Em outubro de 1911, um grupo de revolucionários no sul da China liderou uma revolta bem-sucedida contra a dinastia Qing, estabelecendo em seu lugar a República da China e acabando com o sistema imperial existente até então.
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Contexto e antecedentes
A Revolução de 1911, também conhecida Revolução Xinhai, começou como a Revolta de Wuchang em 1910 e resultou na abdicação do imperador Puyi da dinastia Qing em 12 de fevereiro de 1912 e no estabelecimento da República da China.
A revolução foi parte de extensas revoltas populares que vinham ocorrendo contra a dinastia Qing (1644-1911) desde meados do século XIX.
A revolta de Wuchang começou de fato quando diversos grupos se uniram no sul da China para combater o domínio da dinastia Qing.
Revolução Nacionalista (1911)
A Revolução de 1911 foi provocada por uma série de fatores, incluindo a corrupção da dinastia Qing, a submissão da China a países ocidentais e também ao Japão, aumento da pobreza e a crescente influência do marxismo sobre os intelectuais chineses.
A base política do movimento foram os Três Princípios do Povo de Sun Yat-sen: nacionalismo, democracia e socialismo.
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Assim, liderados por Sun Yat-sen, os grupos formaram o que ficou conhecido como a Aliança Revolucionária, que defendia a substituição dos Qing por uma forma republicana de governo.
Desse modo, em 1911, a dinastia Qing perdeu grande parte de sua influência nas províncias, enquanto senhores da guerra locais declaravam soberania.
O general Yuan Shikai foi enviado para reprimir a rebelião, porém, durante este tempo, Sun Yat-sen estabeleceu um governo provisório em Nanquim sob o apoio do Partido Nacionalista com o apoio do próprio Yuan Shikai.
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Desse modo, o general Shikai quanto retornou a Pequim, forçou o imperador e sua mãe a abdicar do trono e foi nestas circunstâncias em que a República da China foi criada em 1912.
A Grande Marcha
Em 1925, Chang Kai-chek, substituto de Sun Yat-sen, mudou os rumos da política chinesa ao decretar a ilegalidade do Partido Comunista e reprimiu com violência as organizações operárias.
No entanto, no campo, distante das perseguições políticas, os comunistas ganhavam o apoio dos camponeses e de militares contrários aos rumos políticos da China.
Sob a liderança de Mao Tse-tung, esse grupo de dissidentes formou o Exército Vermelho. Em 1931, os comunistas proclamaram, área sob seu controle, a República de Jiangxi, no sul da China.
Mas, em 1934, para escapar dos constantes ataques que sofriam das forças de Kai-chek, 100 mil deles abandonaram a região e iniciaram uma jornada para oeste e depois para o norte, até chegar a base comunista em Ienan, esse episódio ficou conhecido como a Grande Marcha.
A invasão japonesa
Outro fato importante para entendermos o cenário político da China, foi a invasão do país pelos japoneses, que desde 1931 ocupavam a Manchúria.
Pois, os comunistas chineses perceberam uma oportunidade de converter a luta contra os invasores em uma luta pela transformação da China em um país democrático e independente.
Assim, quando em 1937 o Japão lançou sua ofensiva militar sobre a China, os comunistas e Kai-chek se uniram para lutar contra as tropas japonesas.
No entanto, em 1945, quando os japoneses foram expulsos, a China voltou a ficar politicamente dividida: de um lado os apoiadores do Partido Comunista Chinês (PCC), liderado por Mao Tse-tung e de outro lado o governo, ainda liderado por Chang Kai-chek.
Revolução Comunista da China (1949)
Mesmo contanto com o apoio econômico e militar dos Estados Unidos, Kai-chek enfrentava vários problemas em sua administração que o faziam cada vez mais impopular, principalmente os altos índices da inflação e de corrupção.
Dessa forma, os problemas internos facilitavam a luta pelo controle da China pelos comunistas que, desde 1946, se organizaram no Exército de Libertação Nacional e convocavam a população chinesa a derrubar o governo.
Bem comandadas, disciplinadas, armadas e equipadas, as tropas comunistas empreenderam grandes operações, apesar de lutar contra um exército que as superava em número e armamentos.
Em junho de 1949, os comunistas já reuniam um exército de 3 milhões de soldados que avançavam rapidamente para o sul, conquistando Pequim, Nanquim, Xangai e Cantão.
Poucos meses depois, em outubro de 1949, os comunistas proclamaram a República Popular da China.
China pós Revolução
A recuperação econômica da China, devastada por anos de guerra, era uma grande preocupação para o agora líder Mao Tse-tung.
Em busca de apoio, Mao assinou vários tratados de cooperação com o bloco soviético, que forneceu tanto empréstimos quanto técnicos ao país.
Em 1953, entrou em vigor na China o primeiro plano quinquenal, com o objetivo de transformar a China que era até então predominantemente rural em uma nação industrializada.
Visando essa industrialização, em 1958, Mao lançou o Grande Salto para a Frente, programa de desenvolvimento econômico que pretendia aumentar a produção agrícola e industrial, mas que, ao contrário, acabou provocando escassez de alimentos e fome entre a população.
Enfraquecido, Mao Tse-tung deflagrou a Revolução Cultural, mobilizando a juventude do país contra seus adversários do PCC.
A Revolução Cultural
Planejando recuperar seu poder, Mao iniciou uma guerra aberta contra seus adversários políticos, a quem chamava de “agentes da burguesia” infiltrados no Partido.
O ponto de partida da Revolução Cultural foi a reforma no ensino com a proposta de uma Campanha de Educação Socialista, Mao conclamou os estudantes a lutar contra a ideologia ocidental.
A resposta foi imediata e milhões de jovens se espalharam pelo país perseguindo os chamados “ocidentalizados”, “reacionários” ou “contrarrevolucionários”.
As principais vítimas foram intelectuais, profissionais liberais e artistas. A consequência imediata da Revolução Cultural consistiu no enfraquecimento do PCC e no fortalecimento de Mao Tse-tung.
A China hoje
Tse-tung manteve-se no poder até sua morte, em 1976. Pouco depois, a liderança do governo passou para Deng Xiaoping, que deu início à abertura comercial e programas de reformas econômicas, procurando a modernização da indústria, agricultura, defesa e da produção cultural.
A partir de então, a economia chinesa passou a apresentar elevadas taxas de crescimento econômico, mas a vida politica e as instituições do Estado continuam sob rígido controle do Partido Comunista até hoje.
Hoje, a República Popular da China é uma das nações mais poderosas da Terra. Com sua enorme população, uma economia diversificada que alcança os 8 trilhões de dólares por ano e a força militar mais imponente na Ásia, a China está prestes a se tornar a nova superpotência do mundo.
Referências
História – Divalte Garcia Figueira
A Revolução Chinesa – Everaldo de Oliveira Andrade
Mao e a Revolução Chines – Yves Chevrier
Por Luana Bernardes
Graduada em História pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e pós-graduada em Psicopedagogia Institucional e Clínica pela mesma Universidade.
Bernardes, Luana. Revolução Chinesa. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/revolucao-chinesa. Acesso em: 05 de December de 2024.
1. [UFRN]
A China atravessava grandes dificuldades econômicas em 1966, quando Mao Tsé-tung deu início à Revolução Cultural, que se declarava contrária a “quatro velharias”: velhas ideias, velha cultura, velhos costumes e velhos hábitos”. Apesar de propagar transformações nessas áreas, a revolução Cultural foi também um movimento político, pois:
a) fortaleceu o poder de Mao Tsé-tung, em razão da repressão aos líderes acusados de direitistas e do expurgo dos que faziam oposição ao grupo maoísta.
b) possibilitou a consolidação da Guarda Vermelha no poder, a qual reimplantou o burocratismo, o autoritarismo e o nepotismo típico do modelo soviético.
c) ampliou a influência do modelo soviético sobre o comunismo chinês, com o investimento de muitos capitais e contando com a cooperação de técnicos soviéticos no planejamento da economia.
d) traçou uma nova diretriz para o país, com a qual Mao Tsé-tung buscava o desenvolvimento de relações internacionais que atraíssem capitais e empresas estrangeiras.
Resposta: A
O fortalecimento de Mao com a Revolução Cultural foi imenso uma vez que perseguia inimigos políticos dentro e fora do partido, além da propaganda de culto ao líder.
2. [FGV]
A Grande Marcha empreendida nos anos 30 por Mao Tsé-tung e seus seguidores foi:
a) uma fuga dos contingentes comunistas que estavam sendo perseguidos pelas tropas do Kuomitang.
b) uma fuga dos seguidores de Mao perseguidos pelas tropas japonesas que invadiram a Manchúria.
c) uma tentativa das tropas comunistas de cortar as linhas de abastecimento das tropas nacionalistas.
d) uma tentativa das tropas de Mao de cercar as tropas japonesas que haviam invadido a Manchúria e o norte da China.
e) a marcha empreendida pelos comunistas sobre Nankim para derrotar as tropas do Kuomitang.
Resposta: A
Assim como estudamos, a Grande Marcha significou a fuga de grande parte dos comunistas perseguidos que se reorganizaram no Exército Vermelho, em 1931.