Ao estudar a sintaxe de uma sentença, o sujeito consiste em um dos elementos essenciais. Nesse contexto, o sujeito indeterminado é frequentemente utilizado no dia a dia quando o enunciador não precisa ou não quer expor o autor da ação. Neste texto, você aprenderá sobre esse caso, juntamente com exemplos e exercícios.
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Sujeito indeterminado
Quando nos comunicamos no dia a dia, é possível construir enunciados em que o sujeito existe, mas não é plenamente identificado. É um sujeito que não aparece expresso na oração, ou seja, não há nenhum elemento sintático que permita sua plena identificação.
Esse uso ocorre quando não há necessidade de expor quem fez a ação ou há a intenção em não o expor no enunciado. Veja um exemplo abaixo:
Precisa-se de ajudantes em um novo restaurante na cidade.
Faça a seguinte pergunta para a oração exposta acima: quem precisa de ajudantes? Você conseguirá responder onde há necessidade de novos ajudantes, porém quem permanece uma incógnita. Esse caso consiste em uma oração com sujeito indeterminado.
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Como descobrir o sujeito indeterminado?
Há quatro situações possíveis para uma oração possuir sujeito indeterminado: verbos na terceira pessoa do singular com a partícula indeterminadora se; verbos na terceira pessoa do plural sem referência; verbos no infinitivo impessoal; e verbos na terceira pessoa do singular (comum na oralidade). A seguir você verá alguns exemplos para compreender melhor.
Verbos na 3ª pessoa do plural sem referência
Sem o devido contexto, não é possível identificar o sujeito da oração.
Elevaram o preço do combustível ontem.
Conquistaram o bicampeonato na segunda-feira.
Estudaram muito para o conteúdo da avaliação.Publicidade
Quem elevou, conquistou e estudou? Apenas com as informações presentes nas sentenças não é possível definir um sujeito específico para as orações. Entretanto, nem toda oração com terceira pessoa do plural terá necessariamente sujeito indeterminado. No exemplo abaixo, há apenas uma inversão sintática e o verbo concorda justamente com o sujeito da oração, os cartões.
Chegaram os cartões.
Os cartões chegaram.
Verbos na 3ª pessoa do singular + partícula indeterminadora se
Nesse caso, os verbos serão sempre intransitivos (não necessitam de complemento), transitivos indiretos (necessitam de uma preposição em sua regência) ou de ligação. Além disso, estarão no singular e acompanhados do índice de indeterminação do sujeito se.
Sofria-se de dores nas costas. (verbo transitivo indireto)
Vive-se melhor na cidade. (verbo intransitivo)
Fica-se nervoso em época de vestibular. (verbo de ligação)
Faça o teste: pergunte aos verbos de cada oração acima qual é o sujeito. Quem sofre de dores nas costas? Quem vive? Quem fica nervoso? Em todos os casos, apesar de haver um sujeito, não é possível identificá-lo sintaticamente.
É importante ressaltar, porém, que a partícula se também está relacionada à voz passiva sintética, que ocorre em verbos transitivos diretos e transitivos diretos e indiretos. Nos exemplos a seguir, novos funcionários e a carga horária requisitada são denominados sujeitos pacientes.
Contrata-se novos funcionários. (verbo transitivo direto)
Novos funcionários são contratados.
Cumpriu-se a carga horária requisitada. (verbo transitivo direto)
A carga horária requisitada foi cumprida.
Verbos no infinitivo impessoal
Os verbos no infinitivo impessoal são aqueles que não possuem características morfológicas que permitam a identificação do modo, do tempo e da pessoa do discurso, são genéricos em essência. Nesse sentido, eles também caracterizam as orações com sujeito indeterminado.
Organizar a festa é importante.
Permitir a entrada de animais é inaceitável.
Não é possível fumar aqui.
Nesses casos, os períodos são compostos por orações subordinadas, por isso, há um sujeito oracional. Entretanto, como não é possível definir um sujeito simples ou composto para cada uma delas, devido ao vazio dos verbos impessoais, todas possuem sujeito indeterminado.
Verbos na 3ª pessoa do singular [oralidade]
Essa situação é comum na oralidade e ocorre quando, em conversas do dia a dia, o enunciador foca na ação realizada e não em que a realizou.
Trouxe o material e deixou sobre a mesa.
Descarregou o caminhão para mim.
Montou o suporte para a TV.
Não confunda
Além do sujeito indeterminado, há o sujeito oculto e o sujeito inexistente. Eles possuem particularidades e não devem ser confundidos em uma análise sintática.
Sujeito indeterminado e sujeito oculto
A diferença primordial reside na determinação do sujeito. Enquanto nos casos de sujeito indeterminado, não é possível identificar qual é o sujeito pelos elementos da oração; o sujeito oculto é passível de identificação.
As empresas petrolíferas anunciaram novas medidas. [Elas] elevaram o preço do combustível novamente.
Os alunos de um colégio no centro da cidade jogaram ontem em um torneio estadual e [eles] conquistaram o bicampeonato.
O vestibular foi ontem e os alunos se esforçaram. [Eles] estudaram muito para o conteúdo da avaliação.
Perceba que os verbos destacados retomam a informação do sujeito por meio de suas respectivas desinências. Isso só é possível, pois há um contexto anterior apresentado.
Sujeito indeterminado e sujeito inexistente
Se o sujeito indeterminado ainda existe e só não é passível de identificação em uma oração, o sujeito inexistente é completamente ausente. Esse cenário relaciona-se aos verbos impessoais que indicam passagem de tempo (haver, fazer, ser), existência (haver) e fenômenos da natureza.
Choveu muito ontem à noite.
Há muitos problemas no país.
São onze horas.
Faz tempo que o conheço.
Nos exemplos, os verbos são considerados impessoais e, por isso, não se ligam necessariamente a um sujeito na oração.
Para sedimentar o conteúdo
As formas possíveis do sujeito indeterminado em uma oração são diversas, mas é sempre possível identificá-las ao se atentar à sintaxe. Nos vídeos a seguir, você conseguirá revisar o conteúdo e se aprofundar nele.
O que é sujeito indeterminado?
O sujeito indeterminado pode ocorrer com verbos em várias formas. Neste vídeo, você assistirá sobre todos os casos de sujeito indeterminado e poderá revisar o conteúdo.
Quais são os usos da partícula se?
A partícula se não é utilizada somente como índice de indeterminação do sujeito. Por isso, veja esse vídeo para revisar sobre suas outras funções e não confundir na hora de realizar uma análise sintática.
O uso do se como índice de indeterminação do sujeito
A partícula se é multifuncional na língua portuguesa. Uma de suas funções é ser o índice de indeterminação do sujeito. Neste vídeo, você entenderá melhor sua relação com os verbos transitivos indiretos, intransitivos e de ligação.
Portanto, o sujeito indeterminado possui algumas especificidades e usos linguísticos específicos que você aprendeu ao longo do texto. Lembre-se de sempre reconhecer o uso da partícula se e revisar sobre os verbos impessoais.
Referências
Moderna Gramática Portuguesa – Evanildo Bechara;
Tipos de sujeito – Mundo Edu.
Por Leonardo Ferrari
Graduado em Letras pela Universidade Estadual de Maringá. É professor assistente em colégio de ensino médio. Nas horas livres, dedica-se à família, aos amigos, à sétima arte e à leitura.
Ferrari, Leonardo. Sujeito indeterminado. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/portugues/sujeito-indeterminado. Acesso em: 22 de November de 2024.
1. [UFMA]
Há sujeito indeterminado em:
a) O pássaro voou assustado.
b) Surgiram reclamações contra o cruzado.
c) Ouvem-se vozes na sala vizinha.
d) Ali, rouba-se no atacado e no varejo.
e) Vendeu-se a casa.
Correta: d.
Justificativa: A letra d é a correta, pois não se sabe quem rouba, apenas onde é roubado. Em relação às incorretas: o pássaro é sujeito (letra a); há apenas uma inversão sintática, o sujeito é reclamações (letra b); ocorre voz passiva, Vozes são ouvidas na sala vizinha (letra c); novamente ocorre voz passiva, A casa foi vendida (letra e).
2. [FOC/SP]
Duas orações abaixo têm sujeito indeterminado. Assinale-as:
I. Projetavam-se avenidas largas.
II. Há alguém esperando você.
III. No meio das exclamações, ouviu-se um risinho de mofa.
IV. Falava-se muito sobre a possibilidade de escalar a montanha.
V. Até isso chegaram a dizer.
a) I e II
b) III e IV
c) IV e V
d) III e V
e) I e V
Correta: c.
Justificativa: A IV está correta, pois se sabe do que se fala, mas não quem fala. A V está correta, pois se sabe o que foi dito, mas não quem disse. Em relação às incorretas: (I) ocorre voz passiva, Avenidas largas eram projetadas; (II) o verbo haver está no sentido de existência, por isso ocorre sujeito inexistente; e (III) ocorre novamente voz passiva, Um risinho de mofa foi ouvido. Logo, a letra c é a correta.