Judô

O Judô é uma arte marcial japonesa, praticada no Brasil e no mundo como um esporte de combate.

Esta matéria aborda alguns elementos constitutivos do Judô, uma prática de autodefesa criada no Japão na segunda metade do século XIX. A seguir, são apresentadas suas principais características, regras e golpes, além de algumas curiosidades. Mas antes, vejamos como se constituiu historicamente essa prática.

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História do Judô

Judô significa “caminho flexível” (ju = flexível; do = caminho). Essa prática deriva do Ju-Jutso, um estilo de arte marcial japonesa de ataque e defesa baseado apenas no uso do próprio corpo. Essa arte emerge dos estudos de Jigoro Kano a respeito de golpes de formas antigas de autodefesa. Ao buscar explicar tais golpes a partir de leis físicas (ação, reação e dinâmica), Kano selecionou técnicas de diversos sistemas de Ju-Jutso e as classificou em um novo estilo: o Judô.

A criação desse novo estilo de arte marcial levou o mestre Kano a fundar o Instituto Kodokan, em 1882, cujo termo significa “lugar para estudar o caminho”. Com isso, o mestre desenvolve um código moral para a prática, que se torna um esporte no final do século XIX. Desse modo, o Judô se baseia na filosofia ippon-shobu: luta pelo ponto completo. Configura-se, assim, como uma prática que objetiva o fortalecimento do corpo em suas dimensões físico-orgânico, mental e espiritual, de forma integrada.

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A ação social é um conceito relacionado ao sociólogo Max Weber, na qual busca compreender as atividades humanas a partir dos seus significados.
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Cultura indígena
As culturas indígenas são uma importante parte da riqueza cultural humana a ser reconhecida, sobretudo no Brasil.

Essa configuração do Judô permitiu que a prática não se limitasse a homens com vigor físico, mas que se estendesse a mulheres, crianças, idosos e pessoas com estaturas e pesos variados. Desse modo, diversas pessoas aderiram à pratica, e contribuíram com sua difusão em nível global.

A difusão do Judô

Em 1886, no Japão, foi realizada a primeira competição de Judô, com a participação de diversas escolas do país. Esse evento foi bastante significativo para a difusão desse esporte em outros países. Posteriormente, em 1899, o Judô começou a ser praticado na Inglaterra e, em 1905, nos Estados Unidos, estendendo-se, assim, aos outros países do continente europeu. Depois, em 1952, foi fundada a Federação Internacional de Judô (International Judo Federation–IJF), em Paris, com 29 países-membros.

Vale ressaltar que Kano foi o primeiro asiático a integrar e a participar ativamente do Comitê Olímpico Internacional–COI, a partir de 1909. No entanto, apesar da grande representatividade que essa integração representava e da popularidade do Judô em diversos países, o mestre não partilhava do interesse em torna-lo uma das modalidades olímpicas. Contudo, a despeito de seus esforços, o Judô passou a compor essas modalidades nas Olimpíadas de Tóquio 1964.

Judô no Brasil

A prática do Judô no Brasil está intimamente relacionada com o movimento de imigração japonesa, ao início da era Meiji e ao projeto de modernização posto em funcionamento nessa era. Assim, data de um recorte temporal aproximado do fim da segunda metade do século XIX até os anos de 1930. Nesse período passou a ser incentivada a política emigratória no Japão. Tal política objetivava aliviar tensões sociais geradas pela escassez de terras cultiváveis e pelo endividamento de trabalhadores rurais.

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Devido a essas necessidades, contratos foram firmados entre o Japão e diversos países, como os Estados Unidos, o Peru o México e o Brasil. A emigração dos japoneses para o Brasil se deu em um momento em que as lavouras de plantações de café estavam em expansão, logo, gerando a demanda de mão de obra barata nas zonas rurais. Com isso, os imigrantes japoneses encontraram nessas lavouras uma fonte (precária) de sustento ao imigrarem para o Brasil.

Entre as lavouras nas quais os imigrantes trabalhavam estavam as do interior paulista, onde foram abertas as primeiras escolas de Judô no país, por Tatsuo Okoshi, em 1924, e Katsutoshi Naito, em 1929. Assim, entre 1920 e 1930, outras escolas e algumas academias de Judô foram abertas em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Belém, em Minas Gerais, no Paraná e em outros Estados, difundindo-se pelo país.

Nesse movimento, o Judô passou a ser organizado pela colônia japonesa. Posteriormente, após a inclusão como modalidade olímpica, pela Confederação Brasileira de Pugilismo e, então, pela Confederação Brasileira de Judô–CBJ, fundada em 1969. Apesar da inclusão nos Jogos Olímpicos, o reconhecimento da CBJ pelo COI se deu apenas com a conquista da primeira medalha olímpica, em 1972. Vale notar que, futuramente, em 2012, o Brasil assumiria a posição de maior medalhista da modalidade nos Jogos Olímpicos.

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Características e princípios básicos

Um rendimento ótimo na prática esportiva do Judô exige que os judocas (forma como são chamados os praticantes) aprimorem, por meio de seus treinamentos, três características fundamentais: estabilidade mental, impulso físico e perfeição técnica, com destaque para as técnicas. Isso porque a eficiência na execução técnica pode garantir a vitória ou pontos extras para os judocas. Contudo, essas três características constituem foco da preparação do esporte.

As técnicas do Judô são divididas em técnicas de chão e em pé. As técnicas em pé são movimentos de projeção do adversário, intentando derrubá-lo. Já as técnicas de chão incluem movimentos de imobilização e chaves (de braços e de pescoço). Essas técnicas, que se subdividem em mais de cem golpes, além de suas variações, associam-se aos dois princípios básicos do Judô: o Seiryoku Zenyo e o Jita Kyoei.

  • Seiryoku Zenyo: princípio referente à busca pelo uso máximo e eficiente da energia do judoca, associado ao treinamento votado ao aperfeiçoamento técnico.
  • Jita Kyoei: princípio que preza pelo bem-estar mútuo dos praticantes e demais envolvidos, evitando atitudes e ações que possam prejudicá-los.

Esses dois princípios orientam a prática do Judô desde sua criação, fazendo-se presentes também nas formas como suas regras são organizadas atualmente.

Regras e golpes do Judô

O uniforme utilizado para a prática do Judô é composto por quatro peças: um casaco, uma calça, uma faixa e chinelos. Além disso, há os golpes do Judô, que, como mencionado, são divididos em mais de cem tipos. Há também as regras do esporte, definidas pela IJF. Vejamos, portanto, as principais regras desse esporte e alguns de seus golpes.

Regras

  • As competições de Judô ocorrem em um tatame quadrado, cujas medidas podem ter de 14m² a 16m².
  • As lutas duram de três a cinco minutos, com prorrogação em caso de empate.
  • O judoca vence a luta em três situações: I) quando, ao projetar o adversário, faz com que toque as escápulas no solo; II) quando o imobiliza por pelo menos vinte segundos; III) quando o adversário desiste;
  • São proibidos golpes que causem dor ou lesão, ou que sejam deferidos no rosto ou em vértebras do corpo, estando os judocas sujeitos a sanção e desclassificação;

Golpes

  • Osoto Gari: realizado de frente para o adversário, segurando com uma mão na gola e com a outra na manga de seu casaco. O judoca avança e mantém à frente o pé que estiver do mesmo lado em que segura a manga. Com esse pé, realiza um gancho por trás da perna do adversário, projetando-o ao chão;
  • Ouchi Gari: partindo do mesmo princípio do Osoto Gari, neste golpe, o gancho é realizado por dentro das pernas do adversário, na perna correspondente ao lado em que segura a gola do casaco;
  • Harai Goshi: mantendo as pegadas (gola e manga), o judoca vira de costas para o adversário. Ao se virar, utiliza uma das pernas para realizar um gancho (rasteira), provocando o desequilíbrio no adversário. Após desequilibrá-lo, projeta-o ao chão, fazendo-o cair para sua frente e permanecendo por cima (de frente para ele) durante a queda;
  • Juji Gatame: feito com uma chave de braço, esse é um golpe de chão clássico do Judô. O judoca posiciona o braço do adversário entre as duas pernas, com o polegar dele para cima. Desse modo, ao alongar seu corpo, deitando no tatame, hiperestende o braço do adversário, fazendo-o desistir ou, ao menos, tentar sair da chave aplicada;
  • Senkaku Jime: nesta técnica de estrangulamento o judoca pressiona a cabeça e o pescoço do adversário com as pernas, forçando um sufocamento. Esse golpe recebe o nome de triângulo no Jiu-Jitsu;
  • Yoko Shiho Gatame: golpe de chão bastante utilizado para imobilizar o adversário. Posicionado lateralmente em relação ao adversário, o judoca posiciona um dos braços por trás de seu, segurando o casaco do adversário na região do ombro. O outro braço passa entre suas pernas, segurando a barra do casaco. Com esses dois pontos de apoio, o judoca deve imobilizar o adversário por pelo menos 20 segundos para pontuar.

Esses são alguns dos golpes mais utilizados no Judô. Junto com as regras apresentadas, constituem aspectos fundamentais da prática desse esporte.

Curiosidades sobre o Judô

Além dos aspectos apresentados nesta matéria, o Judô possui características bastante peculiares. Confira algumas delas:

  • Uma das filosofias do Judô é o kodokan, que significa “ceder para vencer”. Essa filosofia ensina que é possível vencer com o mínimo de esforço, ao buscar se fortalecer no golpe do adversário, ao invés de oferecer resistência a ele.
  • Ao invés de mobilizar a força da musculatura do corpo para superar o adversário, as técnicas do Judô visam formar alavancas que dão maior eficiência aos movimentos dos judocas.
  • O pioneiro do Judô no Brasil foi o imigrante japonês Mitsuyo Maeda, também chamado de Conde Koma.
  • O kimono usado como uniforme do Judô é chamado judogui, e pode ser utilizado nas cores branca ou azul royal.
  • As mulheres judocas devem usar, obrigatoriamente, uma camiseta por baixo do judogui.
  • O Judô paralímpico, adaptado para ser praticado por deficientes visuais, foi introduzido nas Paralimpíadas apenas em 1988.
  • A categoria feminina de Judô paralímpico foi incluída somente em 2004.

Essas são algumas curiosidades a respeito do Judô, mas você pode conferir outras curiosidades e características da prática desse esporte nos vídeos a seguir.

Vídeos sobre Judô para compreender melhor a prática

A seguir você encontra alguns vídeos com informações complementares ao conteúdo abordado a respeito da constituição histórica do Judô. Encontra também demonstrações de movimentos e golpes, bem como algumas outras curiosidades sobre a prática e seus praticantes.

Histórico da modalidade

Esse vídeo ilustra a história do Judô e faz observações a respeito de como Jigoro Kano entendia essa arte marcial.

Progredindo na modalidade

Esse vídeo explica a progressão de faixas dentro do Judô, de acordo com a faixa etária dos praticantes.

Golpe de Imobilização

Esse vídeo mostra a execução do golpe de imobilização Yoko Shiho Gatame, apresentado anteriormente.

Saudações do Judô

Esse vídeo explica e ilustra os tipos de cumprimentos do Judô. Os cumprimentos são saudações éticas e são realizados em diversos momentos da prática.

Esta matéria aborda a constituição histórica do Judô, com recortes para o Japão e o Brasil. Além disso, apresenta algumas das principais características, regras, golpes e curiosidades desse esporte olímpico. Você pode conferir também matérias a respeito de outros esportes olímpicos, como a Esgrima, ou ainda o Atletismo, que é a principal modalidade disputada nos Jogos Olímpicos de Verão.

Referências

UEMURA, Haruki. As Instruções Básicas do Judô. 2012.
VIRGILIO, Stanlei. A Arte do Judô. 1994.

João Paulo Marques
Por João Paulo Marques

Professor de Educação Física graduado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Mestrando em Práticas Sociais em Educação Física (PEF-UEM/UEL). Pesquisador integrante do Grupo de Pesquisa Corpo, Cultura e Ludicidade (GPCCL/UEM/CNPq) e do Grupo de Estudos Foucaultianos (GEF/ UEM/CNPq).

Como referenciar este conteúdo

Marques, João Paulo. Judô. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/educacao-fisica/judo. Acesso em: 25 de November de 2024.

Exercícios resolvidos

1.

As faixas do Judô servem para identificar o nível técnico de cada um e são divididas em dois grupos: os Dans e os Kius. Os Dans são as graduações de faixa preta e os kius as de faixas coloridas, que no Brasil são divididas em ordem de cores. Desse modo, qual alternativa possui a cor da faixa correspondente ao respectivo Kiu?
A) azul equivale ao 5º Kiu.
B) laranja equivale ao 3º Kiu.
C) branca equivale ao 6º Kiu.
D) roxa equivale ao 2º Kiu

A resposta correta é “(D) roxa equivale ao 2º Kiu”

2.

Qual o nome dado a vestimenta do judoca?
a) Kimono
b) Wagui
c) Judogui
d) Shitabaki

A resposta correta é “c) Judogui”

3.

Qual o nome do responsável por trazer o judô ao Brasil?
a) Jigoro Kano
b) Bruce Lee
c) Jack Chan
d) Mitsuyo Maeda

A resposta correta é “d) Mitsuyo Maeda”

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