Conhecido mundialmente por sua relevância e efetividade, o Teatro do Oprimido apresentou a diversas sociedades a transformação social e política que o teatro é capaz de movimentar na vida dos cidadãos. Trata-se de um método de trabalho com a linguagem teatral relacionada à resistência política e à transformação da sociedade. Aprenda mais a seguir:
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O que é Teatro do Oprimido
O Teatro do Oprimido é uma forma teatral que teve seu método desenvolvido por Augusto Boal na década de 1970 no Brasil. Consiste na reflexão sobre os modos de organização social a partir da relação entre oprimido e opressor, visando a transformação da realidade. São técnicas e exercícios de teatro que visam a preparação e conscientização dos sujeitos oprimidos.
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Augusto Boal
Boal (1931-2009) foi um ator, diretor e teatrólogo que desenvolveu o método. Foi diretor do Teatro de Arena em São Paulo, sendo exilado durante a ditadura militar no país. Esteve envolvido com grandes educadores, como Paulo Freire, aproximando-se da educação política e social. Se identificou com o trabalho de Stanislavski e Bertolt Brecht na linguagem teatral, que o influenciaram em seu trabalho.
Características do Teatro do Oprimido
Dentre a diversidade e complexidade das técnicas do método, é possível identificar as características principais dessa forma teatral. Veja abaixo:
- O teatro como mote para reflexão social;
- O teatro como transformador do sujeito;
- Exposição da dualidade entre opressor e oprimido;
- O teatro é considerado um ensaio da vida real;
- Temáticas escolhidas de acordo com a realidade dos indivíduos que participam dos processos;
- Desenvolvido para atores e não-atores;
- Técnicas de trabalho específicas que resultam em organizações de cenas e espetáculos;
- O público é considerado agente durante o espetáculo e pode ser convidado para participar em algumas propostas;
- Apresenta um sistema de troca de papéis que promove a experiência de inversão de posições sociais dos atores-jogadores.
É importante ressaltar que o método não tem como regra a montagem de espetáculos. Pode ser realizado em processos pedagógicos em diversos contextos e oficinas de teatro.
Técnicas do Teatro do Oprimido
Durante sua trajetória fortemente influenciada por questões políticas, Augusto Boal desenvolveu diferentes técnicas de trabalho com o Teatro do Oprimido para situações específicas. Elas envolvem os processos de preparação do trabalho de atores, mas também podem ser inseridas na vida cotidiana. Todas as técnicas precedem um trabalho preparatório antes de serem iniciadas. Acompanhe:
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Teatro Imagem
Essa técnica consiste na reflexão sobre um determinado tema. Os espectadores são convidados a intervir na cena criando uma imagem formada com o corpo – uma espécie de escultura humana que permite a leitura e interpretações das relações criadas.
Teatro Jornal
Prática de teatro popular que consiste na criação e vivência da linguagem teatral a partir de notícias veiculadas na mídia. O trabalho com o jornal aproxima o povo do teatro e o politiza, interpretando a fundo a objetividade das notícias, bem como a negligência a questões sociais que favorecem as situações de opressão.
Teatro do Invisível
Técnica utilizada por atores e não-atores em espaços públicos para a conscientização e levantamento de problematizações e situações de opressão, através de uma representação em meio a espectadores que não sabem que o que está sendo representado é teatro. Essa modalidade é disparadora de discussões acerca de qualquer temática de opressão ou corrupção.
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Teatro Legislativo
Essa forma consiste na utilização da linguagem teatral e seus artifícios para promover discussões em grupos de participantes sobre práticas de conhecimento e entendimento político legislativo, considerando o Estado Democrático. A prática resulta na elaboração de rascunhos de lei, entregues a políticos responsáveis, que visam transformação das situações de opressão.
Teatro Fórum
Prática desempenhada por um grupo de atores que expõe a situação de opressão de um determinado grupo social. Com a participação dos espectadores, propõem-se ensaios dessas situações e a articulação de possíveis resoluções, de modo a serem aplicadas na vida fora do teatro.
Essas formas de fazer teatro foram desenvolvidas em diversos contextos, inclusive fora do Brasil. É importante ressaltar que, além da ideia geral de cada técnica, Boal registrou e difundiu procedimentos de trabalho com cada uma delas, publicados em seus diversos livros. As técnicas apresentam forma de preparação e passos posteriores às suas aplicações.
Vídeos sobre um teatro genuinamente brasileiro
Para complementar as informações que você acompanhou até o momento, apresentamos vídeos que podem te ajudar a compreender o Teatro do Oprimido – principalmente seus reflexos sobre as questões sociais. Confira:
Augusto Boal e sua história
Nesse vídeo, podemos conhecer brevemente a trajetória de Augusto Boal e sua importância para o teatro brasileiro, além da sua relevância internacional. Diretor, pedagogo e político, contribuiu para transformações sociais de muitos brasileiros.
O que é o Teatro do Oprimido?
Esse vídeo é um trecho dos depoimentos do próprio Augusto Boal sobre o que é o Teatro do Oprimido e sua importância. Acompanhe!
Desdobramentos depois de Boal
A diretora Bárbara Santos, que já foi coordenadora do Centro do Teatro do Oprimido no Brasil, comenta sobre o que é e o que representa o método desenvolvido por Boal nas sociedades em que se aplica.
O trabalho de Augusto Boal é reconhecido no mundo todo e existem diversos centros espalhados em todos os continentes que se dedicam a investigar a técnica. O Teatro do Oprimido é tão importante para história do teatro quanto o Teatro Grego. Aprenda mais sobre ele!
Referências
Jogos para atores e não atores (2014) – Augusto Boal
Teatro do Oprimido (2020) – ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras
Por Vanderlei Bachega Junior
Professor de Arte e Teatro. Graduado em Artes Cenicas pela Universidade Estadual de Maringá, habilitação em licenciatura. Mestre e doutorando em Teatro pelo PPG em Teatro da Universidade do Estado de Santa Catarina. Possui especialização em Voz Profissional pela Unyleya. Artista e produtor cultural em Maringá. Dedicado ao ensino fundamental e médio e ao ensino superior.
Bachega Junior, Vanderlei. Teatro do Oprimido. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/artes/teatro-do-oprimido. Acesso em: 21 de November de 2024.
1. [CESPE/CEBRASPE]
Acerca do teatro de Augusto Boal e do Teatro do Oprimido, assinale a opção correta.
A) No teatro de Augusto Boal, a divisão entre atores e público é bem rígida: aos atores é conferido o poder de fala e de ação, enquanto o público deve se manter somente na esfera da observação.
B) O teatro de Augusto Boal vale-se da abertura proporcionada pelo palco italiano para promover a conscientização social e a transformação da realidade.
C) No teatro-fórum, o público é convidado a interagir diretamente, participando de ensaios e treinamentos prévios à apresentação.
D) Augusto Boal criou o Teatro do Oprimido na década de 70 do século XX, com o objetivo de fazer dessa metodologia uma ferramenta de engajamento para a conscientização política, social, ética e estética.
E) Augusto Boal, por meio de seus jogos teatrais, defendia a substituição do ensino formal por práticas cênicas capazes de promover o senso político.
Resposta: D
2. [ENEM]
Dentre os recursos expressivos empregados por Manuel Bandeira no poema, podem-se destacar, no plano da sonoridade, a repetição de fonemas como /v/ (como em vento, varria, vida), que imitam o barulho do vento, evocando dinamicidade e movimento contínuo; e, no plano sintático, a repetição de estruturas de frase, que se configura como importante recurso poético produtor da noção de repetição, da recorrência das mudanças na vida do eu-lírico.
Companhia Teatro do Oprimido. Disponível em: www.ctorio.org.br. Acesso em: 1 jul. 2009 (adaptado).
Considerando-se as características do Teatro do Oprimido apresentadas, conclui-se que
A) esse modelo teatral é um método tradicional de fazer teatro que usa, nas suas ações cênicas, a linguagem rebuscada e hermética falada normalmente pelo cidadão comum.
B) a forma de recepção desse modelo teatral se destaca pela separação entre atores e público, na qual os atores representam seus personagens e a plateia assiste passivamente ao espetáculo.
C) sua linguagem teatral pode ser democratizada e apropriada pelo cidadão comum, no sentido de proporcionar-lhe autonomia crítica para compreensão e interpretação do mundo em que vive.
D) o convite ao espectador para substituir o protagonista e mudar o fim da história evidencia que a proposta de Boal se aproxima das regras do teatro tradicional para
a preparação de atores.
E) a metodologia teatral do Teatro do Oprimido segue a concepção do teatro clássico aristotélico, que visa à desautomação física e intelectual de seus praticantes.
Resposta: C