Derivação imprópria

Neste tópico, você aprenderá como funciona o processo de derivação imprópria e poderá acessar exemplos que explicam, na prática, como se dá esse modificação da classe gramatical das palavras.

Você sabia que uma palavra pode mudar de classe gramatical sem sofrer alteração em sua estrutura? Pois é, isso pode acontecer! Esse processo é denominado derivação imprópria. Se você se interessou, leia a matéria abaixo.

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Índice do conteúdo:

O que é derivação imprópria?

Uma das informações mais importantes que você precisa saber a respeito da derivação imprópria é que ela é considerada um processo semântico (estudo dos significados das palavras) e não da morfologia.

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De acordo com a sua formação e as funcionalidades que opera nas orações, um verbo pode ser: regular ou irregular, transitivo ou intransitivo, impessoal, pronominal, de ação ou de ligação.
Paráfrase
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Entretanto, é importante lembrar que muitas provas, concursos e professores consideram este fenômeno como parte dos processos de formação de palavras em língua portuguesa.

Neste caso, as palavras mudam de classe gramatical sem sofrer modificação na forma. Para elucidar, é possível antepor um artigo a qualquer vocábulo da língua para que ele se torne um substantivo.

Exemplos de derivação imprópria

A seguir, veja como acontece a derivação imprópria em algumas classes de palavras:

  • de substantivos próprios a comuns: damasco, quixote;
  • de substantivos comuns a próprios: Coelho, Leão, Pereira;
  • de adjetivos a substantivos: capital, circular, veneziana;
  • de substantivos, adjetivos e verbos a interjeições: silêncio! bravo! viva!;
  • de substantivos a adjetivos: burro, (café)-concerto, (colégio)-modelo;
  • de particípios (presentes e passados) a preposições: mediante, salvo;
  • de particípios (passados) a substantivos e adjetivos: conteúdo, resoluto;
  • de verbos a substantivos: afazer, jantar, prazer;
  • de verbos e advérbios a conjunções: quer… quer, já… já.
  • Como você viu, este fenômeno acontece sempre que as palavras mudam da sua classe gramatical original para outra sem que a estrutura do vocábulo mude. Agora que você já entendu como funciona, confira os vídeos selecionados para fixar seus conhecimentos.

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    Videoaulas para fixar o assunto

    A segui, assista às aulas sobre o tema para aprender um pouco mais sobre como funciona esta modificação de classe gramatical das palavras na Língua Portuguesa:

    Derivação regressiva x derivação imprópria

    Nesta aula, o professor Fábio Alves explica a diferença entre os processos de derivação regressiva e de derivação imprópria. O professor também explica os motivos para a derivação ser considerada parte dos processos de formação de palavras.

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    Atividades sobre o tema

    Neste vídeo, o professor João Batista inicia explicando sobre o tema e depois faz alguns exercícios para ver a derivação na prática. Imperdível!

    Resumo breve sobre o assunto

    Nesta aula, o professor Laércio ensina como funciona a mudança de classe de palavras por meio de derivação imprópria por meio de exemplos. Aula didática e rápida!

    Agora que você já tem noção sobre o tema, talvez você queira aprender mais sobre derivação regressiva, outro fenômeno da Língua Portuguesa.

    Referências

    Moderna gramática portuguesa (2009). Evanildo Bechara.

Beatriz Yoshida Protazio
Por Beatriz Yoshida Protazio

O bom e velho Guimarães Rosa definiu bem: “Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita”. Doutoranda em Letras (PLE/UEM).

Como referenciar este conteúdo

Yoshida Protazio, Beatriz. Derivação imprópria. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/portugues/derivacao-impropria. Acesso em: 21 de November de 2024.

Exercícios resolvidos

1. [Unimontes]

Ponto de vista

(Luis Fernando Verissimo)

Avolumam-se, com suspeito sincronismo, as denúncias na imprensa sobre a prática do nepotismo entre os políticos brasileiros. Como um dos atingidos pela nefasta campanha, que visa a denegrir a imagem do servidor público no Brasil, a mando de interesses inconfessáveis, me senti no dever de responder publicamente às insidiosas insinuações, na certeza de que assim fazendo estarei defendendo não apenas minha honra — apanágio maior de uma vida toda ela dedicada à causa pública e à tradição familiar que assimilei ainda no colo do meu saudoso pai, quando ele era prefeito nomeado da nossa querida Queijadinha do Norte e eu era o seu secretário particular, depois da escola — mas também a honra de toda uma classe tão injustamente vilipendiada, a não ser quando pertence a outro partido, porque aí é merecido. A imprensa brasileira, em vez de cumprir seu legítimo papel numa sociedade democrática, que é o de dar a previsão do tempo e o resultado da Loteria, insiste em perscrutar as ações dos políticos, como se estes fossem criminosos comuns, não qualificados, e em difamá-los com mentiras. Ou, em casos de extrema irresponsabilidade e crueldade, com verdades. Outro dia, depois de ler uma reportagem em que um órgão da nossa grande imprensa me fazia acusações especialmente levianas, virei-me para meu chefe de gabinete e comentei: “Querida, por que eles fazem isto comigo?”. Mas ela apenas resmungou alguma coisa, virou-se para o outro lado e continuou a dormir, obviamente perplexa. As hienas da imprensa não medem as consequências das suas infâmias. Tive que proibir aos meus filhos a leitura de jornais, para poupá-los. Como a função dos quatro no meu gabinete é unicamente a de ler jornais e eventualmente recortar algum cupom de desconto, o resultado é que passam o dia inteiro sem ter o que fazer e incomodando a avó, que serve o cafezinho. Não me surpreenderei se algum jornal publicar este fato como exemplo de ociosidade nos gabinetes governamentais à custa do contribuinte. O cinismo dessa gente é ilimitado.

Mas enganam-se as hienas se pensam que me intimidaram. Não viro a cara para meus acusadores, embora eles só mereçam desprezo, mas os enfrento com um olhar límpido como minha consciência e um leve sorriso no canto da boca. Minha vida como parlamentar é um livro ponto aberto, imaculadamente branco. Como ministro, não tenho o que esconder. E, mesmo que tivesse, não haveria mais lugar nos bolsos. As acusações de nepotismo são tão fáceis de responder que até meu secretário de imprensa, o Gedeão, casado com a mana Das Mercês, e que é um bobalhão, poderia se encarregar disto. Mas eu mesmo o farei.

Não, não vou recorrer a subterfúgios e alegar que o nepotismo é antigo como o mundo, existe desde os tempos bíblicos e está mesmo nas origens do cristianismo. Quando Deus Todo-Poderoso, que era Deus Todo-Poderoso, quis mandar um salvador para a Terra, quem foi que escolheu? Um filho! Nem vou responder à infâmia com a razão, denunciando a hipocrisia. Vivemos numa sociedade que dá o mais alto valor à lealdade e aos sentimentos de família. Enaltecemos o bom filho, o bom pai, o bom marido — e o bom cunhado, como acaba de me lembrar o Gedeão, aqui do lado —, e, no entanto, esperamos que o político, abjetamente, deixe de dar um emprego para alguém do seu sangue e dê para o parente de outro, às vezes um completo estranho, cuja única credencial é ser competente ou ter passado num concurso. Também não vou usar o argumento do pragmatismo, perguntando o que é melhor para a nação, o governante ser obrigado a roubar para sustentar um bando de desocupados como a família da minha mulher ou transferir os encargos para os cofres públicos, com suas verbas dotadas, e regularizar a situação? Neste caso, o nepotismo é profundamente moralizante. Com a vantagem de estarmos proporcionando a um vagabundo treinamento no emprego. Meu menino mais velho, por exemplo, poderia ocupar a cadeira de ministro de Estado a qualquer instante, pois, como meu assessor, aprendeu tudo sobre o cargo, menos a combinação do cofre, que eu não sou louco.

Mas não vou dar aos meus difamadores a satisfação de reconhecer a pseudoirregularidade. No meu caso, ela simplesmente não existe. “Nepotismo” vem do italiano “nepote”, sobrinho, e se refere às vantagens usufruídas pelos sobrinhos do papa na Corte Papal, em Roma. Bastava ser sobrinho do papa para ter abertas todas as portas do poder, sem falar de bares e bordéis.

“Sobrinho” não era um grau de parentesco, era uma profissão e uma bênção. A corte eclesiástica era dominada pelos “nepotes”, e, neste caso, a corrupção era evidente. Qual o paralelo possível com o que acontece no Brasil hoje em dia? Só na fantasia de editores ressentidos, articulistas mal-intencionados e repórteres maldizentes as duas situações são comparáveis. Desafio qualquer órgão de imprensa a vasculhar meus escritórios, meus papéis, minha casa, meu staff, minha vida e encontrar um — um único! — sobrinho do papa entre meus colaboradores. Não há sequer um sobrenome polonês!

Exijo retratação.

O boné e outras crônicas, Editora Ática.

Com base nas informações do próprio texto, pode-se afirmar que a palavra “Nepotismo” foi formada pelo processo de derivação:

a) prefixal.

b) sufixal.

c) imprópria.

d) parassintética.

A alternativa correta é a letra b).

De acordo com o texto de Luis Fernando Verissimo, a palavra “nepotismo” “vem do italiano ‘nepote’ e conforme a argumentação do personagem da crônica, o sentido original da palavra não é o favorecimento de amigos e parentes no serviço público, mas apenas de sobrinhos do papa.

Dessa forma, tem-se a falsa sensação de que o vocábulo é resultado da derivação imprópria, já que o seu sentido original foi alterado. No entanto, não ocorreu mudança na classe gramatical.

O que houve foi uma derivação sufixal, pois o vocábulo “nepote” recebeu o acréscimo do sufixo “-ismo”, formando a palavra “nepotismo”.

2. [CESGRANRIO]

As palavras esquartejar, desculpa e irreconhecível foram formadas, respectivamente, pelos processos de:

a) sufixação – prefixação – parassíntese

b) sufixação – derivação regressiva – prefixação

c) composição por aglutinação – prefixação – sufixação

d) parassíntese – derivação regressiva – prefixação

e) parassíntese – derivação imprópria – parassíntese

A resposta correta é a letra d).

esquartejar (parassíntese)
desculpa (derivação regressiva)
irreconhecível (prefixação)

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