A peste negra é uma doença que assolou a Europa no decorrer do século XIV, levando à morte um número imenso de pessoas, algo entre 25 e 75 milhões de pessoas, equivalente a mais ou menos um terço da população europeia. Segundo pesquisadores, o número mais provável gira em torno dos 75 milhões, que significa metade da população europeia, na época. A peste, também conhecida como peste bubônica é causada pela bactéria Yersinia pestis, que era transmitida por meio das pulgas dos ratos pretos, ou ainda outros roedores.
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Os surtos tiveram início em alguns focos geográficos, onde a doença permanecia de forma endêmica, como foi o caso do sopé dos Himalaias e nos Grandes Lagos Africanos. As condições para que os surtos tivessem início e mantivessem a peste estabelecida foram baseadas essencialmente pela invasão do rato preto indiano na europa, que atualmente é raro. Ele não exatamente levou a doença para a Europa, porém seus hábitos de viver de forma mais próxima às pessoas e suas residências acabou gerando condições perfeitas para a transmissão. O que foi essencial para o declínio da doença a partir do século XVIII, inclusive, foi a substituição desse rato, mais invasivo, pelo rato cinzento, mais tímido.
A transmissão era aérea, mas principalmente pela mordida de ratos e pulgas contaminados. A bactéria, em sua variação bubônica, cai na corrente sanguínea, atacando o sistema linfático e provocando a morte de algumas células, criando inchaços bastante dolorosos entre as axilas e a virilha. Os bubões, como ficaram conhecidos esses inchaços, passavam a se espalhar por todo o corpo, e quando a doença atacava o sistema circulatório, o indivíduo contaminado contava com aproximadamente uma semana de vida. A doença ainda atingia diretamente o sistema respiratório por meio da contaminação pelas vias aéreas, caso em que era conhecida como peste pneumônica, tendo um efeito ainda mais complicado, já que encurtava a vida do paciente em aproximadamente dois dias.
A peste na Europa
A doença chegou à Península Itálica no ano de 1348, afligindo não apenas a saúde física das pessoas, mas a mente, que ficou perturbada com o medo da doença. Foi considerada, durante muitos anos, uma doença usada como castigo divino contra os hábitos pecaminosos da sociedade, justamente por, na época, serem desconhecidas as causas da doença. Culpava-se os marginalizados da Baixa Idade Média pela doença ter chegado, além de haver registros de outros culpados considerados por eles como os judeus, leprosos e estrangeiros, mas a real causa era a péssima condição de higiene.
Durante aquele período, as cidades agrupavam uma quantidade imensa de pessoas de forma desordenada, com lixo abandonado, esgoto a céu aberto, fatores que acabavam atraindo insetos e os roedores, estes portadores da peste. Como agravante, o banho não fazia parte da rotina dos moradores durante aquele período, e as aglomerações proliferavam ainda mais rapidamente a doença. Os mortos contaminados não eram enterrados, mas deixados nas ruas e beiras de rios, trazendo ainda mais contaminação.
Os centros urbanos passaram a ficar vazios quando a peste aparecia. Aqueles que sobreviviam, encaravam a crise e a falta de alimentos que permanecia nas regiões. Isso fez com que muitas cidades criassem locais de quarentena para os infectados, além de impedir a chegada de transeuntes. Nas cidades, a quantidade de mortos era muito variada, mas em casos mais extremos chegou a matar mais da metade da população das cidades.
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Referências
La Peste Negra en la Península Ibérica. SOBREQUÉS CALLICÓ, Jaime.
La crisis del siglo XIV en Castilla: La Peste Negra en el Obispado de Palencia. CABRILLANA, N. Hispania
Por Natália Petrin
Formada em Publicidade e Propaganda. Atualmente advogada com pós-graduação em Lei Geral de Proteção de Dados e Direito Processual Penal. Mestranda em Criminologia.
Petrin, Natália. Peste Negra. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/peste-negra. Acesso em: 21 de November de 2024.
01. [Mackenzie] A peste negra, que dizimou cerca de um terço da população europeia, as revoltas camponesas ocasionadas pelo precário equilíbrio da produção agrícola e a Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra, foram responsáveis:
a) pela formação da sociedade feudo-clerical.
b) pela crise do mercantilismo econômico.
c) pelo fortalecimento da nobreza em detrimento do poder real.
d) pela aceleração da crise do absolutismo.
e) pela crise do feudalismo e consolidação do poder real.
02. [ENEM-MEC] A Peste Negra dizimou boa parte da população europeia, com efeitos sobre o crescimento das cidades. O conhecimento médico da época não foi suficiente para conter a epidemia. Na cidade de Siena, Agnolo di Tura escreveu: “As pessoas morriam às centenas, de dia e de noite, e todas eram jogadas em fossas cobertas com terra e, assim que essas fossas ficavam cheias, cavavam-se mais. E eu enterrei meus cinco filhos com minhas próprias mãos (…) E morreram tantos que todos achavam que era o fim do mundo.”
Agnolo di Tura. The Plague in Siena: An Italian Chronicle William M. Bowsky. The Black Death: a turning point in history? New York: HRW, 1971 (com adaptações).
O testemunho de Agnolo di Tura, um sobrevivente da Peste Negra que assolou a Europa durante parte do século XIV, sugere que:
a) o flagelo da Peste Negra foi associado ao fim dos tempos.
b) a Igreja buscou conter o medo da morte, disseminando o saber médico.
c) a impressão causada pelo número de mortos não foi tão forte, porque as vítimas eram poucas e identificáveis.
d) houve substancial queda demográfica na Europa no período anterior à Peste.
e) o drama vivido pelos sobreviventes era causado pelo fato de os cadáveres não serem enterrados.
01. [E]
02. [A]