Poeta de ampla abrangência temática e notável rigor estilístico, Gonçalves Dias foi o principal nome da poética romântica em sua primeira geração, como também auxiliou na consolidação do Romantismo no Brasil. Neste texto, você poderá conhecer sobre a vida do autor, assim como suas características literárias e suas principais obras.
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Biografia
Antônio Gonçalves Dias nasceu em 10 de agosto de 1823, na cidade de Caxias, no Maranhão. Filho de um comerciante português, João Manuel Gonçalves Dias, e de Vicência Ferreira, mestiça. Desde cedo estudou Latim, Filosofia e Francês com o prof. Ricardo Leão Sabino e, posteriormente, formou-se em Direito em Coimbra, Portugal. Em 1843, surgiu seu poema mais famoso, Canção do Exílio.
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De volta ao Brasil em 1845, e após se mudar para o Rio de Janeiro, publicou Primeiros cantos (1847) e Segundos cantos (1848). No ano seguinte, tornou-se professor de Latim e História no Colégio Pedro II. Já em 1851, Últimos cantos encerrou o arco mais importante de sua composição poética.
Gonçalves Dias não conseguiu se casar com seu grande amor, Ana Amélia Ferreira do Vale, pois houve recusa da família; casou-se então com Olímpia Carolina da Costa, com quem viveu um relacionamento infeliz até se separar em 1856.
Além de poeta e docente, também trabalhou como Secretário dos Negócios Estrangeiros e passou alguns anos na Europa. Sofreu de tuberculose e buscou tratamento na França. No retorno ao Brasil, o poeta foi a única vítima de um naufrágio e morreu em 3 de novembro de 1864; contava com 41 anos de idade. É o patrono da cadeira nº. 15 na Academia Brasileira de Letras.
Gonçalves Dias e o Romantismo
Gonçalves Dias encaixa-se na primeira geração do Romantismo no Brasil. Além de produzir uma poética de qualidade, conseguiu equilibrar diversas temáticas, entre elas a sentimental, a patriótica e a saudosista. Dessa forma, foi o autor maranhense quem consolidou a estética romântica no Brasil, principalmente no que tange à poesia.
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A consciência nacional, o indianismo e a procura de uma identidade linguística são os principais eixos dessa escola literária em terras brasileiras. Juntamente com José de Alencar na prosa, Dias focou grande parte de sua obra na imagem e no contexto indígena. Entregou, assim, grandes poemas, como I-Juca Pirama.
A seguir, você verá com mais detalhes as características da obra de Gonçalves Dias.
Características
Gonçalves Dias foi um poeta que produziu uma grande variedade de poemas sobre diversas temáticas. Essencialmente conhecido por Canção do Exílio, o autor maranhense destacou-se pelo equilíbrio na linguagem e um estilo romântico perpassado por um ar clássico, o que impediu certos exageros no sentimentalismo que ocorreriam na segunda geração romântica.
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O autor maranhense destacou-se de seus contemporâneos, principalmente, por três motivos: possuía um conhecimento relevante sobre a vida aborígene; equilibrava o épico e o lírico na criação imagética de um índio ainda intocado pela cultura branca; e demonstrava um domínio estilístico notável.
O indianismo
O destaque da figura indígena na poética de Gonçalves Dias relaciona-se, primordialmente, ao caráter nacionalista da primeira geração do Romantismo brasileiro. O autor fundia os elementos pitorescos da cultura local com a imagem europeia do bom selvagem. Assim, havia a busca da criação de um herói nacional que pudesse representar um passado glorioso, com o índio substituindo o cavaleiro medieval europeu.
O amor impossível
Os poemas do autor maranhense eram marcados pelo sofrimento tangível. Seguindo os preceitos da estética romântica da época, Dias sinalizava um amor que não podia se concretizar, era marcado mais pela intenção do que pelo gesto concreto. O eu-lírico resguarda-se em sua angústia e solidão, após ser recusado pela mulher amada.
A natureza
Gonçalves Dias era um poeta da natureza e descrevia o céu, os campos, os animais e as florestas brasileiras. Havia nesse quesito uma celebração do que o poeta considerava o espelho da pátria, sua exuberante flora e fauna. O culto à natureza, portanto, é essencialmente mesclado à condição de saudosismo nos momentos em que o poeta se afasta dela. Aqui, Canção do Exílio é a representação máxima dessa poética.
Como podemos ver, Gonçalves Dias era uma poeta multifacetado e suas principais características permitem a ele ser o grande representante da primeira geração romântica brasileira na poesia. É sempre importante salientar a riqueza e a qualidade de produção, o que o coloca como um dos grandes nomes da literatura brasileira.
Obras de Gonçalves Dias
Com uma produção extensa, Gonçalves Dias teve sua fase mais prolífica em termos de qualidade entre as publicações de Primeiros Cantos e Últimos cantos, em um intervalo de cerca de cinco anos. Abaixo, você poderá conferir as principais obras do autor e ler o poema Canção do Exílio de forma integral.
Livros
- Primeiros cantos (1846);
- Segundos cantos (1848);
- Sextilhas de frei Antão (1848);
- Últimos cantos (1851);
- Os timbiras (1857).
Principais poemas
- Canção do Exílio;
- I-Juca Pirama;
- Se se morre de amor;
- Ainda uma vez – Adeus!
Canção do Exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
A importância de Gonçalves Dias para a literatura brasileira é imensurável. Autor de poemas consagrados, o poeta foi um dos grandes nomes que auxiliaram na consolidação do Romantismo no Brasil e, por consequência, deu força à produção literária no país. Seu principal poema, Canção do Exílio, foi muitas vezes revisitado por outros poetas, o que demonstra sua força como voz literária.
Referências
Curso de literatura brasileira – Sergius Gonzaga;
História concisa da literatura brasileira – Alfredo Bosi;
Literatura – Fábio D’Ávila. e Danton Pedro dos Santos.
Por Leonardo Ferrari
Graduado em Letras pela Universidade Estadual de Maringá. É professor assistente em colégio de ensino médio. Nas horas livres, dedica-se à família, aos amigos, à sétima arte e à leitura.
Ferrari, Leonardo. Gonçalves Dias. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/literatura/goncalves-dias. Acesso em: 21 de November de 2024.
1. [UFRN]
Sobre Gonçalves Dias, é correto afirmar:
a) natural do Ceará, escreveu obras indianistas como A Confederação dos Tamoios e Ubirajara.
b) poeta gaúcho, destacou-se, dentro do Romantismo, pela poesia lírica e sentimental como, por exemplo, Lira dos Vinte Anos e A Noite na Taverna.
c) poeta maranhense, um dos principais representantes do Romantismo, escreveu poesias sentimentais e poemas de enaltecimento do índio como, por exemplo, Timbiras.
d) natural de Minas Gerais, foi um dos representantes do Pré-Modernismo ao escrever Inspirações do Claustro.
e) poeta paulista, pertencente ao Parnasianismo, ficou famoso com a obra Conferências Literárias.
Correta: c.
Justificativa: Gonçalves Dias foi o principal representante da primeira geração romântica na poesia e vários de seus poemas tinham o indígena como protagonista.
2. [UEL]
Gonçalves Dias se destaca no panorama da primeira fase romântica pelas suas qualidades superiores de artista. Nele:
a) a pátria é retratada de maneira que se tenha um registro fiel da sua fauna e flora, sem interferência da emoção do poeta, como em “Canção do Exílio”.
b) a persistência de traços do espírito clássico impede o exagero do sentimentalismo, encontrado, por exemplo, em Casimiro de Abreu.
c) o indianismo é fiel à verdade da vida indígena, não apresentando a distorção poética observada em outros escritores.
d) protótipo do byroniano, convivem lado a lado o humor negro e o extremo idealismo.
e) predomina a poesia lírica de recuperação da infância, com acentuado tom saudosista, tão evidente em “Meus Oito Anos”.
Correta: b.
Justificativa: Gonçalves Dias distanciava-se do sentimentalismo exagerado da segunda geração romântica. Era um poeta focado na construção da imagem fundacional do Brasil.