1. Introdução
“A família Ramphastidae é composta por aves conhecidas popularmente como tucanos e araçaris, endêmicas da região Neotropical. Possui cerca de 33 espécies, distribuídas tradicionalmente em seis gêneros.” (PIRES, 2008, p. 1)
Publicidade
Vítimas da ação antrópica, através do tráfico de animais silvestres e das alterações em seu habitat, muitos tucanos vítimas do comércio ilegal morrem durante o deslocamento. O tucano é uma ave de grande importância ecológica, pois participa da dispersão de sementes, essencial para a regeneração de florestas.
“No Pantanal, Ramphastos toco é a representante mais abundante do gênero e responsável por 83,3% da dispersão de sementes de manduvi (Sterculia apetala), árvore que é utilizada pelas araras-azuis (Anodorhynchus hyancinthinus) como ninho.” (CZIULIK, 2010, p. 2).
2. Características
O tucano típico tem a plumagem negra com o pescoço colorido e sua característica predominante é o seu bico achatado lateralmente e de grande comprimento. Apesar de parecer desproporcional ao tamanho do corpo, o bico é leve, representando apenas 1/20 do seu peso corporal. Os tucanos atigem até 66 cm de comprimento e seu bico 23 cm. São caçados como alimento, por sua beleza exuberante e para utilização dos seus bicos na medicina popular.
“Animais do gênero Ramphastos são os principais dispersores de sementes na América Central e, provavelmente, o são na Mata Atlântica (Galetti et al., 2000). Outro estudo apontou que, devido à grande área abrangida em vôo pelos ranfastídeos e à grande diversidade de espécies vegetais utilizadas como alimento por estes, tucanos e araçaris têm papel fundamental na regeneração de florestas.” (JUNIOR, 2012, p. 16)
3. Alimentação
O tucano alimenta-se basicamente de frutos, porém sua dieta também pode incluir insetos, ovos e filhotes de outras aves. Em cativeiro, verduras e rações também são incluídas.
4. Reprodução
A atividade sexual do tucano inicia-se aos três anos de idade. A reprodução ocorre entre a primavera e o verão quando põem cerca de quatro ovos que ficam incubados durante um período aproximado de dezoito dias. Em cativeiro, apresenta índice de sucesso reprodutivo reduzido, muitas vezes, em consequência de erros no manejo sanitário. A expectativa de vida dos tucanos é de, aproximadamente, vinte anos.
Publicidade
“Os tucanos e araçaris fazem parte da coleção de animais de muitos zoológicos e criadouros em todo o mundo, contudo, a maioria dos espécimes existentes em território brasileiro é de animais selvagens já que a reprodução destas aves é ainda inconstante.” (CZIULIK, 2010, p. xxi)
5. Habitat
Os tucanos habitam árvores, fendas e ocos de árvores ou barrancos até trinta metros de altura, em regiões neotropicais, desde o sul do México até o norte da Argentina e Floresta Amazônica. São aves de hábitos diurnos, vivendo e dormindo em bandos cobrindo a cabeça com as asas e a cauda levantada durante a noite, porém, voam sozinhos ou aos pares.
“Apesar de não serem ameaçadas de extinção, projetos de conservação devem considerar estas espécies por sua interação com a recuperação florestal e com outras espécies de aves. O tucano toco (Ramphastos toco), por exemplo, é essencial para o sucesso reprodutivo da arara-azul (Anodorhyncus hyacinthinus),uma das aves mais ameaçadas da América Latina.” (JUNIOR, 2012, p. 16)
Publicidade
Ainda que atualmente não apresente risco de extinção, a preservação deve ser considerada como estratégia de proteção para essa espécie, a fim de evitar que futuramente desapareça do ecossistema.
Referências
ROSS, Jurandyr Luciano Sanches. Geografia do Brasil EdUSP, vol. 3 de Didatica, São Paulo, 1996.
JUNIOR, Francisco Carlos Ferreira. Avaliação sanitária de tucanos e araçaris (aves: piciformes) em cativeiro no estado de Minas Gerais. Escola de Veterinária da UFMG, 2012.
PIRES, Talitha da Cunha. Filogenia de Ramphastidae (Aves: Piciformes), com base em caracteres morfológicos siringeais. Intituto de Biociências, USP/ São Paulo, 2008.
CZIULIK, Marcia. Cuidado Parental de Selenidera maculirostris, Pteroglossus castanotis e Ramphastos toco (piciformes – ramphastidae), no interior de ninhos. Curitiba, 2010.
Por Larissa Aras
Graduada em Ciências Biomédicas (EBMSP) e Especialista em Gestão da Segurança de Alimentos (SENAC)
Aras, Larissa. Tucano. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/biologia/tucano. Acesso em: 23 de November de 2024.
1. [ENEM/2008] Um estudo recente feito no Pantanal dá uma boa idéia de como o equilíbrio entre as espécies, na natureza, é um verdadeiro quebra-cabeça. As peças do quebra-cabeça são o tucano-toco, a arara-azul e o manduvi. O tucano-toco é o único pássaro que consegue abrir o fruto e engolir a semente do manduvi, sendo, assim, o principal dispersor de suas sementes. O manduvi, por sua vez, é uma das poucas árvores onde as araras-azuis fazem seus ninhos.
Até aqui, tudo parece bem encaixado, mas… é justamente o tucano-toco o maior predador de ovos de arara-azul – mais da metade dos ovos das araras são predados pelos tucanos. Então, ficamos na seguinte encruzilhada: se não há tucanos-toco, os manduvis se extinguem, pois não há dispersão de suas sementes e não surgem novos manduvinhos, e isso afeta as araras-azuis, que não têm onde fazer seus ninhos. Se, por outro lado, há muitos tucanos-toco, eles dispersam as sementes dos manduvis, e as araras-azuis têm muito lugar para fazer seus ninhos, mas seus ovos são muito predados.
De acordo com a situação descrita:
A) o manduvi depende diretamente tanto do tucano-toco como da arara-azul para sua sobrevivência.
B) o tucano-toco, depois de engolir sementes de manduvi, digere-as e torna-as inviáveis.
C) a conservação da arara-azul exige a redução da população de manduvis e o aumento da população de tucanos-toco.
D) a conservação das araras-azuis depende também da conservação dos tucanos-toco, apesar de estes serem predadores daquelas.
E) a derrubada de manduvis em decorrência do desmatamento diminui a disponibilidade de locais para os tucanos fazerem seus ninhos.
2. [ENEM] Na Região Amazônica, diversas espécies de aves se alimentam da ucuúba (Virola sebifera), uma árvore que produz frutos com polpa carnosa, vermelha e nutritiva. Em locais onde essas árvores são abundantes, as aves se alternam no consumo dos frutos maduros, ao passo que em locais onde elas são escassas, tucanos-de-papo-branco (Ramphastus tucanos cuvieri) permanecem forrageando nas árvores por mais tempo.
Por serem de grande porte, os tucanos-de-papo-branco não permitem a aproximação de aves menores, nem mesmo de outras espécies de tucanos. Entretanto, um tucano de porte menor (Ramphastus vitellinus ariel), ao longo de milhares de anos, apresentou modificação da cor do seu papo, do amarelo para o branco, de maneira que se tornou semelhante ao seu parente maior. Isso permite que o tucano menor compartilhe as ucuúbas com a espécie maior sem ser expulso por ela ou sofrer as agressões normalmente observadas nas áreas onde a espécie apresenta o papo amarelo.
O fenômeno que envolve as duas espécies de tucano constitui um caso de:
a) Mutualismo, pois as duas espécies compartilham os mesmos recursos.
b) Parasitismo, pois a espécie menor consegue se alimentar das ucuúbas.
c) Relação intraespecífica, pois ambas as espécies apresentam semelhanças físicas.
d) Sucessão ecológica, pois a espécie menor está ocupando o espaço da espécie maior.
e) Mimetismo, pois uma espécie está fazendo uso de uma semelhança física em benefício próprio.
1. [D]
Como a nidificação da arara-azul ocorre principalmente no manduvi, as aves desta espécie necessitam da dispersão deste vegetal, que depende do hábito nutricional dos tucanos-toco. Logo, a conservação das araras-azuis está condicionada à existência dos tucanos-toco, mesmo sendo esta espécie de tucano, predadora dos ovos das araras-azuis.
2. [E]