenção do papel, em conjunto com a xilogravura, permitiu às diferentes nações a impressão de livros, escritos, documentos e outros recursos, devido à possibilidade de replicação. A xilogravura tem um princípio parecido com a da imprensa – ferramenta utilizada para impressão de livros e outros documentos com textos e imagens.
Xilogravura no Brasil
No Brasil, a técnica foi inserida com a chegada dos portugueses. Eles a utilizavam para impressão de livros, mas também como forma de expressão artística, produzindo e registrando imagens do próprio país durante o processo de colonização. A técnica se difundiu pelo país, principalmente no Nordeste, onde foi associada ao cordel.
O cordel
O cordel é uma expressão literária que se tornou muito popular no Nordeste do Brasil, desde o processo da colonização. O cordel é um pequeno folheto narrativo escrito em versos que, comumente, são declamados em feiras e praças públicas. Acredita-se que a sua origem seja europeia e medieval. Os cordéis datam desde a segunda metade do século XIX no país.
A xilogravura se associa ao cordel, pois era a técnica utilizada para a apresentação das ilustrações que acompanhavam os folhetos de cordel. A identidade visual do cordel teve elementos da cultura nordestina inseridos nas ilustrações – inclusive hoje a xilogravura é facilmente associada ao Nordeste brasileiro.
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Como fazer uma xilogravura
A xilogravura pode parecer uma técnica difícil, mas o princípio para fazê-la não é um bicho de sete cabeças. O detalhamento, a complexidade do desenho e a aplicação das cores podem ser um pouco mais complexos, mas qualquer pessoa pode fazer a sua própria xilogravura. Vamos apresentar um tutorial para que você possa entender como se dá o processo:
- Escolha da matriz: a matriz é a superfície em que a gravura será talhada. Para iniciar esse processo, é necessário preparar a madeira, lixando-a e aplicando algum tipo de verniz, para facilitar o trabalho na superfície porosa e manter a durabilidade da matriz.
- Esboçando a imagem: depois que a matriz estiver pronta, é hora de iniciar o esboço que será gravado. O desenho pode ser feito em uma folha de papel comum, que será transferido para um papel vegetal ou manteiga.
- Aplicando na matriz: quando o esboço estiver pronto e transferido para o papel vegetal, é o momento de replicá-lo, com um papel carbono, na matriz. É importante que a transferência seja feita com o desenho ou o texto invertido, pois, no momento de aplicação da gravura na superfície final, o desenho será transferido de forma invertida.
- Gravando na matriz: já com o desenho aplicado sobre a matriz, é hora de iniciar a gravura. Com o auxílio de um estilete ou outro objeto cortante, o desenho deve ser contornado de modo que as linhas sejam levemente afundadas na superfície da matriz.
- Aplicando a tinta: com a gravura feita, aplica-se a tinta sobre toda a matriz. As linhas que ficaram gravadas serão o contorno das formas do desenho.
- Transferindo: com a tinta aplicada, coloca-se a superfície em que o desenho será aplicado, como um papel ou um tecido. Para isso, deve ser aplicada uma leve pressão no papel sobre a matriz. É importante que seja feito com firmeza, para não borrar o resultado.
- Finalizando: depois que a gravura já foi feita, é interessante limpar a matriz para que ela possa ser reutilizada. O desenho estará pronto na superfície em que foi aplicada.
O processo de criação da xilogravura é detalhado e pode levar horas para ser finalizado; isso é variável de acordo com a habilidade dos artistas. Mas, como vimos, não é um bicho de sete cabeças: é uma técnica acessível, popular e milenar.
Principais artistas e obras
A xilogravura foi utilizada por diversos artistas brasileiros e estrangeiros. Alguns usaram a técnica para enriquecer seus trabalhos, como Tarsila do Amaral e Lasar Segall. Entretanto, alguns artistas se especializaram e produziram somente através desse método. A seguir, confira os principais deles:
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J. Borges (1935)
Pernambucano, é tido como um dos maiores nomes da xilogravura no país. Foi considerado um dos melhores xilogravadores do Brasil, devido à memória presente nas ilustrações e no domínio das cores. Veja suas obras:
José Altino (1946)
Paraibano, ilustrador, crítico e professor, produziu muitas xilogravuras associadas à literatura de cordel. Ocupou cargos de cultura importantes no país. Veja seus trabalhos:
Zenon (1918-2002)
Artista visual cearense, atuou em diversos projetos culturais relevantes para o país, aventurando-se pela xilogravura. Observe suas obras:
Anna Carolina Albernaz (1943)
Artista e professora, a carioca foi professora de gravura em diversas instituições. Seu trabalho é criativo e explora outras estéticas no suporte de suas ilustrações. Observe:
Isa Aderne (1923)
Artista paraibana, cenógrafa, pintora e professora. Frequentou a Escola Nacional de Belas Artes, ganhou diversos prêmios e ministrou aulas de xilogravura. Confira suas obras:
O Brasil é rico em artistas da xilogravura; a técnica é comumente encontrada no Nordeste, mas está presente em todo o território. São muitos os artistas envolvidos que merecem destaque e reconhecimento. Além da madeira como matriz, eles se aventuram também gravando em linóleo, isopor, EVA e outros materiais.
Vídeos sobre a arte da xilogravura
Para complementar o conteúdo de xilogravura, assista as videoaulas a seguir. Elas vão contextualizar e apresentar mais imagens que podem auxiliar na sua compreensão. Confira:
Contextualizando…
Esse vídeo do Canal Amarelo Criativo apresenta uma contextualização histórica da técnica e situa sobre como é feita a xilogravura. Acompanhe!
Um pouco mais sobre a xilogravura
A professora Letícia também vai contextualizar a técnica. Além disso, vai apresentar uma forma alternativa de produzi-la com outros materiais; assim, você pode aprender e fazer a sua própria xilogravura.
Aplicando a técnica da xilogravura
Nesse vídeo, você acompanha todos os passos do processo de execução de uma xilogravura. Confira e tire de vez todas as dúvidas!
A xilogravura é apenas uma das diversas técnicas de criação de imagens utilizadas por artistas visuais. Ela também é relacionada à história da imprensa. Para continuar seus estudos, aprenda também sobre a obra de Tarsila do Amaral!
Referências
Desenvolvimento histórico da xilogravura no Japão em confronto com o desenvolvimento da gravura na Europa (1992) – Madalena Natsuko Hashimoto
Literatura de Cordel (2020) – Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras

Por Vanderlei Bachega Junior
Professor de Arte e Teatro. Graduado em Artes Cenicas pela Universidade Estadual de Maringá, habilitação em licenciatura. Mestre e doutorando em Teatro pelo PPG em Teatro da Universidade do Estado de Santa Catarina. Possui especialização em Voz Profissional pela Unyleya. Artista e produtor cultural em Maringá. Dedicado ao ensino fundamental e médio e ao ensino superior.
Bachega Junior, Vanderlei. Xilogravura. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/artes/xilogravura. Acesso em: 10 de March de 2025.
1. [UNICISAL]
FRANKLIN, J. A rica expressão da fantasia sertaneja. FERREIRA, C. (Org.). J. Borges por J. Borges: gravura e cordel no Brasil. Brasília: Ed. da UnB, 2006, p. 104-5 (adaptado).
Ao se restringir à representação do fantástico, a xilogravura (nas gráficas do interior do Nordeste) sensibilizou a elite cultural, passando a ser tema de reportagens em revistas e em jornais e a ter projeção no mercado urbano. Retratando a fantasia sertaneja, a gravura popular ganhou personalidade própria, agigantou-se e desvinculou-se do folheto (literatura de cordel). Tornou-se o mais importante meio de expressão plástica da cultura rural nordestina.
À luz da gravura do pernambucano José Francisco Borges e do trecho do texto de Jeová Franklin, concernente às transformações sofridas pela gravura realizada com matriz de madeira no Nordeste brasileiro, entre as décadas de 60 e 70 do século passado, compreende-se que o processo de autonomização da xilogravura nordestina como obra de arte promoveu
a) o valor artístico dessa “expressão plástica”, desvinculando-o da cultura popular.
b) o valor artístico dessa “expressão plástica”, restringindo-o à “elite cultural”.
c) o reconhecimento do valor artístico dessa “expressão plástica” por diferentes grupos sociais.
d) a modificação do valor artístico dessa “expressão plástica” pela “projeção no mercado urbano”.
e) o reconhecimento do valor artístico dessa “expressão plástica” restrito ao seu grupo social de origem.
Resposta: C
2. [CONSUPLAN]
“Gravura é o processo de gravar ou marcar superfícies para criação de reprodução de imagens por meio de impressão.” A gravura obtida a partir de uma matriz feita na pedra é chamada:
A) Litogravura.
B) Xilogravura.
C) Calcografia.
D) Serigrafia.
E) Silkscreen.
Resposta: A