O classicismo trata de um movimento cultural ocorrido entre os séculos XIV e XVI. Abrangente do ponto de vista artístico, basicamente tinha como objetivo o resgate de elementos da cultura clássica. Como cultura clássica podem ser definidas as artes inspiradas e provindas de origem Greco-romana. O apogeu do classicismo nas artes plásticas, no teatro e na literatura se deu durante o Renascimento. Na música, ele aparece como nova denominação, já no século XVIII, como o Neoclassicismo.
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O movimento torna-se o marco que põe fim a Idade Média, trazendo consigo o início da Idade Moderna. Fazendo referência aos modelos clássicos de produção artística, é na literatura que sua fase áurea transcenderia o tempo. O grande destaque foi para os estilos literários que começaram a ser impulsionados no século XVI e tornaram-se atemporais. Sendo produzidas durante o período de vigor do Renascimento, estas obras também podem ser chamadas de Literatura Renascentista.
O Classicismo e seu precursor
Entender o classicismo não é uma tarefa fácil. Para compreender as intenções do movimento é necessário observar um movimento que surgia antes: o Humanismo. Esta corrente filosófica visava a valorização do ser humano, tal como humano. Tudo o que cercava o ser humano (homem) era de interesse desta corrente.
Surgindo em meados do século XV, o humanismo passa a empreender os conceitos que cercam o antropocentrismo. O antropocentrismo (antropo = homem + centrismo = centro de tudo) era uma afronta ao teocentrismo (teo = Deus). Vigente à época com o poder da Igreja que só crescia, este se tornava, sobretudo, o ponto de grande importância entre os filósofos.
Se durante a Idade das Trevas a Igreja tinha seus privilégios sem contestações, é com o Humanismo que tudo começa a ruir. Os questionamentos e as contestações (Reforma Luterana) foram feitos, e o homem, então, recebe maior atenção e importância. O Humanismo torna-se, assim, a base para um Renascimento da Idade Média e, por conseguinte, do Classicismo.
Características do Classicismo
- A valorização do homem (ser humano), colocando-o como centro do pensamento e filosófico;
- Raciocinar não era só cativante como incentivado e valorizado;
- Reflexões constantes sobre o mundo, o lugar e o objetivo do homem no mundo, no Universo;
- Valorização de culturas clássicas, como o Grego e o Romano;
- O paganismo visto pela Igreja nas obras gregas (paganismo) era exaltado, uma vez que centrava a imagem do homem;
- O hedonismo e a busca pela satisfação interior na busca e consolidação dos desejos;
- Aproveitar o dia ao máximo, gozar dos prazeres da vida e ver o mundo com olhar positivo. O conceito de Carpe Diem salientava esse apreço pela vida, uma vez que esta era efêmera;
- Noção de que o tempo, a vida e o mundo são efêmeros;
- Salientar e exaltar o amor por meio de inspiração platonista;
- Estruturação poética fixa, contendo estrofes demarcadas e rimas presentes;
- Decassílabo (dez sílabas métricas) substituem a redondilha maior (sete sílabas métricas);
- Pensamentos paradoxais, abuso das antíteses e personificação constante;
- Personificação exacerbada, uma vez que nota-se, sobretudo em Camões, a personificação de elementos da natureza virando deuses gregos;
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Referências
AZEVEDO, Gislane e SERIACOPI, Reinaldo. Editora Ática, São Paulo-SP, 1ª edição. 2007, 592 p.
Por Mateus Bunde
Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Especialista em Linguagens pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul) e Mestrando em Comunicação pela Universidade do Porto, de Portugal (UP/PT).
Bunde, Mateus. Classicismo. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/literatura/classicismo. Acesso em: 21 de November de 2024.
01. [FGV-SP]
Assinale a alternativa que completa corretamente a afirmação seguinte:
O movimento desenvolveu-se no apogeu político de Portugal; consiste numa concepção artística baseada na imitação dos modelos clássicos gregos e latinos. Nele, o pensamento lógico predomina sobre a emoção, e a estrutura da composição poética obedece a formas fixas, com a introdução da medida nova, que convive com a medida velha das formas tradicionais.
Trata-se do:
a) Modernismo.
b) Barroco.
c) Romantismo.
d) Classicismo.
e) Realismo.
02. [UFSCar] A questão seguinte baseia-se no poema épico Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, do qual se reproduzem, a seguir, três estrofes.
Mas um velho, de aspeito venerando, (= aspecto)
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
C’um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:
“Ó glória de mandar, ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C’uma aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!
Dura inquietação d’alma e da vida
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios!
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo digna de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana.”
Os versos de Camões foram retirados da passagem conhecida como O Velho do Restelo. Nela, o velho
a) abençoa os marinheiros portugueses que vão atravessar os mares à procura de uma vida melhor.
b) critica as navegações portuguesas por considerar que elas se baseiam na cobiça e busca de fama.
c) emociona-se com a saída dos portugueses que vão atravessar os mares até chegar às Índias.
d) destrata os marinheiros por não o terem convidado a participar de tão importante empresa.
e) adverte os marinheiros portugueses dos perigos que eles podem encontrar para buscar fama em outras terras.
01. [D]
02. [B]